Naruto Lasting RPG
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O Novo MundoTrama Atual

Após uma longa e devastadora batalha contra o Imperador Iedolas Aldercapt, Isabel Uchiha emergiu vitoriosa, sendo coroada como a nova Imperatriz de Nilfheim. Como uma de suas primeiras ordens, a nova monarca ordenou o recuo das tropas do leste, dando um fim àquele terrível conflito.

Infelizmente, a vitória não foi gratuita. O trono fora conquistado através de perdas irreparáveis, e agora a salvadora do oeste guardava do mundo um segredo importante.

Enquanto isso, envenenado e escolhido pela escuridão, Orion Noctilucent tornara-se avatar de uma entidade maligna vinda do mais profundo abismo de Elyos, convicto de que é chegada a hora da verdadeira invasão demoníaca.

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Ruki
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[RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoSeg Abr 12, 2021 9:10 am


[RPFB] Ruki e seus anos de peregrinação Vs2hT2p

Ruki e seus anos de peregrinação (ルーキー, 彼の巡礼の年, lit. Ruki, kare no junrei no toshi)


SINOPSE
Aos sete anos, o orfanato faliu e precisou fechar deixando todas as crianças à mercê do mundo enquanto os adultos iam embora. Ruki acabou se envolvendo com um grupo mais velho, os mesmos que lhe deram o apelido, e assim começaram a perambular no país por longos três anos. Neste período, ele foi aprendendo a se endurecer para a vida, tendo inclusive feito suas tatuagens para provar sua força, mas também descobriu que não tinha nenhum interesse em acabar na rua como outros.


OBJETIVOS
Neste tópico irei contando sobre três anos da vida do personagem Ruki, entre seus sete e dez anos, em que esteve viajando pelo País da Água, em seus limites, com um grupo de órfãos. Serão realizados treinamentos básicos de OnePost sempre que possível, explicando como Ruki se tornou quem é nos dias de hoje. Ninguém está autorizado a participar dessa lore no momento. A história se passa em torno dos anos 37 a 40.


Sumário
Abaixo estarão organizados os posts e seus respectivos títulos.


Saisho no Chōsen (最初の挑戦, lit. O Primeiro Desafio) (Outono — 1237)
CAPÍTULO 1: PARTIDA
CAPÍTULO 2: DINHEIRO NO BOLSO, CONFUSÃO NA MÃO
CAPÍTULO 3: UM SALTO DE CORAGEM
CAPÍTULO 4: NUMA POÇA DE SANGUE
CAPÍTULO 5: RETIRADA
CAPÍTULO 6: A MORTE ESTÁ PRÓXIMA
CAPÍTULO 7: ENTRE FACAS E VINGANÇAS
CAPÍTULO 8: DANÇA DAS PEDRAS
CAPÍTULO 9: DANÇA DAS PEDRAS, PT2
CAPÍTULO 10: ULTRAPASSANDO LIMITES
CAPÍTULO 11: QUEBRE A PEDRA
CAPÍTULO 12: A PRIMEIRA MISSÃO
CAPÍTULO 13: SILHUETAS NAS PAREDES
CAPÍTULO 14: CONTRA A JANELA
CAPÍTULO 15: DESCOBERTOS
CAPÍTULO 16: VERMELHO
CAPÍTULO 17: NINJA
CAPÍTULO 18: ELE ESTÁ MORTO
CAPÍTULO 19: SUBINDO OS DEGRAUS DA MORTE
CAPÍTULO 20: RUKI NAS SOMBRAS
CAPÍTULO 21: CAINDO
CAPÍTULO 22: O FIM
CAPÍTULO 23: RECUPERAÇÃO (PT1)
CAPÍTULO 24: RECUPERAÇÃO (PT2)

Arashi (嵐, lit. Tempestade) (Inverno — 1237)
CAPÍTULO 25: UM NOVO COMEÇO
CAPÍTULO 26: TRÊS, NÃO... QUATRO!
CAPÍTULO 27: ANTES DA...

Elenco Principal:


Última edição por Ruki em Dom maio 16, 2021 12:08 pm, editado 14 vez(es)
Ruki
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Ruki
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Capítulo 1Seg Abr 12, 2021 10:38 am



CAPÍTULO 1


PARTIDA

Tudo o que os pequenos olhos castanhos de Ruki enxergava por detrás do véu de lágrimas eram as enormes portas fechadas do Orfanato Abarai. Ao seu redor, as crianças e adolescentes se acumulavam. Todas sem um destino certo. Quando anunciaram o fim da instituição, ninguém levou muito a sério a possibilidade de ficarem sem um teto. Imaginavam que, após tantos anos, os adultos com suas grandes responsabilidades concedidas a eles pelo tempo teriam mais sensibilidade em, no mínimo, guia-los a novos lares. Mas o menino de cabelos ruivos aprendeu desde cedo que não se podia esperar muito dos adultos.

­— Ei, Ruki — a voz de Toshiya se ergueu entre tantos choros. — Quer vir conosco?

O menino olhou um pequeno grupo se formando, aquele mesmo que ele já se envolvia dentro do orfanato. Eram todos mais velhos, sendo Sango o líder do bando com seus quase vinte e um anos, sempre usando roupas surradas com um enorme bigode que ele considerava estilo – e Ruki achava também, não via a hora de ter um. Assim como ele, todos eram abandonados desde a primeira infância, e algo assim, acreditava ele, entrelaçava-os em um laço único, que somente abandonados entendiam.

Junto de Sango andava o Kai, um garoto de dezessete anos com um cavanhaque confuso saindo em tufos pelo queixo; Nani, uma garota de dezenove anos de cabelos róseos e roupas largas; Ichiroku, da mesma idade do líder, tinha cabelos loiros em um rabo-de-cavalo e uma postura aristocrática, ainda que tão pobre quanto qualquer um dos órfãos; e Hachini, uma moça de dezesseis anos com cabelos pretos, pele pálida e lábios vermelhos sempre machucados.

Ruki admirava todos eles, sem exceção. Assentiu balançando a cabeça, esfregando as costas das mãos nos olhos para remover o excesso de lágrimas. Sango franziu as sobrancelhas cortando a distância entre os dois, esbarrando em outros chorões. Segurou a gola da camisa branca de Ruki e o levantou como se fosse uma pluma, colocando-o na altura de seu rosto embravecido. O menino arregalou os olhos, as lágrimas ainda desabrochavam em seus olhos mesmo odiando chorar na frente deles.

— Você precisa controlar isso, se não vai morrer antes que a gente saia dos arredores do orfanato — Sango disse com a voz grossa. — Se não consegue deixar de choramingar pelo leite derramado, eu não posso te levar a lugar nenhum.

O grandalhão soltou a camisa do garotinho, que caiu sentado no chão de grama úmida. Ruki baixou a cabeça, encarando os pés de Sango. Ele não queria ser um chorão, muito menos morrer. Podia não entender a complexidade da vida, mas tinha certeza que era melhor tê-la. Quando levantou o rosto, os outros tinham se aproximado, formando o esquadrão de sempre. Ruki voltou a fungar, lembrando de todas as vezes em que se conteve após cair ou receber um peteleco deles em suas brincadeiras.

Sango deu de ombros, pois as lágrimas ainda estavam numerosas na face do menino. Saiu por entre os amigos, que passaram a segui-lo, indiferentes.

Mais uma vez, ele buscou alguma resposta ao seu redor. Ninguém estava entendendo como a vida podia continuar. Abandonados pelos pais, agora abandonados pelos cuidadores. A maioria não teria condições de sobreviver – Sango tinha dito isso dias antes, quando o anúncio veio. Mas eles eram diferentes. Seu grupo não ficava vadiando todos os dias nos pátios da instituição; eles se exercitavam e desenvolviam seus corpos, pensando num futuro longe dali.

Puxou fundo o ar fechando os olhos para se acalmar. “Você precisa ser mais esperto e menos chorão”, ele repetiu a si mesmo um bocado de vezes. Passou as costas da mão num olho, e depois no outro, removendo as marcas de sua vergonha. Os adolescentes começavam a se afastar dos demais, seguindo um caminho próprio – o mesmo que ele queria traçar.

Com toda força e coragem de seus sete anos de vida, ele forçou as mãos nos joelhos, levantando-se. Ainda coçava atrás dos olhos, ardia um pouco também, mas precisava controlar aquilo melhor – então ele engoliu a vontade de chorar como um pedaço gosmento de carne gordurosa e correu na direção dos jovens gritando: — Eu não vou mais choramingar!

O grupo cessou os passos. Sango olhou por cima do ombro com um sorriso desmanchando de canto. Sem falar nada, ele mexeu a cabeça num convite silencioso. Ruki sorriu mesmo com vontade de chorar – ele não seria abandonado de novo.
EXPLICAÇÕES:

HP: 100/100 | CH: 100/100 | 725 Palavras | Treino de Atributo
Ruki
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Masquerade
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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoSeg Abr 12, 2021 3:53 pm


Treino de Inteligência

Gosto da sua narrativa, é fluída, coerente e de fácil leitura. Continue assim! Achei deveras interessante a forma de se treinar este atributo, com certeza inovadora, afinal controle emocional é importante para um ninja!

Recompensa final:
+1 INT
Masquerade
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Ruki
Genin de Kirigakure

Capítulo 2Qua Abr 14, 2021 11:07 am



CAPÍTULO 2


DINHEIRO NO BOLSO, CONFUSÃO NA MÃO

— Atchuu! — o menino espirrou alto e todos os corações sobressaltaram.

Ruki fungou coçando o nariz vermelho de frio. Ao redor de uma fogueira improvisada cujas chamas mal dançavam em manutenção, o pequeno grupo abandonado pelos adultos tentava se aquecer como dava no meio do frio incômodo do outono. Eles não tinham muitas roupas, além daquelas que conseguiram sair usando – o que eram meros trapos e alguns mantos nada resistentes ao frio.

Mas nenhum deles ousava reclamar.

Fazia uma semana que andavam a esmo, fazendo mais pausas do que parecia necessário. Os adolescentes aproveitavam a liberdade como dava, brincando, beijando e fazendo sons estranhos enquanto Ruki tentava dormir. Liderados por Sango, ninguém explicava muita coisa para o garoto, apenas diziam que em breve chegariam a uma cidade e poderiam ficar numa casa aconchegante onde o frio não os alcançasse. E cada vez mais ele duvidava daquelas palavras; não sabia até onde podia confiar em pessoas mais velhas.

— Precisamos de roupas novas — Ichiroku resmungou coçando os braços para esquentá-los.
— Concordo… — Hachini disse com sua voz fantasmagórica.

Ruki assentiu com a cabeça, queria ter um dos cobertores de lã-batida que os adultos lhe davam na instituição. Só que eles não podiam voltar. Sango havia dito a eles – todos eles – que os donos do lugar levaram tudo.

— Precisamos é de dinheiro — Sango retrucou se levantando do tronco onde estava sentado. — Se minha memória estiver boa…
— Sua cabeça lá é boa? — Kai debochou interrompendo o líder.

Sango acertou-lhe um tapa na orelha.

— Como eu ia dizendo…, se minha memória estiver boa devemos chegar numa pequena vila em algumas horas.
— Aí vai chover dinheiro na gente, assim do nada? —
Kai voltou a debochar.

