風のように自由

Kazenoyōni jiyū

Primavera de 1242
Em algum lugar, Kirigakure no Sato

Espaço reservado para as narrações de uma RPFB, ou seja, uma narrativa no passado estritamente fechada. A postagem de terceiros só será aprovada em caso de avaliadores.

Kazenoyōni jiyū pode ser traduzido livremente para "Livre como o vento";

A garota estava parada, escorada contra uma das árvores na colina enquanto observava  não muito longe de si um pequeno grupo de crianças. Podia notar que corriam de um lado para o outro, dando risadas e mais risadas. A felicidade alheia era sólida o suficiente para alcançá-la e lhe arrancar um breve suspiro seguido de um sorriso — “Queria ter vivido assim…”

De fato, a vida de Naoko havia se transformado completamente. Em pouco tempo completaria dois anos desde que seu pai havia desaparecido apenas deixando para trás uma carta de despedida sem muita lógica. Nesse período a garotinha tivera que crescer, fora obrigada a se virar e seguir sua jornada sozinha. De todo esse caos, não era o abandono em si que lhe incomodava, mas sim a sensação de ter sido preparada para aquilo durante toda sua vida e ser a última a saber. Infelizmente, enquanto não encontrasse  – E se encontrasse – Hirotaka, essa era a única opção enraizada em seu ser e a morena dificilmente o perdoaria por ter lhe tirado parte da infância.

Engolindo o nó que se formava em sua garganta, a menina mandou embora o sentimento de raiva que começava a florir em si mesma assim como as memórias de seu pai. Ela não podia perder seu tempo com o passado e tão pouco se lamentar, precisava continuar seguindo em frente dando o seu melhor. Sua mente precisava focar no motivo que levara a mesma até ali: Evoluir para enfim  conseguir se formar, afinal de contas, a vida de kunoichi era a única coisa que lhe sobrava e continuar presa na academia ninja por não se achar boa o suficiente já não era uma opção.

Naoko respirou fundo deixando que os pulmões se invadissem pelo ar enquanto dava as costas para a visão das crianças  colocando-se a encarar a floresta. Naquele momento, o que faria seria simples, tentaria se movimentar de forma ágil sobre as árvores… Bom, ao menos ao processar a ideia em sua cabeça parecia algo relativamente fácil, restaria comprovar com um pouco de prática.
Com o tempo havia aprendido que não bastava apenas correr, pular e se jogar por aí, no primeiro momento o corpo responderia ao comando sem qualquer dificuldade ou esforço, porém em pouco tempo as consequências da falta de preparo seriam sentidas, fosse pela diminuição do ritmo, um desconforto ou coisas do tipo. Tendo isso fixado em sua mente, a garotinha se alongou. Primeiro os braços, levando os mesmo ao céu – Como se estivesse se espreguiçando – mantendo os mesmo esticados ali durante a breve contagem. Em seguida, as pernas e os pés para que o impacto sentido em seus membros inferiores fossem recebidos de uma melhor forma — “Tudo bem, já podemos começar.”

O primeiro passo era alcançar a parte mais alta das árvores, considerando que se exercitar naquela altura tornaria tudo mais interessante e mais próprio da movimentação de um ninja em ação, afinal de contas, era importante se manter o mais furtivo possível em inúmeras situações naquele estilo de vida. Naoko respirou fundo, ergueu os olhos e visualizou onde desejava chegar. —"Talvez eu possa tentar escalar.” —  Os lábios se apertaram enquanto concluía que aquela ideia não era a viável para aquele momento. Mais uma vez a menina respirou fundo tentando buscar em sua memória táticas que outrora havia aprendido.
Escalar como costumava fazer na árvore de seu quintal de fato não era possível uma vez que as ali presentes tinham o dobro de altura. Alguns minutos se passaram até que enfim conseguira alcançar uma solução: Usaria de um jutsu.

Havia aprendido sobre Kinobori Shūgyō na academia, usou dele algumas vezes durante as aulas práticas, mas nunca fora o suficiente para alcançar uma altura considerável nas superfícies verticais e tão pouco para se manter presa durante um período longo. Aquele momento seria ótimo para poder aperfeiçoar aquela habilidade tão trivial.

