Escolhinha

Amanhecendo mais um dia, desta vez havia uma missão para fazer. Segundo a mensagem da vila, constava no endereço que o trabalho do Genin era ajudar uma mãe a cuidar de seus três filhos até o horário do almoço, um imprevisto fez com que ela ficasse em casa sozinha com todas as crianças.

Nunca havia cuidado de uma criança antes, e sequer se sentia pronto para isso. Contudo, tratava-se de uma família rica e com muitos recursos, o ninja aceitou a missão tendo a ciência de que não seria tão difícil, crente que seriam crianças educadas.

Comparecendo no local da missão, eram sete horas da manhã. O mais velho já estava acordando, ele tinha douze anos.

— Mãe, quem é ele? — Com a cara fechada, o garoto estranhou a visita assim que saiu do quarto.
— Veio para ajudar com você e seus irmãos, eu sou uma só para tudo, e você não só deixa de fazer sua parte como também não me ajuda com o Lian e a Zoe — A mãe levantou bem o nariz para o filho.
— Não preciso disso — Voltou para o quarto e bateu com a porta.

A mãe ficou com muita vergonha do que havia acabado de acontecer. Ela estava tendo muitas dificuldades com o seu filho, e ainda por cima tinham outros menores, sendo um bebê. Até então a missão estava tranquila, era apenas o mais velho que estava acordado.

Durante alguns minutos, a mãe deixou Yonkai a par da situação. Contou que filha do meio era um pouco mais calma, e o neném em breve acordaria e iria apenas precisar da mamadeira pronta e depois voltar a dormir. Pediu ao ninja que tentasse conversar com o seu filho mais velho, Varys, e ajudasse ele na lição que, na noite anterior, ele havia dito que estava impossível e era para hoje.

Indo até o quarto, bateu na porta. Varys abriu e perguntou o que queria, com uma expressão totalmente fechada.

— Não ligue para a sua mãe, elas são assim mesmo. A minha também faz isso, eu aprendi a não ligar quando vi as dos meus amigos — Acalmava o garoto, e tentava deixa-lo confortável para que pudesse entrar.
— Sim, tudo bem. Mas por que você está aqui? — Questionava. Havia percebido que Yonkai estava tentando se aproximar, mas não sabia o porquê.
— Ela disse que você tem dificuldades na academia, me pediu que ajudasse — Explicava, com tom de voz satisfatório.
— Veja. Se puder me ajudar, seria muito legal da sua parte — Pegava o caderno em cima da escrivaninha e mostrava.

Eram exercícios sobre equação. Yonkai entrou no quarto e leu as instruções passo a passo e, já havia visto antes, além de ser um pouco mais velho e experiente, não era muito difícil explicar. Para garantir, havia feito um dos exercícios e garantido a resposta, que estava correta. Seguiu com a explicação de como fazer aquilo.

— Preste atenção, Varys. Você vai começar agrupando os números acompanhados da variável "x" em um lado da igualdade, e os desacompanhados no outro, sempre trocando o sinal. Em seguida, resolver todas as operações uma a uma, fazendo primeiro raízes e potências, depois multiplicações e divisões, e por último somas e subtrações — Havia explicado enquanto demonstrava cada um dos passos.
— Calma, eu farei isso aqui — O aluno foi fazendo os mesmos passos em outro exercício, um a um, o Genin acompanhava e estavam todos corretos.
— Chegamos em uma equação mais fácil de se ver, o seu é 2x = 4 e o meu é x = 3. O meu já está incluído, o valor da variável está pronto. No seu, agora é só isolar o X e passar para o outro lado com o outro sinal.
— No caso, o inverso de multiplicação é a divisão, certo? — Concluía o exercício explicando o porquê de, no papel, arrastar uma seta transformando a equação em x = 4/2
— Isso. Agora é só resolver a fração e você achou o resultado — Com um sorriso, dava a questão como certa, segundo o gabarito.

Varys ficou muito feliz. Havia aprendido com Yonkai a fazer uma equação. O Genin saiu do quarto para conversar com a mãe sobre o progresso, enquanto o menino ficou lá, resolvendo mais exercícios, todos corretos.