O líder não acertou outro tapa, embora Ruki estivesse muito ansioso para assistir. Da última vez em que dois tapas seguidos aconteceram, os dois se embolaram no chão numa briga de socos e pontapés que deixou o olho direito de Kai marcado numa cor arroxeada. O resto do grupo apenas assistiu, segurando a vontade de rir.

— Não, babaca, aí ele vai nos conseguir dinheiro.

Sango esticou o indicador e todos acompanharam seu dedo. Ruki arregalou os olhos, pois todos estavam lhe encarando. Apontou para si mesmo, confuso, e sacudiu a cabeça para os lados apertando as sobrancelhas e questionando:

— Como?
— Seria mais fácil se você fosse mais fofo —
Sango apertou os lábios fazendo os amigos rirem contidos. Ruki ficou emburrado. — Viu? Você é uma criança naturalmente intimidadora. Então vamos lhe usar furtivamente.
Futivamente?
Ruki voltou a apertar as sobrancelhas e olhou para cima. Nunca tinha escutado aquela palavra antes, mas lembrava fuinha. Ele claramente não tinha nada a ver com fuinhas.
— Não, querido, furtivamente — Nani corrigiu. — Significa fazer algo escondido, sem ninguém lhe ver.

Um sorriso estranho desabrochou no rosto do líder do bando, seus olhos ainda estudavam o menino. Ruki se sentiu estranho. Ele não gostava muito daquela ideia, mas sabia que precisava obedecê-lo. Todos precisavam, até mesmo Kai que adorava contestá-lo. Era um combinado silencioso entre os abandonados: seguir Sango não importava aonde.

Sango fez um sinal com os dedos para que todos se ajeitassem para partir. Praticavam aquilo desde os períodos do orfanato, quando o líder gesticulava silenciosamente de modo a não serem descobertos pelos adultos dentro da instituição. Ruki ainda não tinha entendido como seria útil naquela tal de “furtivamente”.

[...]

A memória do líder estava boa. Depois de algumas horas, o grupo avisou algumas casas humildes erguidas com telhados de palha. Não era grandes coisas, até mesmo para uma criança de sete anos que não sabia nada do mundo. Porém, após tantos dias andando cercado de árvores, relva e geada, qualquer lugar soava confortável.

O plano havia sido passado durante a caminhada e parecia simples: enquanto eles distrairiam alguns comerciantes, Ruki aproveitaria seu tamanho para entrar nos estabelecimentos e roubar o dinheiro deles. O menino não achava correto, no entanto, não sabia como ir contra a decisão. Nenhum deles tinha achado uma péssima ideia, na verdade, nenhum deles sequer fez um comentário sobre aquilo.

E se ninguém havia dito nada, ele julgou que devia ser o único meio.

Assim que entraram nos limites da cidadezinha, algumas pessoas já os olharam atravessado. Pareciam até saberem os objetivos dos jovens, como se lessem as mentes deles ou apenas fossem muito bons em desconfiar. Aquilo encheu o menino de medo.

Puxou a borda da camisa de Sango, ainda em silêncio, para lhe chamar atenção. O líder não fez questão de lhe entregar um mísero olhar. Estava ocupado demais mantendo a postura firme, os olhos cerrados e os lábios apertados de forma intimidadora.

Mãos gentis tocaram os ombros dele, mas tudo que provocaram foi um salto. Olhou para cima, jogando a cabeça para trás, e viu o sorriso simpático de Nani e seus cabelos loiros caindo pelas laterais do rosto da moça. Com um movimento de cabeça ela sinalizou para acompanhá-la. Sem protestos, mas querendo muito fazê-los, o menino soltou a roupa do líder e deu a mão para a adolescente.

Os dois andaram como se fossem irmãos, ou talvez mãe e filho. Ruki nunca havia visto uma mãe, então não sabia se eram muito mais velhas que suas crianças. A mão dela era quentinha apesar do frio, e sua expressão demonstrava uma serenidade impossível de encontrar no rosto dos outros membros do grupo.

Chegaram na frente de uma fruteira, onde grandes cestos carregavam vários tipos de frutas, algumas das quais ele nunca havia ouvido falar. Disfarçando como se pudesse comprá-las, a moça soltou a mão do menino e passou a analisar a comida. Ruki ficou ao lado dela sem saber como agir. Não demorou muito para um homem baixinho, com cabelos em falta e um avental verde surgir perguntando o que ela estava procurando.

Nani piscou um olho para o menino; aquele era o sinal.

Lentamente, o menino foi andando para dentro da fruteira. Nani balançava os cabelos e falava alto chamando toda atenção para si. Antes de entrar definitivamente, o menino viu a mão do homem tocando no ombro dela e sua voz ficando mais baixa. Ignorando o fato estranho, e torcendo para Sango não aparecer socando a cara do velho, ele se viu cercado de estantes e cestas cheias de verduras, frutas e produtos de higiene.

Conferiu se não havia ninguém e se abaixou sentindo que assim ficaria menos chamativo – será que ele lembrava dos cabelos vermelhos? A bancada era separada por uma espécie de mesa de levantar que também existia no refeitório do orfanato. Mas ele não se preocupava muito com aquilo, sabia exatamente como passar por cima sem problemas; tinha um talento incomum para acrobacia.

Tomando impulso, ele bateu os pés contra a madeira duas vezes e agarrou-se à borda, forçando o corpo a subir e cair do outro lado. Fez mais barulho do que esperava. Subiu na mesa procurando dinheiro, passando os olhos ao redor de uma imensa caixa de metal e então bateu nela sem querer soltando um som agudo e estridente.

“Oh…”, a caixa se abriu revelando moedas e notas. O homem surgiu na porta com o rosto vermelho de raiva. Nani apareceu logo atrás com aquele sorrisinho que ela dava quando tudo tinha dado errado.

Ruki juntou o máximo de dinheiro que conseguiu enquanto o dono se aproximava e quando o velho tentou agarrá-lo, deu um salto sobre sua cabeça, soltando um “opa” no ar. Caiu no chão flexionando os joelhos e correu sem conferir como estava o dono. Saindo pela porta, Nani correu logo atrás gargalhando.

Os amigos estavam aglomerados numa loja de tecidos, e Ruki correu na direção deles.

— Deu merda! — Nani gritou e todos se viraram.

Ruki deu uma olhadinha para trás, só para ter certeza que o velho os perseguia – mas era ainda pior. Junto dele haviam outros dois homens com caretas malvadas.

— Pelo menos tem algum dinheiro? — Sango perguntou.

O menino balançou a cabeça e mostrou as notas e as moedas nas mãos. Sango sorriu tomando tudo para si, levantou o braço e abaixou num corte vertical: o sinal que corressem em direções opostas.

Ele só não sabia como aquela decisão seria ruim minutos mais tarde…

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Ruki
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Ruki
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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoSáb Abr 17, 2021 4:29 pm



CAPÍTULO 3


UM SALTO DE CORAGEM

Como ordenado pelo líder do grupo, eles se separaram. Na instituição aquilo acabava funcionando. Faltavam funcionários jovens para correr atrás de adolescentes e crianças levadas. Ruki até abriu um sorriso lembrando dos momentos mais simples… até olhar para trás. Diferentes das pessoas da Instituição, eles eram numerosos e determinados. Dois homens grandalhões corriam em sua direção, e por trás deles conseguia enxergar outros tão enormes quanto aqueles correndo contra os seus amigos.

O pequeno coração da criança acertou a caixa torácica com força. Ele sentiu as pernas tremerem, mas não era momento de parar. Mesmo não entendendo muitas coisas, ele entendia o que aconteceria se fosse pego. Precisava escapar deles; mesmo que isso significasse fazer mal a eles. Sango ensinara isso a ele ainda no orfanato.

Passou os olhos rapidamente pelas coisas ao seu redor. As ruelas estreitas chamavam sua atenção, assim como os barris e outras partições de lojistas observando a perseguição. Apressou os passos, ficando com uma expressão nada amigável, e se enfiou no corredor estreito. Os dois seguiram logo atrás, seus sorrisos eram nojentos. A rua não tinha saída, apenas uma enorme parede de madeira.

“Então vai ser difícil”, ele pensou e parou, virando-se para os homens. Começaram a diminuir o ritmo, com os braços ligeiramente abertos e prestando atenção na criança. Ruki sorriu para eles e correu. Os dois arregalaram os pequenos olhos escuros. Ruki impulsionou-se na frente deles, girando seu corpo num eixo simples, passando por entre eles, acima dos ombros dos grandalhões que jogavam os braços para frente ao mesmo tempo pensando que podiam alcançá-lo. Ao parar os pés no solo, ele estava encarando as costas dos perseguidores.

­­— Tchauzinho, otários — Ruki falou mostrando a língua.
— Olá, garotinho.

A voz sinistra surgiu às costas dele, fazendo-o sobressaltar virando. A mulher usava um longo quimono e os cabelos pretos estavam presos com uma longa agulha dourada. Era bonita, ele tinha a impressão que os adolescentes iriam ficar babando. Ainda não entendia muito bem dessas coisas. Os outros dois se ajeitaram e um deles gritou chamando atenção. Ruki saltou para trás, num simples movimento passando por cima do homem e parando sobre os ombros dele, para então tomar outro impulso e se atirar na direção da enorme parede de madeira.

As mãos resvalaram na borda, mas ele conseguiu aplicar alguma força ficando de cabeça para baixo, mas firme, plantando bananeira. Entre os membros de seu grupo, era o mais flexível e ágil em situações como aquela.

Ruki encarou os três e viu um sorriso estranho no rosto da mulher. Um interesse estranho se desenhava nos olhos dela. As sobrancelhas dele se franziram e seu corpo despencou para o outro lado da construção, escapando com facilidade daqueles homens.

Do outro lado, ele sentiu os pés ficando molhados com algo quente e um estalo aquoso expandiu no ar. Ao se virar ele viu um peso amontoado com maltrapilhos e muita água vermelha cercando-o. Curioso, ainda que com medo, chegou mais perto e mexeu nos cabelos dourados que saíam da cabeça da vítima, retirando da frente do rosto.

Aquele era seu amigo: Ichiroku.

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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoSáb Abr 17, 2021 4:32 pm



CAPÍTULO 4


NUMA POÇA DE SANGUE

Ruki quis gritar.

Nada além disso. Ichiroku estava na sua frente, derramando sangue e desacordado. Aquilo era exatamente como ver uma morte. A morte de um de seus amigos. O choque lhe derrubou sentado no chão, molhando também as calças que usava com aquele líquido escarlate. Apoiou as mãos no chão, prendendo a vontade de gritar enquanto as lágrimas continuavam rolando pelas bochechas. Sentiu os dedos ficando ensopados, e teve que levar uma mão na boca quando sentiu que perderia a razão e emitiria sons de temor. Ao tocar a palma contra os lábios, o gosto férreo encheu-lhe os sentidos, subindo o odor direto em suas narinas. Todo seu corpo começou a tremer com a certeza da morte de seu amigo – e que ele seria o próximo.

Ouviu resmungos acima de sua cabeça, e olhou assustado. Um dos homens tentava pular a mureta. Apavorado, ele desceu os olhos ao seu companheiro ferido. Havia muito sangue. Só que ele não podia deixá-lo. Se fugisse sozinho nunca mais seria aceito no grupo. Num impulso, ele enfiou o corpo por debaixo do braço de Ichiroku. Por um instante, ele sentiu que o adolescente mantinha a respiração, embora ainda fraca.