A primeira coisa que deveria fazer era sentir e conhecer seu próprio fluxo de chakra e assim tentar direcioná-lo até a sola dos pés na intensidade ideal para que conseguisse andar sobre a casca da árvore. Naoko então fechou seus olhos, permaneceu em silêncio e por um momento tentou se desconectar de tudo à sua volta. Sutilmente começava a sentir a vibração do seu próprio corpo, se concentrado um pouco mais, a vibração se intensificava e se dividia em duas frequências diferentes. Tentando visualizar mentalmente como funcionava o fluxo de chakra a partir do que havia aprendido na academia, Naoko imaginou o mesmo fluido pelo seu corpo correndo pelos pontos de tenketsu e então, quando finalmente aceitara que estava sincronizada em seu sentido e visualização, tentara guia seu chakra até a planta dos pés. A vibração começava a se intensificar naquela parte em específico, dando sinal de que estava no caminho certo.
Enfim a menina abrira os olhos. Teria que manter aquela concentração de chakra enquanto também se focava em suas ações dali em frente. Sem perder muito tempo, a menina resolveu finalmente tentar. Respirou fundo e levou o pé direito até a superfície da árvore. — “Vamos, vamos…”

Considerações:

Aquilo que Naoko tentava fazer era uma ação relativamente fácil e corriqueira para um ninja já atuante, porém para uma menina que ainda se dedicava a academia, era um obstáculo e tanto acertar com precisão o uso do Kinobori. Um deslize e poderia cair com tudo no chão ou até mesmo ser jogada pra longe, porém por maior que fosse o desapontamento para a garota, caso não conseguisse, continuaria tentando e não avançaria em sua atividade até passar por aquilo.

Quando finalmente se sentiu verdadeiramente confiante e percebeu que seu pé direito já estava fixo sobre a casca da árvore, a menina precisara dar um voto de confiança em si mesma, sem medo de errar. Enquanto controlava a respiração o máximo que podia, lançou seu pé esquerdo logo à frente do outro. O movimento que fazia tinha de ser rápido, caso contrário, não conseguiria sustentar o peso de seu próprio corpo ereto na vertical. Um pé na frente do outro… Um, dois, três, quatro passos rápido. Faltava pouco para que a garotinha alcançasse o galho alto de espessura suficiente para suportar seu peso até que o inevitável aconteceu. Naoko perdera a concentração ao ficar eufórica e por consequência disso o fluxo de chakra que a mantinha presa na árvore se perdeu fazendo com que a menina caísse a uma altura de aproximadamente dois metros.

A morena sentira o choque do chão contra suas costas ao alcançar o solo. O impacto fizera com que a mesma permanecesse naquela posição, olhando para o céu por alguns minutos enquanto tomava fôlego novamente. — “Mas que porcaria, não consigo fazer uma coisa simples como controlar meu chakra! Como que vou me tornar uma ninja desse jeito?” — Uma careta de reprovação surgira no rosto da mesma enquanto se reprovava mentalmente. Ela já esperava se frustrar, mas não que fosse acontecer tão perto do seu objetivo.
Balançando a cabeça na intenção de afastar a negatividade, Naoko voltara a ficar de pé, batendo as mãos sobre a roupa tentando se livrar um pouco da poeira que se prendera ao tecido com a queda. Diferente da primeira vez, ela já tinha uma noção de como realizar aquela tarefa, sabia onde havia errado e com isso poderia ao menos tentar corrigir. Mais uma vez a garota se concentrou, transformou a respiração em sua aliada e então mentalizou o fluxo na planta dos pés novamente. Não perdera tempo, partira até a árvore se forçando contra ela enquanto tentava tomar impulso para forçar o corpo para cima. Mais uma vez havia fracassado.

Naoko seguira tentando por mais algumas vezes, repetindo o que dava certo, dosando as falhas até que finalmente conseguira ficar próxima o suficiente do galho que almejava. Em um movimento rápido, a menina lançou o corpo na direção do mesmo, se agarrando a ele no instante que seu controle de chakra perdido. — Finalmente! — Ela comemorava enquanto tentava se ajeitar na árvore ficando de pé sobre o galho. Inevitavelmente, lançou os olhos para baixo apreciando seu trabalho árduo para alcançar até ali e dando espaço para uma pontada de aflição, afinal de contas, a partir daquele momento, uma queda pode ser muito mais severa. — Muito bem Naoko, vamos lá, vamos seguir com isso logo.

Considerações:

A garota respirou fundo na intenção de estabilizar a respiração novamente. De fato Naoko estava contente em ter finalmente conseguido obter sucesso na primeira parte do seu "treinamento". A Partir dali, as coisas mudariam um pouco de ambiente, porém, seu inimigo continuaria sob seus pés: A altura.
Ela olhou para baixo por alguns instantes analisando os estragos que uma queda daquela poderia lhe causar e definitivamente não era nada encorajador e talvez um tanto humilhante… O que iriam pensar de uma garotinha com ambição de se tornar uma ninja se a mesma fosse parar no hospital por ter caído de uma árvore?! Enquanto uma careta se formava em seu rosto derivado daquele pensamento constrangedor, a menina balançava a cabeça tentando se afastar da ideia e os olhos encaravam o horizonte dentro da mata fechada.