O pai das crianças havia chegado. Acabou chegando mais cedo do que o previsto, e já não precisavam mais do Yonkai.

— Jovem Genin, agradeço por você ter ajudado com a lição do meu filho mais velho — A mãe agradecia, enquanto ninava o seu bebê após dar a mamadeira.
— Não foi muito difícil, acho que ele só estava assustado com a matemática, é normal — Se sentia um pouco nostálgico, também tinha passado por isso na academia.
— Bem, você está dispensado. Meu marido chegou mais cedo, não preciso mais de ajuda. Aqui está sua aprovação — Apontava para o cartão da missão com a assinatura e uma boa avaliação.
— Obrigado. Estou indo — Pegava o cartão e saía pela porta da frente.

Era uma missão concluída. De babá, acabou passando para professor particular. Partia de volta para casa aliviado.



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Proteja o refém, o resto é detalhe.

Foi logo enquanto escovava os dentes que chegou a mensagem, havia mais uma missão em caráter de urgência. Precisava ir urgente ao gabinete para receber os detalhes. Com muita pressa, Yonkai se preparou e devidamente se equipou para qualquer eventualidade.

Ao receber o cartão, lá estavam os detalhes. O pedido era da polícia, e tudo precisava ser feito o mais rápido possível. Foi então que Yonkai, enquanto chegava na delegacia, já estava com a equipe a espera. O que aconteceu foi que houve um sequestro relâmpago, o refém estava sob posse de quatro bandidos e precisava ser resgatado em segurança.

No caminho, Yonkai foi informado pelos agentes da polícia sobre o caso, as leis que seriam aplicadas e a punição dos criminosos, e é claro, o porquê do convite: Não era possível agir com agressão e atacar os bandidos, pois eles tinham o refém cuja segurança era a prioridade máxima, então era necessário negociar com os bandidos pela vida daquele homem.

Nervoso, porém indo em frente ao objetivo. Era uma missão muito importante e não admitia falhas.

Tempo se passou, e o pequeno esquadrão chegou. Um dos bandidos imobilizou o civil enquanto um dos bandidos gastava seu dinheiro, os outros dois faziam a guarda da quadrilha. A polícia se dividiu e cercou a todos, separados.

— Eu espero que você seja exatamente o que prometeu a elite — Disse um dos policiais, nervoso quanto a operação.
— Eu também espero. Eles gostam de me dar missões relacionadas a barganha, mas essa me surpreendeu de verdade — Yonkai se posicionava, em sua inexperiência e intuição, tirava os olhos do policial e encarava o criminoso.

— Um ninja? O que é isto? Não está nos planos! — Disse o bandido que segurava o refém, ao ver uma bandana da aldeia.
— Eu não vim aqui para lutar, eu sou um negociador — Yonkai aproximou-se com as mãos para o alto.
— E o que você tem e quer exatamente? — Questionou o criminoso.
— A vida do refém em segurança. Estou aqui para discutir sobre o que daremos em troca — Yonkai respondeu, era visível a empatia pelo refém que estava sendo imobilizado.
— Todos os policiais deverão, desarmados, sair de perto dos equipamentos e nos deixar fugir — Outro bandido falou do alto, após avistar que não havia nenhum outro esquadrão da polícia
Durante a conversa, o jovem genin conseguiu visualizar um ninja com o uniforme de Chunnin. Ele claramente veio para auxiliar na captura.
— Tsc, mas é claro que nã ... — O policial respondeu, porém interrompido por Yonkai.
— Está bem — Yonkai concordou.
— Como assim está bem? Temos que capturar os quatro elementos.
— Eu disse que está bem. Minha missão é proteger o refém, e deixaremos fugir se necessário — Yonkai respondia com um olhar tranquilo. Isso porque ele tinha visto que haviam figuras diferentes a espreita.