O homem pulou do outro lado. Seus pés fizeram sangue saltar para os lados, borrifando nas paredes. Ruki virou-se com os olhos cheios d’água e o rosto marcado de vermelho. Seu perseguidor paralisou. Com dificuldade, o menino passou as mãos pelas pernas do companheiro até os calcanhares e segurou com toda força que possuía. Ele sabia que não era muito forte, mas também sabia que não podia se entregar por isso. Sango nunca o perdoaria, ninguém perdoaria. Nem ele mesmo.

Chorando, ele forçou todos os músculos das pernas e braços para começar a arrastar o amigo machucado. O corpo foi arrastado alguns centímetros. Ichiroku murmurou alguma coisa, tentando voltar ao plano da consciência mais uma vez. O homem não se mexeu, ficou assistindo aquela criança forçando seu corpo ao ponto de veias saltarem em seu pescoço e pequenos braços na tentativa de salvar um amigo.

Ruki demorou, mas conseguiu sair do beco carregando Ichiroku. As pessoas começaram a mirar os olhares nos dois, mas ele não se importava. Sabia que nenhuma delas os ajudaria. Eram meros ladrões, sabia pelos livrinhos infantis o que acontecia com gente assim. Nenhuma delas era herói, nem importante para ninguém além deles mesmos. Tentou não pensar nelas. Em como encaravam os dois com raiva, pena e confusão. Mas ao mesmo tempo, olhou ao redor na esperança de encontrar algum dos membros de seu grupo. Qualquer um serviria para ajudá-los. Só que nenhum deles estavam à vista – e isso o fez cair numa nova espiral de pensamentos.

E se todos tivessem sido pegos? E se todos estivessem semi-mortos?

As lágrimas começaram a cair com mais força. As pernas tremiam, os braços, embora estivessem se esforçando ao máximo, não durariam muito. Podia sentir isso nos seus limites. E a cada passo isso piorava. O coração acertava mais forte nas costelas, o suor esfriava mais. A morte estava lhe envolvendo como nunca antes. E após mais alguns passos, ele caiu de joelhos chorando.

— Me desculpa, Ichiroku-san, me desculpa… — tentava enxugar as lágrimas, mas elas eram mais volumosos e rápidas. Cada esfregada deixava mais um rastro rubro em sua pele. — Eu não sou forte suficiente…
— Eu já não mandei parar de chorar?!


A voz de Sango surgiu no alto e o menino não teve forças para levantar nem mesmo o queixo. Sentiu algo lhe agarrando por debaixo dos braços, envolvendo seu tronco, e então estava acima do chão. Olhou para o lado e encontrou o sorriso de Nani com um rastro de sangue descendo de seu nariz. Sango surgiu ao lado dela com o corpo de Ichiroku no ombro.

Com o quimono balançando, a mulher surgiu com um bando de outros homens grandalhões. Ela encarou os jovens e cobriu a boca atrás da queda da manga de suas vestes.

— Jovens são tão fofinhos — debochou. — Deixem-nos, eles não voltarão. Não é mesmo?

Sango arregalou os olhos e concordou em silêncio. Parecia em transe, agindo mecanicamente. Ele deu as costas com passos anormais, e Nani não conseguiu acompanhá-lo de imediato. Estava paralisada, Ruki via em seus enormes olhos o medo que transbordava nela. O menino voltou a olhar a estranha mulher que claramente sorria por trás da manga.

— Vamos, Nani… — sussurrou baixinho, trancando o choro.
— Hã?! — Nani piscou rápido e assentiu.

Seguindo um líder que andava engraçado, eles se afastaram do centro da cidadezinha.

EXPLICAÇÕES:

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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoDom Abr 18, 2021 12:23 pm

Treinos de pericia [Furtividade e Acrobacia]: Aprovados;
Treino de atributo [Força]: Aprovado;

Pois bem @Ruki, gosto muito da forma que conecta um  treino no outro. Temos suspense, ação e muito mais na sua narrativa e isso de fato prende a atenção do leitor, assim como a fluidez– Que já fora comentada por um dos meus companheiros de avaliação – de seu texto. Parabéns.


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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoDom Abr 18, 2021 3:31 pm



CAPÍTULO 5


RETIRADA

O sangue continuava escorrendo pelos ferimentos do adolescente. Mesmo carregado, o menino não podia deixar de notar. O vermelho era intenso, deixava os rastros para trás como a cena de um crime. Ele queria desabar em lágrimas, as seguradas tão firmemente desde o começo da confusão, desmanchar-se em gritos e soluços como uma criança normal de sete anos de idade. Mais do que querer, ele precisava daquilo. De um momento consigo mesmo, seus medos e dores. Toda a frustração de não ter sido capaz de ajudar um amigo, e ainda precisar ser salvo. Entretanto… ele não podia; ele não devia ser fraco.

Andando de modo estranho, o líder continuava na frente deles com o corpo machucado do companheiro. Se ele visse o garotinho chorando o mandaria mais uma vez parar de choramingar e crescer – aquele era o jeito dele demonstrar suas preocupações, Nani uma vez lhe explicara. Porém, ele não queria ser cuidado. Não naquele momento. Até mesmo uma criança de sete anos podia enxergar as próprias fraquezas, ele só não sabia como elaborá-las.

— Quero descer — ele pediu baixinho, sem olhar no rosto da moça.

Nani atendeu ao pedido assentindo em silêncio, agachando-se e botando-o no chão gramado do lado de fora dos limites da cidade. A moça continuou andando em frente, seguindo o líder. Ruki parou e virou-se para trás, observando as construções humildes erguidas no horizonte. Ergueu as mãos abertas encarando-as, o vermelho manchado na palidez de sua pele fazia seu coração errar as batidas. Fechou os olhos controlando seus impulsos, analisando com a maior calma que tinha todas as coisas ocorridas naquele dia.

Tinham corrido um risco necessário? Abriu os olhos vendo as mãos mais uma vez. Virou-se na direção dos amigos. As manchas vermelhas deixadas para trás mostravam os custos daquela investida. E os passos mecânicos de Sango tornavam toda a cena ainda mais estranha. Ruki nunca o tinha visto recuar assim, muito menos ficar em silêncio por tanto tempo. O Sango que ele conhecia estaria falando coisas – quaisquer coisas. Inflando a raiva contra a cidade, ou chamando Ichoroku de burro, talvez até culpando Ruki e lhe chamando de bebê chorão. Então por que ele não pronunciava uma única palavra?

Ruki voltou a andar, os passos curtos e sem pressa. O rosto da mulher de quimono voltava a sua mente sempre que tentava entender o que estava acontecendo com Sango. Ela tinha dado uma ordem, e ele obedecido. Aquilo não era do seu feitio. Pensava que ainda tentaria lutar mesmo em desvantagem. Sango era muito forte, treinava o corpo todos os dias e acertava golpes com facilidade; mas tinha recuado imediatamente à ordem daquela mulher.

Enquanto se aproximava do grupo de amigos, ele não conseguia deixar de unificar ambas as coisas – a ordem da mulher e os movimentos estranhos de Sango – como uma única coisa. Sem saber como exatamente ela podia tê-lo influenciado, acreditava que a culpa da mulher era inevitável. Graças aos pensamentos e deduções, conseguiu também afastar as lágrimas que insistiam em raspar atrás dos olhos, prendendo-as numa caixa de sentimentos caóticos indisponíveis naqueles preciosos momentos.

Queria entender as coisas que estavam acontecendo para não precisar mais depender de resgastes. Ou de boa vontade. De nada nem ninguém. Para não se sentir mais fraco daquele jeito. “Preciso crescer”, disse a si mesmo, mas a voz que ouviu no fundo de seu crânio foi a de Sango. Cerrou os punhos cobertos de sangue e sua expressão facial se transformou ganhando a selvageria que o líder tanto apontava quando o chamava de “criança intimidadora”.

Não entendia muito bem, mas tinha certeza que aquela mulher estava por trás daquelas coisas. Até mesmo da perseguição. Juntando as peças, ele conseguia claramente ver como ela estava centrada entre os homens, como a Diretora da instituição costumava ficar em suas apresentações – impondo toda a sua liderança.

Ruki queria descobrir tudo sobre ela.

Principalmente sobre como acabar com ela e todos que machucaram seu amigo.

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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoDom Abr 18, 2021 3:58 pm



CAPÍTULO 6


A MORTE ESTÁ PRÓXIMA

Kai e Hachini correram quando viram os quatro retornando. Sango sacudiu a cabeça para os lados, franzindo as sobrancelhas, e soltou um palavrão confuso. Mas sentindo o calor empapando suas vestes, logo correu com o amigo no ombro. Sem maiores explicações recebidas, restou aos dois apenas abrir espaço para deitar o adolescente ferido. Ruki ficou um pouco mais atrás assistindo a tentativa de resgate, prestando atenção no cuidado que tinham em deixá-lo com o corpo reto deitado em cima de uma toalha improvisada com o manto de Kai.

— Ali — apontou Hachini.

Todos miraram a ponta de seu indicador. Havia um buraco na camisa de Ichiroku, um corte em forma de losango, de onde o sangue continuava jorrando em investidas escarlates. A moça de cabelos pretos se ajoelhou ao lado do amigo, arrancando sua camiseta num rasgo forte. Kai fez uma piadinha que Ruki não compreendeu, pois estava atento demais aos movimentos da menina em tentar salvar a vida de seu amigo.

O tronco de Ichiroku era magricelo, dava para contar-lhe as costelas com facilidade. A ferida estava entre duas delas, um buraco fundo. Hachini enfiou as mãos cobertas em panos e pressionou. O jovem tossiu e apertou os membros, em reflexo por causa da dor. A menina abaixou o rosto até a altura da lateral do corpo do ferido e fechou os olhos se concentrando.

— Não parece ter atingido seu pulmão — ela falou e todos suspiraram aliviados.
— Como assim? — Ruki perguntou, intrigado.

A enfermeira do time respirou fundo, e sem tirar os olhos do paciente, tratou de fornecer as informações necessárias.

— Ele foi ferido com uma arma afiada por alguém especializado em seu uso, pois, essa pessoa atingiu exatamente entre a sexta e sétima costela direita, mas não teve força suficiente para chegar ao pulmão.

Ruki franziu as sobrancelhas, ainda sem entender muito bem. Todos sabiam como ela era inteligente e dedicada a estudar coisas médicas. A maioria dos jovens dentro da instituição achavam estranho, até mórbido. Por isso ela se tornou parte daquele grupo, pois ali aceitavam e achavam incrível como ela armazenava aquelas informações.

Agilmente, a moça tirou os panos e apontou para uma bolsinha. Nani alcançou para ela e o sangue voltou a subir e escapar pela ferida.

— O problema dessa área é como numa armadura. Se a arma tivesse acertado direto em seu osso, nada aconteceria. Na pior das hipóteses o corte provocaria um sangramento moderado, mas do jeito que foi feito a carne e músculos foram rompidos, tentando chegar no pulmão para matá-lo.
— Então ele vai ficar bem? —
Ruki ainda estava confuso sobre toda aquela explicação.

Hachini tirou uma agulha e um fio preto. Aquela bolsa a acompanhava desde a instituição. Num ato que o menino não esperava, ela enfiou a agulha na carne do companheiro que se pressionou deitado novamente e puxou a linha, como se costurasse um pano de chão.

Ruki apertou um dos olhos pelo reflexo de ver seu amigo sofrendo.

— Sim, ele ficará. Eu acho. Tudo vai depender dessa ferida não infeccionar. Apesar dos danos massivos pela força aplicada, o pulmão não está se afogando em sangue ou colabando. Entendeu?
— Mais ou menos…


Hachini terminou de costurá-lo como dava, para o menino aqueles pontos estavam tortos e feios. Secando o suor com o antebraço, ela virou-se para o menino mostrando um sorriso simpático, embora cansado.

— Você entenderá com o tempo, prometo lhe ensinar se quiser aprender.

Ruki assentiu grato pela oportunidade.

— E agora? — Nani perguntou.
— Agora voltamos lá e socamos a cara deles — Sango se atravessou.

O líder estava voltando ao seu normal. Ruki ficou olhando-o andando de um lado para o outro, impaciente. Tinha voltado ao normal, mas a mulher de quimono não estava ali… estava? O menino começou a olhar ao redor, desconfiado. Nunca tinha visto ninguém mudar o comportamento de Sango daquele jeito.

Nani se aproximou dele e colocou as mãos em seus ombros. O jovem se interrompeu, olhando a face da moça. Ela passou as mãos por trás de sua nuca, envolvendo-o num aconchego, e o trouxe para mais perto num abraço. Ruki viu as pernas dela estremecerem do mesmo jeito que as dele tremeram antes: ela estava sentindo medo.

A única diferença entre os dois era que ela tinha mais controle sobre suas emoções.

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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoDom Abr 18, 2021 4:13 pm

Treino de pericia [Conhecimento Anatômico]: Aprovado;
Treino de atributo [Inteligência]: Aprovado;


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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoDom Abr 18, 2021 4:43 pm



CAPÍTULO 7


ENTRE FACAS E VINGANÇAS

— Precisamos voltar lá e acabar com eles! — Sango era insistente, mesmo várias horas depois do caso. Rodeando a fogueira que tinham feito, enquanto todos ficavam sentados em troncos observando-o, ele parecia frustrado e irritado, com as veias do pescoço saltadas sempre que se expressava. — Olhem o que fizeram com o Ichiroku, não podemos deixar barato.

O silêncio caiu no recinto por um instante antes dele juntar uma bolsa com diversas facas e apontar para Ruki. Os olhos de todos caíram no menino, que terminava de mastigar um pedaço de lebre assada.

— Venha comigo.
— Sim…


Atirando seu pedaço de carne para o lado, que estava quase lhe fazendo vomitar, ele seguiu o líder se afastando dos amigos. Desde que o resgate do amigo terminara ele não conseguia parar de pensar naquela mulher, nos homens, e principalmente na tentativa de assassinato feita por eles. Sango sabia disso, não por nada sobrenatural como leitura de mentes, mas porque a face do menino não desmanchava aquele olhar feroz de quando ele estava furioso.

Sango sabia aproveitar aquele sentimento muito bem.

Após se afastarem dos outros e ficarem numa clareira, o líder colocou a bolsa no chão levemente aberta. Ruki olhou as facas roubadas da instituição. O mais velho segurou uma dela entre o indicador e o médio, fazendo um giro com o cabo sobre os dedos agilmente.

— Eu devia me preocupar em só uma criança me entender? — Sango se questionou em voz alta. — Talvez, ou eu devo admitir que você é mais adulto que os outros…, não, só está tão puto quanto eu pelo que fizeram com nosso amigo, né?

Ruki assentiu. Sango sentou-se numa pedra, atirando a faca para cima ligeiramente e agarrando-a pelo cabo antes que caísse. O menino conhecia suas habilidades com armas brancas, adorava brincar com os talheres durante as mesas de jantar para incomodar os supervisores. Só que ele nunca lhe ensinava os truques. Sempre dizia que ele era pequeno demais para aquelas coisas.

Até aquele dia.

A faca cortou a distância entre os dois e seguiu por cima do ombro do garotinho até cravar-se no tronco de uma árvore. Ruki olhou para trás, intrigado. Sango se levantou pegando outra faca e se aproximou do menino, a colocando em sua mão direita, pois sabia sua dominância. Apoiou-se num dos joelhos, ficando atrás dele, e segurou firme no braço da criança.

— Pode parecer simples, mas precisa de equilíbrio.

Moveu o pulso de Ruki, ensaiando um disparo, e deslizou os dedos pelos menores da criança firmando-os no cabo. Ruki respirou fundo, nervoso e com um pouquinho de medo de acabar se cortando. Mas, assim como via ele fazer, deslizou a arma pelos dedos indicador e médio usando o polegar na base de modo a ter a postura igual a de seu mentor.

Sango se levantou o deixando sozinho com a lâmina. Curioso, ele atirou para cima, mas não conseguiu pegar no ar. A arma caiu sem vida no chão, manchada de terra. Ruki se abaixou para pegá-la e foi como ver o corpo de Ichiroku no chão novamente. Ensanguentado, abandonado, deixado para morrer. A raiva subiu pelo coração e atiçou sua mente com diversos pensamentos catastróficos. Segurou o cabo fechando todos os dedos nela, ignorando os modos do líder. Sango notou e sorriu ligeiramente.

Ruki usou toda sua força para atirar a arma na direção de uma árvore, mas a distância era maior do que suas capacidades. Trincou os dentes, furioso, e avançou agarrando a arma no chão com a canhota e jogando para a mão direita no ar, agarrando-a no tempo exato de se aproximar da árvore e forçar a lâmina contra a camada de madeira dura num golpe lateral, como imaginava que tinham acertado seu amigo. Removeu a faca da árvore e ficou encarando-a, jogou para a outra mão, mas não conseguia manter o mesmo balanço quando fazia assim.

Devolveu a arma para a mão direita numa jogada no ar. Segurou-a firme, sentindo que podia se mexer melhor assim e começou a realizar movimentos no ar, simulando uma espada. Todos os golpes tentando acertar o fio da arma contra o casco da árvore. Nem todos acertaram, ainda precisava melhorar sua destreza. Mas já começava a entender melhor como fazê-lo.

Deu alguns passos para trás em saltos, aproveitando toda sua habilidade como um acrobata e atirou a arma contra a árvore, cravando-a. Sango segurou-lhe pelos ombros parando seus movimentos e o menino olhou para cima.

Sem falar uma única palavra, ele soube que o líder estava orgulhoso.

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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoDom Abr 18, 2021 4:46 pm

Treino de atributo [Destreza]: Aprovado;


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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoSeg Abr 19, 2021 11:41 am



CAPÍTULO 8


DANÇA DAS PEDRAS

O cansaço começava a fazer o menino suar, e sua respiração entrecortar. Colocando as mãos nos joelhos sem tirar os olhos das facas cravadas no casco da madeira da árvore, Ruki apertou os lábios tentando retomar o controle de seus batimentos cardíacos. Ele não aguentava mais realizar aqueles movimentos. Horas haviam passado desde o começo do treinamento e, ainda assim, Sango continuava mantendo aquela expressão amarrada em seu rosto; uma face determinada a fazê-lo um excelente combatente.

Ruki não queria ter de decepcioná-lo, por isso ainda insistia. Mesmo que suas mãos estivessem vermelhas com a pele se levantando superficialmente em diversos pontos. Com dificuldade, ele endireitou a coluna e respirou fundo. Esticou a mão esquerda, esperando que Sango lhe entregasse uma nova faca para recomeçar o treinamento. No entanto, ele não recebeu uma arma afiada, e sim um pequena pedra.

— Hã? — Ruki franziu o cenho buscando alguma explicação que tivesse deixado passar.
— Chega de brincar com facas. Você entendeu como usá-las, pelo menos o suficiente. Mas preciso que você esteja hábil suficiente para brincar com elas usando suas mãos, que seja capaz de enganar as pessoas se preciso, apenas brincando e lançando-as no escuro.

Sango mostrou três pedras nas mãos e começou a lançá-las de uma mão a outra, movimentando-se simultaneamente, fazendo os pés deslizarem em círculos, criando uma dança estranha que terminou com uma pedrinha voando contra a testa de Ruki. O menino resmungou esfregando a testa, mas não conteve um sorriso. Aquilo parecia divertido.

Pegou algumas pedrinhas e ficou encarando como o líder as movimentava pelas mãos. Era semelhante a como vinha atirando as facas de uma mão a outra, porém, muito mais complexo. Envolvia um brilhantismo na hora de agarrar sem derrubar as demais, em usar o corpo como uma expressão própria, a saber sincronizar cada detalhezinho. Se estivessem na instituição, ele choramingaria que não era capaz, provavelmente. E receberia um sermão.

Eles não tinham mais tempo para aquilo. Não estavam mais seguros, o estado de Ichiroku era prova mais do que suficiente. Sem crescer, mesmo que forçadamente, acabaria do mesmo jeito, quiçá até pior. E ao mesmo tempo em que o mero pensamento, tão caótico, lhe causava um arrepio na espinha e um gelo em todas as células do corpo, também enchia seu peito com uma chama confusa e sem contornos, onde vingança e determinação se misturavam arrancando as cores apaixonadas e transformando em nada além de breu.

Começou a imitar os movimentos do líder. As sobrancelhas vincaram, transformando seu rosto numa massa de irritação e concentração. — Oh, aí está o menininho intimidador — Sango debochou durante o ensaio de movimentos, com o sorriso típico de sua falta de caráter. Ruki não reclamou, sequer deu atenção a sua expressão. Aquilo também não importava – nada daquilo tinha efeito no que estava tentando fazer.

Após uma rodada de ensaio, Sango parou de se mover. Deixou para a criança experimentar sozinho. A pedra voando na direção da mão, os pés se movendo juntos. Começou errando, o objeto passando perto de seus dedos sem ser agarrado. Ruki estalou a língua no céu da boca, frustrado. Mas não desistiu. Continuaria até compreender o funcionamento daquilo. “Não posso continuar sendo fraco”, ele se agarrava ao pensamento a cada nova tentativa. Já era noite, mas ele não queria interromper aquilo.

Ele iria até o fim com tudo que tinha.

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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoSeg Abr 19, 2021 4:03 pm

Treino aprovado.
Recompensa: +1 Destreza
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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoSeg maio 03, 2021 3:57 pm



CAPÍTULO 9


DANÇA DAS PEDRAS, PT2

As mãos dele continuavam doendo. Atirar pedras era uma tarefa complicada, embora estivesse começando a pegar o equilíbrio daquilo. Cada disparo começava a ter uma precisão maior contra o alvo imaginário que havia feito na árvore. Ele ainda não conseguia ter a noção, mas não era apenas suas mãos que estavam se aprimorando após tantas horas repetindo os mesmos gestos. Sango sim notava e entendia, mas também entendia outras coisas: ele não era uma criança normal. Apesar de estarem desde cedo naquele treinamento, muitas coisas o líder não havia explicado. Ruki naturalmente se adaptava e compreendia, digno de um prodígio. Os movimentos endurecidos de antes, simples disparos das mãos, agora tinham um gingado próprio, fazendo com que seu corpo se mesclasse a toda ação e desse mais brilhantismo no momento do ataque. Aos poucos, ele foi adicionado tudo que havia dito ou não em movimentos precisos para acertar o alvo.

Ruki não sabia disso, e por muitos anos continuou sem entender plenamente. Em sua cabecinha tão jovem, ele estava apenas se esforçando e qualquer um poderia fazer a mesma coisa com sua determinação. E sua determinação era enfrentar quem havia deixado seu amigo à beira da morte – e isso ele sabia que era uma coisa enorme. Portanto, quando atirava uma pedra para a mão direita, a sua dominante, e então contorcia-se num giro de base fixa como um jogador de baseball, ele estava apenas tentando ser melhor do que no disparo seguinte; e conseguia. Sua memória muscular tinha uma aptidão incrível.

Sango parou de falar depois de cerca de duas horas. Isto, pois, o menino estava completamente focado na atividade. Um punhado de pedras estava na canhota, pois aquilo ainda era um desafio de uso. Fazia movimentos cada vez mais suaves, se aproximando, se afastando, e ficando em ação como um bailarino. Então quando se sentia preparado usava técnicas simples de malabares, entregando a pedra a sua melhor mão e disparava. As pedras acertavam partes diferentes da árvore, enchendo sua casca de marcas superficiais. Embora estivesse mais hábil, ainda não tinha a mesma força de Sango ou da maioria dos outros amigos. Sango queria começar a praticar o físico, mas não tinha coragem de interromper a concentração do menino de sobrancelhas apertadas e lábios pálidos de tanto se focar. O líder saiu de perto e o garoto nem mesmo notou que estava sozinho.

Pisava firme, deslizava os pés, saltava usando as solas como bases firmes para não escorregar e cair. Movia o tronco, os quadris, os ombros se posicionavam e então lançavam-se ao som das pedras cortando o ar e acertando a árvore. O suor nas laterais do rosto de Ruki só provavam sua determinação. A última pedra na mão esquerda chamou sua atenção. Diferente das outras, ele decidiu tentar algo novo. Misturar qualidades únicas. Atirou-a para cima, deu um salto para frente em cambalhota e agarrou a pedra ainda no ar. A mão agarrou a pedra e o giro do corpo fez com que o disparo fosse feito quase de imediato; o sólido atingiu em cheio o centro do casco, exatamente onde ele imaginava o centro de seu alvo.
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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoSeg maio 03, 2021 4:49 pm



CAPÍTULO 10


ULTRAPASSANDO LIMITES

— Pausa! — Sango voltou enquanto Ruki botava as mãos nos joelhos e respirava pesadamente tentando se recompor. O menino se virou e viu o líder trazendo comida para ambos. Num suspiro, ele aliviou os ombros e se aproximou do mais velho que tomou assento numa pedra. Ruki segurou o pedaço de carne ainda quentinho e deu uma mordida cheia de força. — Ei, pega leve aí.

Ruki lançou um de seus olhares assassinos. Sango riu. Era quase como dois irmãos lado a lado. Ambos se viam assim, além da amizade. A criação os tinha dado os momentos suficientes para uma relação dessa natureza nascer. Enquanto comia, o menino recolheu uma pedrinha e ficou mexendo entre os dedos, mantendo seu treinamento. Sango suspirou. — Não adianta nada ter habilidade e nenhuma força — explicou e tirou a pedra da mão dele. Apertou a rocha dentro do punho fechado e ao abrir os dedos apenas o pó caiu.

— Como você fez isso?! — Ruki quase derrubou seu pedaço de carne, pegando uma pedra e aplicando toda sua força nela enquanto continuavam conversando.
— Força. Muita força…, ok, nem tanto. Mas você precisa ficar mais forte se quiser realmente fazer alguma diferença. Quando estivermos voltando lá, precisaremos conseguir atacar a distância e nas sombras. Quase como os ninjas fazem. Então precisamos que você atire um pouco mais forte.
— Mas eu não vou ficar muito mais forte da noite pro dia…

Sango enfiou os dedos nos cabelos vermelhos do menino e lhe descabelou.

— Com certeza, por isso só faremos um movimento dentro de uma semana. Não podemos também deixar nosso companheiro para trás. Conversei com os outros, e vamos todos nessa missão. Mas precisamos de uma semana pelo Ichiroku.
— Entendi…


Ruki abaixou a cabeça terminando seu pedaço de carne. A culpa ainda lhe corroía. A falha na sua investida furtiva acabara naquela tragédia. Precisava ser melhor o mais depressa possível. Atirou o osso que sobrara de seu pedaço contra a grama e ficou encarando o líder esperando uma conclusão de pensamento. Sango comia calmamente.

— Flexões. Pode começar. Vamos reforçar esses bracinhos de caniço.
— Certo! —
Ruki gritou descendo da pedra e se derrubou com as mãos no chão, começando os movimentos… extremamente lentos.

Ele não tinha costume de fazer exercícios físicos como os outros mais velhos. Chamavam aquilo de inútil, pois ele nunca seria forte como eles. Então após fazer duas flexões acabou despencando com o peito contra o chão. A dor lhe fez estalar a língua contra o céu da boca. Sango cruzou as pernas, mudando a expressão para um típico deboche entre eles. Ruki forçou as mãos no chão outra vez, os músculos de seus braços doeram e ele se lembrou do momento que precisou tentar carregar o amigo à beira da morte. Foi como se toda aquela adrenalina voltasse ao seu corpo e ele conseguiu sustentar-se novamente e recomeçar a tentativa.

Mais duas flexões e uma queda. E então a fúria o fazendo se erguer. E então foram três flexões. Mas outra queda. Girou de barriga para cima, olhando o céu noturno por entre as copas das árvores. “Eu preciso crescer”, ele resmungou para si mesmo, “eu não posso continuar falhando com quem amo”, o pensamento o fez notar que não podia simplesmente ser derrotado para seus limites – ele não queria nunca mais se sentir assim. Por isso continuou insistindo naquele exercício aparentemente simples, mas com tamanho significado… até seu corpo desabar e ele ficar inconsciente.
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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoSeg maio 03, 2021 6:10 pm



CAPÍTULO 11


QUEBRE A PEDRA

Uma pedra cortou o ar em alta velocidade e acertou o tronco da árvore tirando uma pequena lasca. Outra veio em seguida, tão forte quanto. Ruki estava numa distância maior desde o primeiro treinamento cinco dias antes. Seu olhar também tinha uma expressão diferente muito mais focada e determinada. Aliando sua destreza, suas habilidades físicas e a força bruta, ele começava a pegar o jeito. No dia seguinte ao desmaio, ele acordou assustado achando que a invasão tinha acontecido. Mas só enxergou o amigo inconsciente e ferido ao lado em uma cama improvisada assim como a que ele mesmo estava. Os amigos estavam conversando baixinho afastados, permitindo que os dois descansassem. Ele aproveitou para escapar e ir seguir os treinamentos físicos como Sango havia lhe dito.

Começou uma série de exercícios diferentes baseado no que ele lembrava vê-los fazendo, mas adicionando um toque seu. Flexão, abdominal e depois alguns lançamentos de pedras. Entendera que sua força o permitiria ter mais alcance, então nos primeiros disparos com a distância entre ele e a árvore alterado, as pedras não chegaram nem perto de acertar o casco. Então ele adicionou agachamentos e socos contra o ar como Ichiroku fazia. Queria tanto ficar mais forte que não se lembrou nem mesmo de comer. Foi Nani quem apareceu no meio do dia levando comida e logo o deixou sozinho. Ruki estava hiperfocado em ficar mais forte, nada lhe tirava aquele sentimento. Pois quando parava, mesmo que para comer, a cena do amigo ensanguentado surgia em sua cabeça e ele fazia alguma coisa para se exercitar – pegava pedras para amassar ou atirá-las, ou pegava outras maiores para ficar utilizando como pesos.

Pelo terceiro dia, ele estava conseguindo atirar as pedras mais perto do tronco, embora ainda faltasse força. Apertar as pedras não causava apenas escoriações em suas mãos, elas começavam a rachar entre seus dedos. Sango não apareceu mais. Apenas Nani vinha e lhe dava comida. E ele preferia assim, pois acreditava que não devia ver o rosto de Sango até ter melhorado de verdade – até se sentir mais útil. Sem perceber, ele estava fazendo de tudo para ser útil, não para se tornar alguém capaz de qualquer coisa.

Seus movimentos estavam precisos no roteiro que ele mesmo criara. Os pés acertavam os passos da dança mortal inventada para acertar pedras num casco de árvore. A pressão exercida nos músculos começava a fazer com que, de acordo com a proximidade, as pedras tirassem lascas maiores da árvore. As pedras que ele continuava esmagando na hora do almoço se espatifavam cada vez mais… até que conseguiu pela primeira vez quebrar a pedra no seu punho fechado. E então ele resolveu voltar a atirar pedras.

Primeiro, na distância inicial. O golpe foi forte, a pedra cravou firme contra a madeira. Depois, alguns passos para trás. Ainda acertando. E mais outros metros. E a força necessária ficava maior. Mas ele conseguia alcançar o alvo com uma boa precisão, sentindo os músculos e ossos funcionando em sincronia. Na distância máximo que conseguia nos últimos dais, ele disparou duas vezes sozinho. Na terceira vez, Sango aplaudiu.

— Está pronto?
— Sim!


Sango reprimiu um sorriso, mas o menino sentiu que estava dando orgulho ao amigo. E aquilo, por si só, fez tudo valer a pena.
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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoSeg maio 03, 2021 8:06 pm

Treinos de atributo [2x Força 1x Destreza]: Aprovados;


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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoTer maio 04, 2021 9:44 am



CAPÍTULO 12


A PRIMEIRA MISSÃO

— Então… estamos todos prontos? — Sango perguntou ajeitando o manto escuro que escondia seu corpo nas sombras. Ao redor dele, posicionados de forma aparentemente irregular, todos os seus companheiros com exceção de Ichiroku. Ele havia voltado a consciência, mas não tinha forças para fazer o que eles estavam prestes a realizar. O líder olhou para o menino, o menor do grupo, e assentiu dando-lhe um sinal. Ruki respondeu da mesma forma. — Certo, então essa noite iremos roubar muito mais coisas, mas, principalmente, iremos matar quem quase matou nosso amigo.

— Sim! — as vozes se misturaram em uníssono.

O plano deles era simples, e tinha sido montado enquanto Ruki ficava mais forte. Hachini, usando suas habilidades furtivas, havia ido até a vila descobrir mais sobre o funcionamento daquela cidadezinha. Tinha descoberto que a mulher de quimono não era uma pessoa qualquer, mas uma espécie de “dona” daquele espaço. Se dizia uma antiga ninja e assim se aproveitava para proteger a vila e manter sobre seu controle, recolhendo impostos e ameaçando comerciantes. O espaço havia se tornado uma espécie de yūkaku e aquela mulher era a cabeça por trás de tudo. Com essas informações, o pequeno grupo de abandonados havia bolado uma estratégia que se baseava em invadirem o casarão onde ela residia e matá-la. Sango dizia que era a melhor solução de vingança.

Ruki apenas aceitou. Ele mesmo nunca havia matado ninguém, não sabia sequer se conseguiria, mas sentia que precisava ser capaz. No entanto, sua tarefa não seria assassinar ninguém a primeiro momento. Ele seria um suporte, nada mais. Acharia o melhor ponto e se esconderia usando as facas do orfanato para acertar inimigos em pontos cegos dos seus amigos enquanto eles invadiam o casarão.

— Começar a missão!

Os mantos bateram avoaçados contra a ligeira brisa, todos partiram em posições combinadas anteriormente. Ruki tomou certa distância dos demais, andando por dentro das sombras desde a floresta. Pendurado em sua cintura, a bolsa com as facas balançava a cada movimento mais brusco. Jogava-se para trás das árvores, se abaixava, mantinha-se numa distância segura para acertar disparos com as armas brancas se necessário e estava sempre observando espaços para se esconder. De acordo com o líder, se ele fosse pego e o grupo perdesse o atirador tudo estaria terminado. Para todos.

“Eu preciso ser útil”, foi o pensamento dele na maior parte do trajeto. Avançando, o menino logo se tornou invisível até mesmo para seus amigos. Ainda precisava de melhorias em sua forma de manter-se escondido, mas, assim como no lançamento de pedras, ele parecia estar se adequando e entendendo o funcionamento daquele novo estilo.

Tornando-se um com as sombras ele logo chegou próximo à entrada da vila. Os membros continuaram em frente rumo ao portão principal. Precisavam manter as possíveis atenções fora do menino. Eram as ordens de Sango. Enquanto isso, ele continuou se mantendo afastado. Escalou um dos muros num movimento de impulso contra a parede e ligeiros golpes com os pés até os dedos se firmarem na base. Os treinamentos físicos começavam a mostrar resultados quando forçou as mãos e se ergueu colocando a cabeça por cima e observando a vila. Num giro, ficou de cabeça para baixo na borda do muro por um instante antes de descer até o chão sem dificuldades e então correu abaixado para trás de uma casa.

Os outros acessaram a vila e ficaram atentos aos arredores. A missão estava começando. Ruki respirou fundo e fechou a expressão em seu rosto. Ele sabia que falhar era proibido.

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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoTer maio 04, 2021 10:22 am



CAPÍTULO 13


SILHUETAS NAS PAREDES

Ruki estava nervoso. Mais do que isso, ele estava beirando o pânico. Seus nervos estremeciam ao toque do vento, o coração acelerado podia ser ouvido a quilômetros de distância e o suor escorrendo nas laterais do rosto não eram de cansaço. Os movimentos do grupo eram simples – buscavam sinais de guardas ou pessoas que pudessem demonstrar resistência à invasão deles. No entanto, era madrugada. As pessoas deviam estar dormindo. O menino, por outro lado, tinha que ter muito mais cuidado. Todos os seus movimentos eram minuciosos. Cuidava onde pisava, no que encostava e em como manter-se fora do alcance da visão até mesmo de seus companheiros.

O casarão que buscavam ficava localizado nas entranhas da pequena vila. Tinha dois andares e uma aparência luxuosa destoando do resto da região. Peças tradicionais enfeitavam os arredores e um pequeno jardim se abria com uma fonte entre pedras. Tudo escolhido a dedo para evocar o sentimento de pertencimento daquele povo, mantendo as aparências. Ruki chegou pela lateral da mansão cujo muro era alto suficiente para lhe dar algum trabalho de escalada. Sobre o muro, ficou olhando os amigos chegando. Notou luzes internas e sombras passeando em direções opostas, assim como silhuetas se misturando como serpentes prestes a se devorarem. Faltava maturidade para entender o significado daquela cena.

Um segurança se aproximou de uma das janelas. Ruki abaixou a cabeça, mantendo o mínimo possível de seus olhos para vê-lo. Grandalhão, parecia capaz de quebrar qualquer um dos amigos com facilidade. Ele não tinha visto-os ainda. Ruki olhou a posição deles e se não estivesse enganado, acabariam sendo descobertos. Ergueu devagar o corpo e tomou uma das facas na mão direita, o frio dela causou um arrepio profundo que acertou até seu coração. Sabia o que precisava fazer, mas estava aterrorizado com a atitude. Acertar um homem com aquela arma poderia ser fatal – e também podia apenas sinalizar a presença deles.

Paralisou a mão no meio do caminho sem saber como reagir. Não tinha se preparado tanto assim. Qual seria sua atitude? Teria precisão suficiente? Olhou para os lados e encontrou outra janela. Nenhuma luz ou silhueta se projetava dela. Devolveu a arma branca e tirou uma pedrinha, tinha levado algumas no meio das armas. Mirou naquela enorme janela e atirou o sólido que acertou em cheio estourando os vidros em centenas de cacos. A atenção do guarda se voltou ao fato, e ele saiu da janela enquanto seus amigos continuavam a movimentação. Ruki rapidamente mudou sua posição, para se manter nas sombras, mas agora também precisava entrar no casarão assim como os demais estavam prestes a fazer. Todos de forma separada foram atrás de formas de acesso no primeiro andar. Caberia a ele entrar e dar cobertura de algum modo… portanto ele tomou impulso do muro contra a janela onde o segurança estava antes, torcendo para não ser visto.

Agarrou-se ao parapeito e forçando os dedos observou a posição do guarda. Não havia ninguém no extenso corredor. Os detalhes tradicionais japoneses também estavam enfeitando o interior e agora ouvia também sons de instrumentos de cordas, risos e gemidos baixos. Colocou-se para dentro e seguiu abaixado com passos suaves, mas rápidos ansioso para encontrar uma conexão com o térreo.

Ouviu um barulho muito atrás dele, uma porta batendo. Procurou um acesso. Viu uma porta entreaberta, onde uma suave luz escapava para fora em tons vermelhos. Se aproximou agachado e empurrou suavemente a madeira, apenas o suficiente para entrar sem barulhos. Tocou numa estante e se encaixou no espaço vago dela, onde ficariam decorações. Escondido nas sombras, puxou o capuz de seu manto e viu silhuetas sendo projetadas numa das paredes graças à luz vermelha; mãos deslizavam… uma cabeça buscava leite… risos baixos ecoavam como vozes fantasmagóricas. Ruki não entendia aquelas quase-imagens, mas sabia que se as pessoas donas das sombras o vissem tudo estaria perdido.

Observou pelo canto da estante direto para a fresta da porta, aguardando o momento em que o guarda continuasse em frente e passasse por ali… ele só não sabia quanto demoraria.

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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoTer maio 04, 2021 11:00 am



CAPÍTULO 14


CONTRA A JANELA

As silhuetas ficaram numa única posição; a mão de uma delas se abaixava e desaparecia na outra. Ofegos começaram a crescer dentro do quarto. Ombros subindo… descendo… subindo… Ruki começou a ficar nervoso com aquilo. Sua respiração pesou num instante e ele botou a mão sobre a boca.

— Você ouviu alguma coisa? — uma voz masculina sussurrou.
— Não, querido, você quer que eu termine assim? — uma voz feminina e meiga questionou de volta.

Ruki começou a acalmar a respiração com medo de acabar sendo visto. A cabeça do homem, pelas sombras, rejeitou a proposta e então os rostos se uniram. As silhuetas voltaram a se mesclar, dessa vez com uma delas subindo sobre a outra. Um breve resmungo atravessou o ambiente seguido de um suspiro. Uma risadinha seguiu e o menino voltou a olhar na direção da porta, já não sabia mais onde era melhor estar. Pensava em seus amigos e as dificuldades que eles podiam estar enfrentando no momento em que ele ficara preso num quarto com dois adultos fazendo coisas de adultos. Mordiscou o canto do lábio, incomodado. Então viu uma sombra se aproximando. A voz da mulher se elevou ligeiramente, ainda doce e manhosa. Ele acabou olhando as silhuetas novamente. Um corpo subindo e descendo. Voltou-se à porta, pés passaram pela frente dela e seguiram. Aquela era sua deixa.

Lentamente, mantendo o capuz e o corpo baixo, Ruki saiu da estante e foi até a porta. Tocou os dedos na fresta com cuidado para passar nela apertado como antes. O deslizar do manto no chão fez ruído. Mas ele não parou por isso – tinha a sensação de que caso parasse pelo medo acabaria morto. Escapuliu pela porta, puxando o manto rapidamente e ainda ouviu o homem resmungando: — Merda, eu ouvi… ah, eu não aguento mais…

Ruki não tinha o menor interesse em saber o que ele não aguentava mais. O guarda novamente não estava em seu campo de visão. Olhou para trás, onde não viu nada. Seguiu em frente, onde esperava não encontrar ninguém. Seguiu até uma porta que estava aberta e espiou para dentro. O segurança de antes estava na janela, como anteriormente. Observava a noite e o que ela trazia consigo. Estava perto suficiente para ser possível derrubá-lo sem causar alvoroço. Para isso, no entanto, ele teria de conseguir entrar e seguir até ele sem dar maiores sinais. Pelo tamanho do homem, nenhum treinamento feito às pressas poderia ajudá-lo num combate físico. Chegou próximo da porta lentamente e olhou dentro onde poderia se esconder se fosse necessário. Tinha uma cama, a mesma estante, e as sombras dançavam em vários cantos uma vez que apenas a lua iluminava o recinto.

A imagem de Ichiroku cheio de sangue veio em sua mente quando colocou o pé no interior do cômodo. Uma lembrança rápida, como um flash. Seu coração acelerou furioso. O homem à sua frente podia não ter sido quem machucara seu amigo, ele até talvez nem soubesse do fato; mesmo assim, ele fazia parte de tudo aquilo.

As bochechas do menino ficaram tão vermelhas quanto seus cabelos. Moveu-se como uma sombra rápida. O capuz caiu para trás, o balanço do tecido contra o chão fez o barulho rastejante de uma serpente. Os passos estavam calmos, até que não mais. Pisou mais firme e o homem se virou soltando um huh? desconsertado. Olhos se cruzaram uma única vez. As mãos da criança encostaram contra os quadris do grandalhão com toda sua força. Pela surpresa, ele não conseguiu se firmar a tempo. Aconteceu muito depressa. O corpo do homem tombou para trás, os braços sacudiram no ar e as pernas moveram-se sobre seu corpo. No instante seguinte, o nada. Um barulho duro contra o chão no andar debaixo seguido de um suspiro. As mãos dele tremiam.

Mas ele não teria tempo para lidar com o sentimento que estava lhe corroendo a espinha. Um grito feminino ecoou em todo o casarão. A missão de infiltração sorrateira tinha acabado. Ruki virou-se para a porta, assustado, e torceu para ser capaz de fazer alguma coisa… qualquer coisa.

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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoTer maio 04, 2021 3:39 pm



CAPÍTULO 15


DESCOBERTOS

Inconscientemente, o menino abandonou a furtividade. Correu buscando algum sinal de onde vinha tal grito de horror. Era no andar abaixo de seus pés, com certeza, porém, tentava saber se era uma das pessoas do casarão ou uma de suas amigas. Passou como uma flecha pelo corredor até chegar na escadaria dividida em duas com uma amplo espaço para se ficar. Dali, ele podia enxergar o térreo luxuoso, com muitas peças decorativas e outra fonte no centro. Uma verdadeira mansão. Parou com as mãos na proteção e viu uma mulher usando quimono caído pelos ombros, quase nua, correndo aos prantos. Logo atrás dela, a imagem de Kai se misturava aos tons vermelhos do ambiente graças ao sangue respingado sobre ele. Seus olhos estavam estalados, fugindo da realidade; em choque.

— O que aconteceu? — Ruki berrou.
— Seu merdinha — ouviu uma voz logo atrás dele e virou-se em reflexo.

Um homem usando as mesmas roupas escuras do outro segurança jogou os braços sobre o menino para agarrá-lo. Ruki forçou as mãos na barra de proteção e jogou o corpo por entre os braços do inimigo, escapando numa acrobacia que lhe rendeu interromper o ato plantando bananeira no corrimão. O homem piscou duas vezes e o menino desceu as pernas encaixando-as nos ombros dele. Com seu equilíbrio, conseguiu não apenas se soltar da madeira como também subir no inimigo. Desesperado, as mãos do homem balançaram na direção do rosto de Ruki, que prontamente desviou montado nele.

— Sai de cima de mim!
— Ok —
Ruki esticou as pernas e forçou as solas contra os ombros dele.

Enquanto o menino afastava-se para trás, pelo ar, o homem se desequilibrava contra o corrimão e despencava dentro da fonte d’água abaixo. Ruki pousou no chão sem nenhuma leveza. O manto começava a lhe incomodar, então retirou-o deixando derrubado no chão como se não fosse importante. Voltou os olhos para Kai, que continuava em choque. Pegou uma pedrinha em sua bolsa e disparou na cabeça do amigo que sacudiu a cabeça.

— Pode me falar o que aconteceu?!
— Fomos descobertos. Eu matei um cara, ele estava… precisamos nos reagrupar —
Kai esfregou as costas da mão sobre o sangue em sua bochecha. Botou os dedos na boca e assoviou como haviam combinado horas antes. — Desce daí, moleque — resmungou chegando mais perto das escadas.

Ruki assentiu e outro baque ocorreu, dessa vez numa porta se quebrando com uma pessoa rompendo-a. Atrás vinha Sango com Nani ao lado, os olhos do líder completamente vidrados em fúria. Ruki deu um salto e girou no ar, equilibrando-se no topo da fonte. Naquela posição ninguém poderia acertá-lo. Sango limpou as mãos as batendo e verificou todos os companheiros. Faltava uma. As sobrancelhas dele se expressavam claramente quando algo estava errado.

— Mandei ela ficar do lado de fora para suporte — Kai explicou, as bochechas levemente vermelhas.
— Tudo bem. Conseguiu alguma coisa, Ruki? — Sango olhou forçando um sorriso.
— Adultos fazendo coisas estranhas.

Os três riram juntos se aproximando do centro do salão. Ruki franziu as sobrancelhas, não entendendo a graça. Saltou da fonte para o chão, flexionando os joelhos e acabando numa postura atípica, agachado. Sango esfregou os dedos nos cabelos rubros dele os bagunçando e ele puxou a cabeça para o lado num resmungo.

— Ora, ora, eu realmente não esperava que fossem voltar aqui — a voz feminina ecoou.
— Em posição! — Sango ordenou, mas nem era necessário. Kai, Nani e ele tinham ficado com a guarda alta no exato momento que a voz da mulher surgira. Ruki ficara entre eles como se estivesse sendo protegido.

Com seu quimono elegante e acompanhada de dois homens em vestes simples, a mulher daquele dia surgiu no topo da escada, observando-os enquanto fumava em seu kiseru com os lábios vermelhos manchando-o levemente. Seus olhos tinham pinturas que os deixavam afiados como os de uma raposa, dessa vez suas roupas estavam num tom vermelho revelando mais de suas curvas. Sango cerrou o punho furioso, e Ruki lembrou como ele agiu estranho no último encontro deles.

— Eu vou acabar com ela.
— Ah, vai? Matem-nos —
a voz dela ficou grave na última palavra.

Os homens saltaram na direção dos jovens e um terceiro se ergueu da fonte. Os adolescentes se colocaram para frente, lado a lado, e Ruki andou para trás tomando certa distância segura. O tamanho dos inimigos era suficiente para ele saber que morreria lutando corpo-a-corpo. Agarrou uma faca com sua mão destra, pronto para disparar caso fosse necessário e sentiu-se preso no instante seguinte. A faca caiu. Olhou para trás e encontrou o rosto do inimigo empurrado da janela, o sangue escorria em cascata em sua testa.

Ruki tentou se debater para se soltar, mas a força dele era maior. Os amigos começavam suas lutas individuais. Ele sabia que ninguém apareceria para lhe ajudar, exceto ele mesmo. Fechou os olhos se concentrando. “… Você precisa ficar mais forte se quiser realmente fazer alguma diferença…”, ele lembrou de Sango falando aquelas palavras e jogou a cabeça para trás acertando em cheio o nariz do guarda. O impacto forçou-o a cambalear para trás e abrir os braços e, neste momento, Ruki bateu os pés contra o peito dele enviando-o contra o chão e caindo em segurança, virado de costas para seus amigos e já puxando outra lâmina para enfrentar o inimigo.

— Eu definitivamente vou te matar seu merdinha! — o homem rugiu com sangue gotejando da ponta de seu nariz torto.

O menino apontou a lâmina na direção do inimigo e se preparou para a maior luta de toda sua vida até então.

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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoTer maio 04, 2021 8:24 pm

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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoQua maio 05, 2021 11:42 am



CAPÍTULO 16


VERMELHO

Ruki não tinha habilidade alguma em combates. Quando estavam na instituição, ele apenas assistia os mais velhos brigarem e, eventualmente, fugia das coisas. Não era medroso ao ponto de não encarar uma briga, só não era forte suficiente. Mas diante daquele inimigo com os punhos erguidos para socá-lo até a morte, ele não tinha exatamente uma decisão a fazer. Fugir afetaria o resto dos amigos que lutavam suas próprias batalhas contra os capangas daquela mulher. Levantou um pouco mais sua lâmina e o homem avançou em sua direção como um cão selvagem. Naquele mero instante, em que o corpo avançava com um brilho escarlate na testa, Ruki viu que empunhar uma faca seria inútil – ou assim seu cérebro interpretou no momento de adrenalina.

Num salto, ele passou por cima do homem. Se tivesse pensado mais rápido teria aproveitando para realizar um corte nos ombros dele. No entanto, apenas quis se esquivar. Pousou os pés no chão e sentiu as pernas tremerem. Medo? Excitação? Confuso com as próprias sensações ele disparou a faca com precisão, acertando o indivíduo na coxa. Um grito escapou dos lábios do grandalhão, virando-se com a expressão vermelha no rosto. Sem arrancar a arma como o menino pensou que aconteceria ele seguiu novamente contra ele, dessa vez desferindo socos rápidos. Desviando em saltos ora breves, ora longos, o menino bateu com as costas numa parede e ficou encurralado.

— Eu disse que ia te matar seu merdinha — ele arrancou a faca de sua coxa e girou entre os dedos enquanto se aproximava da criança. — Uma pena morrer tão cedo, sequer poderá experimentar uma dessas casas.

Ruki procurou rapidamente ao seu redor. Podia tentar sacar uma faca, mas sabia que perderia na disputa física. Então teria de fazer mais de suas acrobacias típicas, lembrando das épocas fugindo na instituição. A sombra do inimigo o cobriu e ele, o reflexo da lâmina urgia em carmim. Ruki saltou flexionando os joelhos e os bateu na parede atrás de si. O impulso lhe jogou na direção do homem e, numa volta, ele se agarrou aos seus ombros, ficando de ponta-cabeça. Os braços deslizaram lhe envolvendo o pescoço e o corpo caiu para trás puxando o inimigo e virando-se para evitar um esmagamento. Movimentos complexos, mas que ele dominava bem. A flexibilidade de seu corpo mesclado a velocidade e tamanho ajudavam ainda mais.

Com um resmungo, o homem se desequilibrou e caiu no chão e o menino foi cambaleando para trás, distante da parede, observando a queda do adversário. Respirou fundo sacando uma faca e disparando rapidamente. O fio da arma cintilou contra o ombro e o sangue verteu com a perfuração. Ruki sentiu um calafrio corrompendo sua coluna inteira ao notar o que estava fazendo: ele estava tentando matar uma pessoa. Virou o rosto buscando os amigos esperando, de forma inconsciente, que algum deles pudesse fazer aquilo no lugar dele. Tudo que viu foi sangue espalhado, e não mais apenas nos inimigos.

O homem forçou o cotovelo e os joelhos no chão para se levantar. Ruki voltou sua atenção ao inimigo que puxou a faca a lançando de volta contra ele. A precisão era inferior, bastou um desvio rápido flexionando o tronco. Com o rosto, o ombro, a coxa e a testa em tons vermelhos, ele se equilibrou até ficar em pé novamente. Ruki sentiu lágrimas se aproximando e as segurou firme – ele não podia chorar, não ainda.

Primeiro ele precisava matar uma pessoa.

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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoQua maio 05, 2021 1:52 pm



CAPÍTULO 17


NINJA

Só faltava-lhe a coragem.

Ruki não era um menino mal. Ele comia todo o jantar mesmo quando não gostava da refeição. Era grato pela ajuda de seus amigos, e sempre quis ser o melhor possível a todos ao seu redor. Chamavam-no de intimidador e às vezes era apenas por ele ser sincero como pensava ser o correto. Quem mentia tinha um destino ruim, ele ouviu alguma coisa assim de um religioso que esteve no orfanato. Assim como quem assassinava pessoas. Essas pessoas seriam punidas, diziam. Sango questionou o religioso sobre os ninjas e soldados – e então ele disse que eram coisas diferentes, soldados, ninjas, eles eram forjados nessas circunstâncias. Ruki não entendia exatamente o significado de circunstâncias, mas entendeu que nunca poderia matar ninguém a menos que fosse um ninja.

Por isso a sua mão tremeu segurando a faca.

Ele sabia que, naquele momento, seria ele ou o inimigo. Um homem que ele não conhecia nem mesmo o nome. Deveria saber? Olhou novamente os amigos. Todos sofrendo com o combate. Seu papel naquela invasão era estar ajudando-os com as habilidades treinadas com muito esforço. Voltou-se ao inimigo que se aproximava. A mão continuava trêmula. As lágrimas encheram seus olhos e caíram. Um sorriso maléfico surgiu das sombras que era o rosto do inimigo. — Eu vou acabar com isso rápido, não precisa chorar — ele falou estalando os dedos, as sobrancelhas marcadas pela sua seriedade. Abaixou-se pegando uma das facas de antes, ainda manchada de sangue e mostrou sua destreza ao fazê-la dançar entre os dedos.

Ruki respirou fundo para conter as lágrimas, sem sucesso. Precisava ser forte, precisava fazer o que fosse necessário. Então o corpo do adversário veio para cima, movendo a lâmina como uma pequena espada. Ruki desviou, abaixou-se e rolou por debaixo das pernas dele. Dessa vez, aproveitando para brandir a lâmina num corte rápido e superficial numa das canelas dele. Suficiente para que um estalo escapasse pelos dentes trincados do homem em reflexo a dor. O menino girou o corpo graciosamente, disparando a faca contra as costas dele acertando-a em cheio numa das omoplatas. O corpo balançou para frente e ao se virar, o homem ficou atônito.

As lágrimas rolavam nas bochechas rosadas do garoto, mas suas sobrancelhas não tinham mais a expressão assustada. Não, elas estavam firmes. Sérias. Focadas. Escutou um de seus amigos arfar de dor. Não desviou a atenção. Botou a mão pequenina dentro da bolsa e sacou outra arma branca. — Qual o seu nome? — ele perguntou ao homem que franziu o cenho confuso com a pergunta. Sem responder, cortou o espaço entre os dois num pulso. A faca viajou na sua direção, por cima do ombro, e cravou na parede.