O que devia fazer, assim como fora sua primeira tarefa, era algo relativamente simples, precisava traçar uma rota entre as árvores e se movimentar entre elas focando em movimentos que lhe favorecessem em uma possível perseguição ou simplesmente para uma locomoção rápida, coisa a qual seria constante quando finalmente se tornasse uma ninja de Kirigakure. Seus olhos atentos analisaram a rota em minha reta, aparentemente não tenha muitos empecilhos, as árvores eram mais próximas uma da outras e o espaço entre as copas era relativamente suficiente para que a menina se enfiasse ali, o que precisaria era apenas calcular a distância certa e saltar de uma a outra de forma agil. — Certo, isso eu consigo sem dificuldade…

Finalmente a menina se permitiu soltar as mãos do tronco da árvore que até então lhe servia de apoio ajudando em seu equilíbrio. Mais uma vez confirmou em uma última olhada preocupada em sua rota traçada imaginariamente  e então impulsionou os pés com força sobre o galho em que estava. Não havia muito segredo naquilo, Naoko vinha treinando sua largada em corridas no solo e sabia da importância em ter um movimento inicial digno, afinal de contas, todo o resto que viria dependia daquilo.
E então ela saltou. Para quem estivesse olhando, fora questão de segundos para que a mesma alcançasse seu novo apoio, mas para a garota aqueles segundos haviam se tornado uma eternidade em que conseguia  sentir o vazio debaixo de seus pés. Quando pousou sobre a segunda árvore, um pequeno sorriso tomou os lábios da menina, havia ficado pela segunda vez satisfeita em ter conseguido e dessa vez sem ter errado. Ela precisava continuar, apenas saltar não era o seu objetivo, então sem pensar muito e se focando em fazer seus movimentos de maneira rápida, a garotinha seguiu repetindo o momento anterior por mais alguns bons metros floresta à dentro. A cada nova árvore para qual se deslocava, Naoko tentava se superar fosse em termos de velocidade em que executava, fosse pela forma em que fazia.

Considerações:

Era nítido o empenho que a garotinha vinha fazendo naquela tarefa. A cada salto, a cada aumento de velocidade e a cada pouso que fazia nas árvores era possível sentir sua persistência e vontade de evoluir. Seu ser pedia arduamente por mais enquanto seu pequeno corpo começava a sentir os efeitos de seus atos. Suas pernas começaram a doer, vez e outra os pés ficavam por muito pouco de errar o seu alvo e a queda se tornar o resultado, porém ela não desistia. Por mais um bom tempo Naoko seguiu na mesma atividade incessavelmente até que a densa floresta se acabou e a mesma se deu diante da costa onde os olhos acabaram por ser cegados, afinal de contas, até pouco tempo a menina se encontrava imersa na escuridão da floresta e no minuto seguinte o sol, que estava se pondo refletia nas águas e areia.

Respirando fundo cansada do esforço repetitivo e então optou por abandonar as alturas por um tempo. Sem muita demora, a menina saltou de volta para o chão, aterrissando sobre a areia morna que lhe inundava as sandálias. A brisa da primavera soprou seus cabelos e acariciou seu rosto obrigando que a mesma fechasse os olhos por um momento e aproveitasse daquele carinho mais do que merecido. Aquele lugar, por mais estranho que pudesse ser, estava vazio e para Naoko era algo reconfortante, afinal de contas, apesar de, naquele momento, estar lhe servindo de ponto de descanso, talvez pudesse usar daquela área para continuar seu treinamento.

Mais uma vez os olhos atentos se puseram a trabalhar enquanto a menina se colocava a caminhar pela faixa de areia. Do ponto onde surgira, se deslocou para a direita contando cada passo que dava até que a areia desaparecesse e se encontrasse com a floresta novamente. Havia aprendido aquilo quando ainda mais nova com seu pai e finalmente lhe estava sendo útil para alguma, já que, no final da caminhada e da contagem conseguirá converter o número de passos em metros calculando assim a dimensão daquele lugar todo quando finalmente terminara de repetir a mesma ação na outra direção. —" São quase cento e cinquenta metros…"

Novamente um sorriso tomou os lábios da menina no final da contagem. Aquele lugar era maior do que a menina imaginava e lhe serviria muito bem para o que pretendia fazer. A areia era um terreno totalmente diferente do que ela já estava acostumada, afinal de contas, o atrito sobre o solo não firme era diferente, seus pés corriam o risco de derrapar ou se funda na mesma facilmente além de ser algo extremamente desagrável ter a areia enfiada dentro dos sapatos. Iria aproveitar que havia parado ali para se acostumar com aquele novo terreno.