Conversa vai, conversa vem, os bandidos estavam exaltados. No primeiro descuido, uma kunai apareceu e derrubou aquele bandido que segurava o refém, e em seguida o ninja apareceu e carregou o homem para longe.

— Sinal verde, polícia militar — O ninja apareceu atrás dos policiais com o refém em segurança. Era a hora de atacar.

A polícia, sem dó, avançou para cima dos bandidos e os atacou com destemor, capturou com a mentalidade de que todos os bandidos seriam presos ou mortos. Yonkai olhou horrorizado para aquilo, era uma crueldade descomunal, porém típica da ditadura.

— Não fique assim, Genin. Esse é o país que vivemos, e você nem viu o ninja — Disse o refém.
— Apenas vamos voltar para o gabinete. Sua missão era, na verdade, atuar em segredo para capturar aquele ali — Apontou para um dos bandidos.
— Como assim? — Yonkai não havai entendido o que ele queria dizer, parecia que na verdade essa negociação era só um pretexto.
— Aquele é um criminoso de alto rank, considerando que não é um ninja. Eu vim aqui para garantir a captura dele, a sua missão era, na verdade, me ajudar em segredo. Era uma emergência, então apenas pedi um Genin bom de conversa para ganhar uma oportunidade de fazer sem matar o refém.

Conversa se passou. Yonkai havia entendido que sua missão nunca foi negociar, e sim ganhar tempo. O mundo era cruel e o país da água não era diferente, e foi esse o fim daquele criminoso: uma tentativa mal executada de sequestro.

Recebendo o pagamento no gabinete do Mizukage, o jovem ninja estava surpreso com muitas coisas, principalmente a incompetência da polícia de resgatar refém. Isso não era problema do jovem, apesar. Vida que segue.

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Culpa, desgraça.

[Tarde]

Após uma conversa sobre Genjutsus com o pai, Yonkai dirigiu-se direto para o local onde iria para mais uma missão. Hoje era um dia cansativo, diferente do anterior. O gabinete selecionou-o para duas missões, certos de que ele seria capaz de dar conta das duas.

— Você não precisava ter saído correndo daquele jeito, mocinho — Uma voz  super familiar vinha de trás.
— Eu não queria perder a hora, vim o mais rápido possível — Um grande susto, era o pai que iria gerenciar essa missão.
— Anda, toma, coma isso antes que sua missão comece — Entrega para o filho um pacote com biscoitos, pois ele havia saído de casa as pressas sem comer.
— Obrigado. Eu estou mesmo com fome — O Genin aceitou o lanche e já começou a comer.
— Sabe, eu fiz um pedido especial para que você fosse escalado para essa missão, nesse lugar, irei te contar algo que você já deveria saber — O pai vira de costas e contempla a biblioteca.
— Então, o senhor será o meu chefe? — Comia lentamente um biscoito, e encarava esperando a resposta. Não era uma idéia ruim, porém diferente.
— Sim. Me siga — Entrava no estabelecimento e caminhava em direção ao local onde a missão aconteceria.

Os dois passaram por vários setores e prateleiras, até chegar em uma sala onde estava aquela estante com contúdos sobre a guerra entre as três grandes nações.

— Nossa missão é apenas desempoeirar tudo o que tem nessa sala — Falava, apontando para o objetivo, estando inclusa aquela sobre o conflito.
— O que o senhor queria me dizer? — Questionava, enquanto pegava um espanador e começava a limpar os pergaminhos, um a um e colocando-os sob a mesa na ordem que eles estavam na estante.
— Como você sabe, é um descendente da nuvem. Vinte anos atrás começou uma guerra que terminou há dez anos, você era uma criança, lembra disso? — Conversava com o filho, enquanto fazia o mesmo serviço em outra prateleira.
— Nunca irei esquecer. Nós perdemos tudo — Lembrava da triste desgraça onde havia correria para todos os cantos.
— O que aconteceu naquela vez foi que a aldeia da nuvem queria a posse do país do redemoinho, território do país da água. Aquele pequeno país não existe mais, e o país das ondas sofreu danos severos na guerra. A grande maioria dos habitantes da nossa nação são sobreviventes da guerra, é por isso que eles nos odeiam tanto — Enquanto narrava uma antiga história ao filho, seguia a limpeza. Uma expressão triste tomava conta, sabia o quanto era difícil para o filho escutar isso assim, do nada.
— Meu deus ... Mas não fizemos nada, não é justo com a gente — Segurava o espanador com força, respondia com um nervosismo que transparecia nos olhos arregalados e voz acentuada.
— Eu sei que não fizemos. Estou te contando porque os ninjas são ensinados a odiar a aldeia da nuvem, um dia teremos que fazer a verdadeira justiça ao país do raio — Aumentava um pouco a voz.
— Por favor, não me diga mais nada. Quando acabarmos a missão, eu ficarei por aqui e me informarei pela leitura.
— Tudo bem, eu entendo seus sentimentos — O pai terminava mais um pergaminho e abraçava o filho enquanto falava. Estava triste em vê-lo daquele jeito.

Os dois passaram horas em silêncio. Ao fim da tarde, a sala estava limpa, e o pai encerrou a missão, foi embora em seguida.

Abalado, Yonkai começou a ler os artigos vermelhos, mais resumidos. Descobriu então aquilo que durante a infância não foi ensinado, a origem do preconceito que sofria foi exatamente o que disse o pai: a aldeia da nuvem acabou com um pequeno país que queria conquistar, e na tentativa, transformou a névoa em um campo de batalha. O Genin foi para arrasado, com o coração batendo forte, incapaz de continuar a leitura.

— Yonkai ... — O pai viu o filho correndo para o quarto. Instintivamente, foi agrada-lo.
— Deixe-o. Ele está em choque agora, mas é maior que isso — A mãe segurou o braço, também estava chateada, mas sabia que apenas um pouco de tempo resolveria o problema.


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Viagem ao espaço

Dia se passaram onde não haviam missões para fazer, estes aparentemente chegaram ao fim. Missões rank D voltaram a surgir. Yonkai, recebendo um escalamento, leu com cara emburrada achando que seria uma missão de faxina novamente e, para uma boa surpresa, seu semblante melhorou ao ver que era uma tarefa interessante.

O local da missão era a academia ninja, a missão era auxiliar um sensei a montar uma exposição sobre o espaço sideral, para fornecer aos alunos conhecimentos básicos sobre astronomia que poderiam ser útil nas missões. Era uma aula interessante, o jovem ninja gostou muito quando assistiu esse conteúdo durante sua etapa anos atrás.

Chegando no local onde haveria a feira, o professor e outros genins ajudantes já estavam esperando com todas as coisas que precisavam ser montadas em um raio de três horas até que os alunos e famílias chegassem para visitar. Isso porque aquele local foi usado no dia anterior e por isso não pode ser feito com antecedência.

Ao começo, todo o espaço foi coberto forrado com um tecido preto para representar o espaço sideral, e pequenos enfeites brancos para sinalizar estrelas que eram irrelevantes aos conhecimentos que seriam repassados, mas que foram inseridos mesmo assim por motivos decorativos e para representar a realidade de que existem centenas de milhares de estrelas que não conhecemos, ainda que as vejamos. Yonkai colaborou com a montagem do cenário organizando a eclíptica terrestre. Foi muito prazeroso para o ninja rever esse conteúdo enquanto forneceu a mão de obra para que ele fosse ensinado.

Tratava-se de montar a terra e as constelações ao redor da mesma e as treze constelações que são facilmente visíveis pelo homem: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Serpentário, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes. As constelações foram todas organizadas em volta do globo terrestre em um círculo onde cada uma era posicionada, nesta ordem, marcando cada 30º da circunferência. Exceto a serpentário, que foi encaixada entre escorpião e sagitário, um pouco mais distante do planeta Terra. Essa constelação ficou isolada por ter sido a última a ser descoberta, e durante décadas a astronomia clássica sequer a reconhecia.

Ao término da montagem, Yonkai aproveitou para assistir a aula que foi dada logo em seguida, já que a exposição era aberta para qualquer um que se interessasse. Foi interessante ler um pouco da história do mundo sobre as diferentes crenças já desenvolvidas na humanidade sobre a Eclíptica. Além de, claro, um dos conhecimentos mais úteis para os ninjas sobre o que você pode afirmar ao olhar para o céu a noite e visualizar uma das constelações.

Ao final de assistir a exposição, voltava para casa pensativo. Atualmente você muitos recursos modernos para se guiar ao mundo, mas, houve uma época em que as constelações funcionavam como um mapa natural para viajantes, principalmente marítimos. Um conhecimento que perdeu sua necessidade cotidiana, mas que vale a pena ter.


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Saudação ao demônio

Por motivos de uma pessoa ter pego um livro sobre história na biblioteca, ter feito um péssimo uso e danificado algumas páginas do livro, aquele ficou inutilizável. Nesses casos, no cliente pode comprar outro livro, pagar a multa ou fazer o que ele fez: solicitar restauração. Yonkai recebeu então a missão de reescrever as páginas danificadas e substituí-las pelas novas. Aceitou a missão e foi até a biblioteca em uma sala reservada para este trabalho.

Um livro clássico sobre história do mundo ninja, o conteúdo danificado que precisava ser reescrito era sobre a deposição do antigo Mizukage, e a ascensão de Zetsubō Hoshigaki. Sentado em uma cadeira, sob a luz de um abajur, lia o conteúdo daquele livro e reescrevia em uma página nova.

Apesar de ter se preparado várias vezes para esse tipo de situação, nunca se acostumava com o terror que era conviver com esta realidade. A aldeia da névoa vive uma ditadura, onde as pessoas não tem acesso a toda informação, e isso é grave. Criado sob o ponto de vista de seus pais, Yonkai tem uma linha de pensamento muito diferente do que é passado da elite para o povo. Nunca poderia aceitar aquele "morte desconhecida" como razão de morte, sendo que claramente aquilo foi um golpe sem dar chances de resistência. No fundo, o Genin tem fé de que a população sabe da verdade, mas nunca teve a coragem de se rebelar contra o atual governo para não ter o mesmo fim do antigo Mizukage.

Em um ataque de fúria, Yonkai amassou a folha de papel que estava escrevendo e rosnou em ódio. Estar sozinho sem a necessidade de fingir tudo bem foi uma libertação, a maior parte das vezes que falou sobre isso, foi fingindo que simpatiza com o novo governo. Retomada a calma, Yonkai voltou a escrever sobre a transição do governo e as supostas melhorias, além de repassar aos próximos leitores a visão nacionalista daquele livro de que o governo Hoshigaki é necessário para a prosperação da aldeia.

Nunca havia lido um livro sobre a história da vila a não ser na academia. Aqueles livros didáticos eram menos informativos do que esse, que era dedicado às pessoas que buscam saber profundamente sobre a aldeia. Haviam supostos fatos que Yonkai sequer sabia que eram mentidos para a população.

— Um dia nós tiraremos você daí, e você vai pagar por tudo o que fez — Aproveitando de que a sala era isolada e ninguém escutava, Yonkai murmurava ao fechar o livro com as novas páginas devidamente grampeadas. Tal frase foi dita em uma expressão de raiva, encarando a foto do atual Mizukage que é posta ao final do livro como símbolo de respeito ao herói da nação.

Cumprida a missão, o ninja informou o sucesso e colocou o livro no lugar, já em uma expressão mais calma. Retirou-se do lugar e foi tomar um ar antes de voltar a viver seu dia, não deixaria que fosse estragado por apenas aquilo.

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Pânico e desespero.

Claire Park é uma médica que reside no país das ondas, não sendo necessariamente dentro de Kirigakure. Atuando como clínica e não sendo uma ninja, ela conquistou uma posição no hospital principal e por isso mudou-se para a vila. Contudo, sua nova casa não fica perto da sala onde ela alugou para instalar seu antigo consultório, e esta tem espaço suficiente para ela e seus equipamentos. Ela contratou um ninja para auxiliar no transporte de seus equipamentos mais urgentes até sua nova casa, para começar a trabalhar desde já.

Carroças são um excelente meio de transporte para bagagens, usando a força e resistência de um cavalo. Amiga de Joanne, uma antiga contratante de Yonkai, recebeu as carroças e os cavalos para seu uso, sem ceder a mão de obra a qual era preciso de um empregado para executa-la.

Yonkai recebeu a simples missão de transportar equipamentos de uma sala que seria desocupada até uma residência de grande porte alocada no centro da vila. Ao local da missão, cumprimentou Claire e recebeu os esclarecimentos quanto à sua carroça, o que deveria transportar e qual era o cavalo.

— Eu acho que já te conheço. Você lembra de mim? — O Garoto acariciou a cabeça do cavalo, ele estava presente na outra vez que precisou fazer uma missão.

Um cavalo simpático e ao mesmo tempo de grande porte, no auge de sua jornada de trabalho, por ser jovem e forte. Zeus puxou a carroça após os pertences de Claire serem guardados sob a carroça, enquanto um Genin montava nele e o guiava através deu uma corda que passava por sua boca e tinha suas duas pontas uma a cada mão do rapaz. A mesma estava puxando uma outra carroça logo a frente.

Fazia muito tempo que Yonkai não conduzia um cavalo, aliás, ele só havia feito isso uma única vez na vida. Ele havia entendido que o cavalo obedeceria cegamente todos os comandos que recebesse, e de forma intuitiva, puxava-o para a direita ou para a esquerda na conformidade que o caminho pedia, seguindo a patroa que sabia com perfeição o trajeto.

Contudo, houve um problema. Um assalto em plena luz do dia no vilarejo da névoa, um grupo de criminosos insanos que certamente seriam capturados pela polícia logo a frente, tal ato poderia ser visto como um atentado contra a própria liberdade. Totalmente contra o protocolo que os civis devem seguir neste tipo de caso, Claire entrou em pânico, pois na antiga região onde morava o policiamento não era tão eficiente quanto dentro da vila. Ela conduziu o seu cavalo em emergência para uma curva totalmente brusca, e chutou o seu corpo para que corresse o quanto antes.

— Yonkai, rápido, por aqui! — Ela o convocou ao fazer uma perigosa curva com sua carroça.
— Claire, fique cal- — O Rapaz estava mais tranquilo, ele sabia o que fazer neste tipo de situação. Porém não sabia lidar com o pânico de sua patroa, e isso o deixou nervoso.

Absorvendo um pouco da energia caótica ao redor, o garoto fez a mesma virada imprudente que a patroa em alta velocidade, obtida ao dar um leve chute no corpo de Zeus. Em sua imprudência, todos os pertences carregados na carroça começaram a balançar e poderia a qualquer momento despencar ao chão, fazendo com que a missão fosse um fracasso. O Garoto sacou o seu fio de aço e pulou do cavalo para o lado direito do veículo, e em seguida usou o Shunshin no Jutsu para cintilar ao lado esquerdo, estando assim puxando toda a bagagem para o lado oposto ao qual ela ia cair, o fez enquanto corria em frente na direção do cavalo.

Por sorte, Zeus continuou seguindo em frente em linha reta pela rua, e a bagagem foi recolocada no lugar. Usando novamente do Shunshin no Jutsu, o rapaz voltou para cima do cavalo. Começou a entrar em pânico por conta do desespero do animal.

— PUXE AS DUAS CORDAS O MAIS FORTE POSSÍVEL. — Claire gritou alguns passos atrás.

Tão desesperado estava Zeus por conta do comando que recebera, que havia passado o outro cavalo. Yonkai escutou as ordens e puxou sua montaria para trás com as cordas, fazendo-o abaixar gradativamente a velocidade até zero. Bem longe do perigo daquele assalto, ele abaixou e acariciou o cavalo, que ainda estava nervoso por conta do ocorrido.

Claire estava um pouco constrangida. Com o calor do momento tendo chegado ao fim, ela percebeu que o erro foi dela em provocar toda aquela situação. O Genin guardou de volta o seu fio de aço enquanto tranquilizava a situação com palavras confortáveis, e acariciou o cavalo antes de arrumar a bagagem perfeitamente no seu lugar e dar partida novamente.

Após o incidente, os dois partiram em direção ao seu destino que já não era muito distante, dando por fim a missão logo após arrumar a salinha onde todo o equipamento médico seria organizado e Claire poderia atender clinicamente seus pacientes desde já.



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A vida mantém a vida.


Aquela mesma pessoa que antes contratara Yonkai para cuidar de suas vegetações, novamente precisou de serviços de Genin. As vegetações que muitas vezes possuem propriedades medicinais eram usadas em alta escala em tempos de guerra, e por isso precisavam do dobro de manutenção nas estufas onde eram produzidas em abundância, caso contrário a vila poderia sofrer com falta de materiais para uso médico. Muita mão de obra é necessária para que em hipótese alguma a vila fique necessitada de um material tão importante, para proteger pessoas contra malefícios biológicos.

Yonkai foi convocado para a missão sob a tutela de Stefani Germanotta, aquela a quem ele já havia prestado missão antes. Junto com outros genins, eles foram divididos em setores e cada um tinha uma responsabilidade na estufa.

Naquele tempo de guerra onde haviam muitos ninjas da vila feridos ao retornar de suas missões, era muito comum que aparecessem pessoas com problemas graves de inflamação em ferimentos que foram mal cuidados durante a missão. Por este motivo, uma das plantas que mais precisava ser plantada e cuidada era a "Chapéu-de-couro", com forte papel anti-inflamatório. Todos esses detalhes foram passados ao garoto antes de receber a tarefa de cuidar desse setor, o que despertou toda a sua curiosidade de aprendizado e vontade de fazer bem um bom serviço para satisfazer toda a utilidade em fins medicinais.

Mãos a obra, naquele setor haviam plantas facilmente distinguíveis como adultas, era necessário extrair suas sementes. Elas possuem um comprimento de até 2m e 60cm de largura. É preciso coletar sementes de boa qualidade e planta-las, de forma tradicional à maioria das plantas. Ela não precisa de qualquer adubação além de seu solo, ao qual a estufa conseguia reproduzir com perfeição. Seu espaçamento de 50/70 centímetros entre as outras eram necessário para evitar que interferissem no crescimento das plantas vizinhas e da própria. Tais passos foram rigorosamente cumpridos.

Uma outra planta ao qual o rapaz foi encarregado de cuidar foi da Aroreira, aquela a qual também atua como anti-inflamatório, e também possui proriedades cicatrizantes para estimular a regeneração. Seu plantio é exposto em forte luz do sol, é notório que o seu setor de estufa possui uma iluminação interna, protegido por um vidro para manter luz ao seu interior, tornando menor o custo em energia. Seu plantio também era simples, bastava colocar a semente em um espaço relativamente pequeno de distância uma da outra, e rega-lo todos os dias durante dois meses. O Rapaz plantou novas sementes onde haviam sido colhidas ao começo do dia e regou as novas sementes, assim como brotos e todas as demais.

Foram aproximadamente duas horas de trabalho em toda a estufa para manter toda aquela produção em ordem. Stefani fez pessoalmente a supervisão daquele setor, guiou Yonkai e os demais Genins que estavam fazendo o trabalho tão importante de manter o plantio em perfeita ordem e abastecer a vila. Um trabalho tão difícil acabou por tornar-se fácil, visto que os contratados apenas seguiram as ordens da patroa fielmente, sem precisar saber o que estavam a fazer.

Em finalização da missão, contemplou sua experiência com plantações medicinais. Aprendeu sobre como funcionam as estufas, que é conveniente escolher plantas de alta produtividade para, sem muita dificuldade, explora-las. No setor medicinal, as plantas de caráter anti-inflamatórios são as mais usadas, pois atuam em doenças que podem aparecer após missões que não tiveram cuidado médico durante seu processo. Mais importante que isto, sob os habitats onde as mais fáceis ervas medicinais anti-inflamatórias se encontram, tal conhecimento poderia ser muito útil em missões.


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Um senhor carente.


O Hospital principal da aldeia, uma instituição tão importante que zela pelas vidas de todo cidadão da vila, seja ele ninja ou não. Contudo, nada garante que as próprias pessoas cooperam com a instituição para a sua proteção. Yonkai recebeu a missão de fazer com que um senhor desobediente fique em repouso, pois ele anda circulando pelos corredores e praças do hospital. Sua doença é extremamente problemática e ele não pode ficar fora da cama, exceto se acompanhando por enfermeiros.

Dirigindo-se até o hospital para esta missão, o genin não estava nada satisfeito com a ordem que havia recebido. Uma pessoa extremamente sem noção fica desobedecendo instruções para o próprio bem e os outros que devem ter o trabalho de mantê-la na linha, isso é algo irritante para Yonkai.

Chegando ao hospital, a secretária deu o endereço do quarto onde o senhor é hospitalizado. Yonkai precisava ir até lá e lidar com a situação. Chegando ao quarto, houve o problema de que o senhor não estava lá. Um segurança do corredor disse que o viu desobedecer sua instrução como de costume, seguindo em direção ao bosque.

Antes de simplesmente sair em busca do idoso, Yonkai adentrou até o quarto em busca de saber sobre ele. Não podia simplesmente procura-lo sabendo apenas o seu nome. Omar Been é um senhor de 78 anos de idade, pele branca, cabelos brancos, olhos verdes, 82kg e 1,73m de altura. Estas eram as informações na sua ficha hospitalar. Visto que as roupas hospitalares não estavam em lugar algum no quarto, deduz-se que ele vestia o padrão do hospital.

Com dita a lição de sua missão anterior, investigou e reuniu o máximo possível de informações sobre Omar antes de ir pelo hospital em busca dele. Exatamente como apontou o segurança, o Genin foi a busca do paciente em uma área do hospital de lazer, um bosque onde costumam sentar as famílias enquanto revezam o horário de visita de um familiar.

Ao chegar até o bosque, contudo, aquela descrição de Omar não estava presente em nenhuma das pessoas circulando pela praça. Continuando pela busca pelo homem, Yonkai foi até uma mulher que estava sozinha pedir informações, ela afirmou que um senhor naquele perfil perguntou onde havia uma lanchonete, porém ela mesma não sabia desta informação e por isso não pôde ajudar nenhum dos dois. Agradecendo a ela, Yonkai retirou-se para raciocinar ao que faria.

Nesta situação, apenas reunir as informações que tinha não era suficiente. Era preciso de avaliar tudo ao redor e organizar-se a fim de buscar cada vez novas pistas. Concentrando-se em cada local que passou para avaliar se não havia visto alguma lanchonete, não havia nada, porém havia sentido um forte cheiro de salgadinhos. Indo até o local onde passara dez minutos antes, Yonkai encontrou uma lanchonete, e avaliando bem cada uma das pessoas, lá estava o perfil procurado.

O Genin parou aquele homem cujas descrições pareciam muito com a do paciente fichado no quarto. De fato era ele. Após uma longa conversa, Yonkai conseguiu faze-lo voltar ao seu quarto após o lanche.

O senhor havia dito que era muito chato ficar dentro daquele quarto sozinho, pois não recebia a visita dos filhos. Em seu instinto humano, o rapaz passou um tempo conversando com o Omar a fim de tentar ajuda-lo, e havia encontrado algo perfeito. Mais tardar, o genin foi até lá e levou um livro que estava guardado em sua casa sobre ficção, parecia que ele iria gostar segundo a conversa dos dois. Yonkai continuou visitando-o casualmente para mantê-lo dentro de seu quarto, satisfazendo sua carência.

Apesar de triste, Yonkai cumpriu sua missão. Ele prometeu ao homem que o visitaria em sua casa a qualquer dia que ele tivesse alta.


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