Mais uma série de golpes, e dessa vez Ruki não se acanhou. Saltou usando as mãos para firmar-se no chão, jogou-se por cima dele, dançou ao seu redor demonstrando toda a sua flexibilidade. Entre os golpes, as facas caíam da bolsa direto na carne do segurança. O sangue borrifava, o metal molhava-se com mais ferro. Ruki mantinha a firmeza ainda que seu interior estivesse se deteriorando. Ainda que, a cada salto, precisasse muito fingir ser outra pessoa.

Arrancando as facas no corpo, com a mobilidade dificultada pelo sangue derramado e músculos cortados, o homem tentou um novo golpe. Ruki saltou apoiando-se no braço estendido dele com um equilíbrio mestral. Uma última faca escapuliu da bolsa entre aqueles pequenos dedos manchados de vermelho. De olhos fechados, ele atirou e escutou o som da perfuração do olho do homem seguido de um grito antes de toda constituição física da vítima estremecer e o derrubar. Ruki caiu de costas no chão, observando o teto. Sem coragem de conferir se ele tinha morrido.

“Eu serei um ninja”, ele pensou, “assim eu não serei um monstro por fazer isso”.  

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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoQua maio 05, 2021 4:07 pm



CAPÍTULO 18


ELE ESTÁ MORTO

Imóvel. Coberto do líquido vital. Nenhum ar. O homem estava morto – Ruki havia matado.

Sentindo-se entorpecido por um vazio absurdo, ele se aproximou do cadáver para recolher as armas e acabou de joelhos na frente dele. O estômago revirou. O cheiro fresco da morte tocou suas narinas. Ele não conteve o vômito. Derramou o pouco que havia comido horas antes de começarem aquele caos todo. Chorou enquanto despejava. A cabeça baixa fez algumas mechas vermelhas cobrirem sua face, ocultando, ainda que por um instante, seus sentimentos tão conflitantes. As mãos pequenas e normalmente pálidas estavam sujas. Vermelhas, escuras, molhadas, quentes, machucadas. E nada disso se comparava à mente, ou ao seu coração. Continuava chorando mesmo depois de vomitar com a testa contra o assoalho, tão próximo do cadáver que ainda sentia os resquícios de seu calor esvaindo-se aos poucos.

Ruki sabia os efeitos básicos da morte no corpo. Hachini tinha lhe dito antes de começarem a missão. Ele tentou repassar mentalmente algumas das coisas, principalmente sobre como poderia se sentir e os motivos. O estresse gerado em seu corpo se concentrava em sua barriga, em seus órgãos, através do sistema nervoso chamado pela amiga de “rede elétrica do corpo”. Levantou os olhos pensando nos ferimentos do homem. As pernas tinham cortes mais superficiais, mas ele tinha procurado uma forma de encontrar a veia principal do corpo que a moça lhe contara, explicando que era um jeito rápido de matar alguém. Acima da cintura, ele tinha acertado, principalmente, os braços em cortes rápidos, o abdômen com cravadas e as costas da mesma forma.

Ergueu-se para retomar as armas brancas, repassando mentalmente os pontos do corpo dele. A região do baixo-ventre, que ele tentara se aproveitar de sua altura para acertar, era uma região de complicada recuperação pelo sangramento excessivo e dificuldade em estancá-lo… fosse lá o que aquela palavra significasse. Nas costas, pensava nos pulmões quando atacava. Mesmo que a amiga tivesse lhe dito das proteções ósseas, acreditava que furar um pulmão arrancaria o ar. Mas, no fim, o verdadeiro golpe final havia sido aquele último em seu olho. A lâmina ainda estava perfurando o globo ocular – e se ela estivesse certa aquilo podia ter afetado mais. Segundo a moça aquele golpe devia ter acertado o “célebro” dele – ou era outra palavra?

Recuperou algumas facas manchadas de sangue e enfiou na bolsa. Os batimentos acalmaram antes de ele encarar os amigos. Sango tinha derrubado seu oponente e terminava de asfixiar o oponente de Nani. Kai não estava por perto. A mulher também havia desaparecido do topo das escadas. Sango forçou o pescoço do homem até provocar um estalo e o corpo despencou sem vida. Os dois cruzaram um olhar rapidamente. Sango não disse nada, mas não parecia irritado. Ruki olhou para os próprios pés, sentindo-se inútil.

— Vamos procurar aquela desrgaçada — Sango ordenou com a voz cansada e furiosa.

Ruki assentiu e seguiu atrás dos dois.

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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoQua maio 05, 2021 10:06 pm

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+1 Acrobacia Adicional. Gostei bastante do segundo treino, parabéns.


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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoQui maio 06, 2021 10:40 am



CAPÍTULO 19


SUBINDO OS DEGRAUS DA MORTE

Com a mão direita, ele tinha precisão.
Com a mão esquerda, ele tinha falhas.

Caminhando atrás dos seus amigos, vendo neles as marcas dos combates, o menino perdeu-se dentro de si. Sacou uma faca com a mão esquerda, aquela que ele não dominava absolutamente nada. Os olhos estalavam em sua face, quase como se estivesse apenas de corpo no ambiente cheio de sangue e destruição. Tentou fazer como seu inimigo, o qual não soube o nome até o fim, e fazer a lâmina dançar pelos dedos. A arma caiu logo na primeira tentativa, e ele apenas abaixou-se e recuperou, mantendo-se quase sem piscar; atrás daqueles olhos um filme continuava sendo rebobinado evocando uma série de sentimentos.

Os cortes sendo feitos ao longo do corpo do inimigo. O sangue borrifando. As gotas vermelhas se espalhando no chão. Tinha a impressão de ouvir os murmúrios das perfurações contra a carne dele. A faca se perdeu entre seus dedos, um corte superficial, e caiu no chão quando estavam nas escadas. Ele recolheu outra vez, mas seus olhos não estavam mais tão abertos. Jogou a faca na outra mão, fazendo-a bailar pelas juntas dos dedos sem dificuldade e segurou de novo com a canhota. Os degraus terminavam. Ele teria de lutar de novo. Inevitavelmente, ele teria que sujar suas pequenas mãos.

A faca continuava dançando entre os dedos, e ele começava a conseguir agarrá-la instantes antes de cair. Em seu rosto, um cansaço atípico para uma criança. Algo que nem ele mesmo tinha capacidade de compreender totalmente. Aquele era um mundo selvagem, com certeza, onde crianças viravam soldados muito cedo, mas ele não se encaixava nessa descrição. Era apenas um órfão, abandonado desde cedo, que se juntara àquelas pessoas porque não poderia viver sozinho nas dificuldades daquele universo cheio de riscos. Gostaria muito de ser como um dos heróis dos livros que Ichiroku costumava ler… seu peito doeu. A faca escapou no ar e seus dedos fecharam no ar.

Chegaram ao fim da escadaria e o segundo andar parecia fantasmagórico. Os adolescentes ficaram com as guardas altas. Portas fechadas começaram a se abrir lentamente com rangidos estridentes. Ruki tomou a faca outra vez, segurando firme e notando um fio carmim descendo entre os dedos indicador e médio. Respirou fundo. Ichiroku ainda não estava totalmente curado. A culpa era daquelas pessoas. Eles estavam fazendo coisas erradas sim, mas não por serem ruins. Não, eles não eram vilões na história. Ao menos não para o menino. Os culpados eram aquelas pessoas, aquela mulher e todo o mundo que havia abandonado todos daquele grupo. Sango costumava repetir muito que eram eles contra o mundo, mas Ruki não tinha entendido claramente até aquele momento.

Jogou a faca para sua mão dominante, não tinha tempo a perder tentando controlar as coisas com suas falhas. Eram eles contra o mundo – então eles precisavam vencer. Indiferente ao que aquilo custaria.

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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoQui maio 06, 2021 6:16 pm

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Re: [RPFB] Ruki e seus anos de peregrinaçãoTer maio 11, 2021 8:30 pm



CAPÍTULO 20


RUKI NAS SOMBRAS

Vencer. Eles precisavam vencer. Quando foi que as coisas ficaram daquele jeito? Os pensamentos do menino estavam tão confusos… segurava tão firme aquela faca, o cabo de madeira entalhada marcava-se com o suor e o sangue que fora derramado através da força bruta de uma criança selvagem. Sentia o corpo inteiro pedindo um merecido descanso depois de toda aquela tensão, a adrenalina fugia a cada leve respirar. Os olhos começavam a ficar cansados. Ruki não aguentaria mais muito enfrentando aquelas pessoas. Sango deu uma olhada para trás, ele também sabia. Ninguém mais ali aguentava lutar. Nenhum deles era, de fato, um lutador. Eram sobreviventes. Havia uma enorme diferença entre as duas coisas, embora muitos considerassem serem iguais.

Neblina começou a escapulir pelas portas quando elas abriram-se totalmente. Os abandonados colocaram-se em guarda. Ruki logo atrás girou a arma na mão, ficando numa posição favorável para se esconder. Mulheres com roupas tradicionais e rostos pintados saíram das portas em passos lentos, deixando os tecidos luxuosos rastejarem no chão. Eram cinco mulheres para quatro deles. Mas todos sabiam que se o garoto tentasse lutar de novo morreria. Nenhum deles estava disposto a colocá-lo na linha de frente. — Furtividade — Sango falou esperando que o menino compreendesse. Ruki assentiu preparando sua arma e botando a mão sobre a bolsa que carregava mais, pronto para iniciar o combate.

Os três avançaram contra as gueixas mais próximas. Ruki viu tudo se mover muito rápido, quase não teve tempo de reagir. Nani teve os pulsos segurados por uma das mulheres enquanto outra se aproximava dela. Sango se viu cercado por outras duas bastante semelhantes com seus cabelos pretos e longos. Kai tinha apenas uma, mas aquela mulher era hábil com as mãos. Ruki precisava ajudá-los do modo que devia ter sido desde o começo: nas sombras.

Observou a posição de cada um deles. De todos eles. Aliados e inimigos. Onde os pés estavam, onde suas visões alcançavam, e onde ele tinha espaço para atacar. Ainda precisava evoluir muito sua percepção, mas usava o que tinha no momento para se esconder nas sombras; nas sombras deles mesmos. Moveu-se como numa dança, deslizando os pequenos pés manchados de vermelho pelo solo, encaixando-se atrás dos companheiros.

Primeiro, atrás de Kai, que enfrentava apenas uma inimiga. Eles trocavam socos e chutes. Ruki chegou perto do amigo e deslizou metade de seu corpo para o lado, no espaço entre as costelas de Kai e o além. Dali, tinha a mira perfeita e uma distância segura. Avançou a mão para frente acertando no abdômen da mulher que soltou um engasgo sangrento e acabou recebendo um soco na mandíbula. Ruki afastou-se entrando numa das portas, aproveitando-se da névoa que pairava o lugar e mantendo-se agachado. Sentiu cheiro de sangue e tripas e precisou levar a mão à boca para não vomitar. Ainda tinha que continuar lutando e dando um jeito de ajudar os outros.

Pelas silhuetas na neblina, Kai derrubou sua adversária e começou a lhe acertar uma sequência de golpes. Ruki respirou fundo segurando firme uma nova arma. Ele não pararia até todas estarem derrotadas.

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