Sem pensar duas vezes, a menina se desvencilhou das sandálias deixando as mesmas jogadas em um canto onde pode encontrá-las antes de partir. Sentiu novamente o contato com os finos grãos tocarem a sola dos pés e esquentarem sutilmente. O que iria fazer não tinha muito mistério, primeiro seria uma corrida simples até metade da praia para se acostumar com o solo.
Mais uma vez ela disparou. A cada passo que era dado por Naoko fazia com que uma quantidade sutil de areia se erguesse no ar. Os pés tocam o solo e deslizavam vez e outra fazendo com que a mesma perdesse parte do equilíbrio e a rota fosse traçada de maneira torta. Para alguém perfeccionista como a menina, aquilo era um problema.

Considerações:

Cruzar metade da faixa de areia, por mais que de maneira desengonçada inicialmente havia sido relativamente fácil, porém com muitos pontos para se corrigir, principalmente em seu tiro inicial e postura a ser mantida durante a corrida. Para cruzar a outra metade, Naoko tentaria obrigatoriamente melhorar ao menos sua postura e aperfeiçoar a forma que começaria a corrida. A menina mais uma tirou alguns minutos para sentir a areia nos pés, tentou em primeiro momento criar uma espécie de suporte cavando um pouco o chão onde pudesse apoiar o calcanhar direito na parte mais alta e assim tomar um impulso maior. Em sua cabeça ao menos aquilo fazia sentido.

Estando convicta de que daquela vez teria um resultado consideravelmente melhor, a menina disparou. O apoio criado lhe fora realmente útil fazendo com que a impulsão extra que havia conseguido lhe servisse e ajudasse diretamente na velocidade inicial que, naquele momento lhe parecia mais importante e seu maior erro.
A largada fora perfeita, a velocidade suficiente para que quebrasse por um tempo o atrito de seus pés contra o solo instável e mantê-la em uma trajetória estável, mas por mais que a menina fosse acostumada a correr, ainda tinha dificuldade em manter o ritmo constante e mais uma vez aquilo vinha a lhe prejudicar. Quando chegara na metade de seu trajeto, a velocidade da garotinha vira a diminuir e mais uma vez os pés voltaram a deslizar e pisar em falso fazendo com que a mesma fosse ao chão.

A queda seria uma cena perfeita para ser assistida. Naoko caindo no chão, areia sendo levantada pelo impacto e o rosto sendo afundado na areia quente fazendo com que seus cabelos se tornassem uma mescla de bege e preto. Era inevitável que a insatisfação lhe tomasse assim como a vergonha. Rapidamente tentou se erguer batendo as mãos nos cabelos para tentar se livrar da areia enquanto os olhos, como dificuldade olhavam em volta para ter certeza de que continuava sozinha.

Sua segunda falha apenas lhe trouxe a afirmação que precisava: Se queria se destacar como velocista em algum momento, teria que melhorar ainda mais e ao menos diminuir seu problema de instabilidade. Mais uma vez ela iria tentar, porém seu objetivo seria manter uma corrida contínua pela extensão completa da faixa de areia, ou seja, em vez de finalizar na metade do percurso, teria de se manter firme até alcançar a outra margem. Aquela altura, o sol já havia se posto, a areia antes morna, começava a esfriar e a brisa suave viria a ficar mais gelada, em breve deveria partir ou teria dificuldades do caminho de volta.

Naoko respirou fundo, já sabia o que fazer para ter uma saída mais estabilizada, portanto repetiu o processo de impulsão. Mais uma vez a largada fora efetiva, os primeiros metros se mantiveram na crescente de velocidade. —" Vamos vamos vamos! "— A Hiaru continuou forçando o corpo mandando toda e qualquer força de vontade que ainda lhe tivesse diretamente para as pernas e pés. Por mais alguns bons metros a menina conseguira a progressão e isso já era uma vitória a mais, porém, houve um momento que seu corpo não aguentara mais, os músculos já estavam doloridos dos esforços que havia feito durante toda a tarde e consequentemente não conseguira manter por muito mais tempo, porém ao menos daquela vez não havia caído.

Considerações: