一緒に強い

Issho ni tsuyoi

Verão de 1244
Inicialmente nos pátios da academia, Kirigakure no Sato

Espaço reservado para as narrações de uma RPFB, ou seja, uma narrativa no passado estritamente fechada envolvendo @Naoko e @Ruki. A postagem de terceiros só será aprovada em caso de avaliadores.

Issho ni tsuyoi pode ser traduzido livremente para "Mais forte juntos";

A garota batia os pés discretamente de forma impaciente. Aquele era um velho costume que havia adquirido onde refletia sua ansiedade, porém poucas pessoas sabiam desse pequeno detalhe… Ao menos ela acredita nisso. Um suspiro escapara pelos lábios da rosados enquanto a mesma erguia os olhos rapidamente para encarar o relógio pendurado na parede. — Atrasado… — Haviam poucas coisas capazes de irritar verdadeiramente Naoko e se atrasar era uma delas.

Sem ter muita opção do que fazer, a kunoichi se recostou em um dos cantos do pátio observando a movimentação dos estudantes da academia que passavam pela mesma com os olhos brilhantes encarando indiscretamente sua bandana com o emblema da vila. Novamente um suspiro, mas desta vez vinha carregado de satisfação enquanto a mesma se lembrava do passado – não tão distante – em que estava no lugar daquelas crianças.

— Ei moça, você é uma ninja né? — E por fim uma voz tímida soou no fundo dos pensamentos da morena fazendo com que a mesma voltasse para a realidade. Diante de Naoko se encontrava um pequeno grupinho. Aquelas crianças não tinham muito mais de dez anos e pareciam estar completamente curiosos e carregados de uma energia que a menina conhecia bem. A voz que havia lhe trazido de volta partia de uma menininha, cabelos claros e olhos fantasmagóricos que entregava sua origem nobre. — O que você realmente faz como ninja?

Por um instante Hiaru se questionou se aquela questionamento partido da criança era algum tipo de piada já que, espera que ao menos elas soubessem da importância dos ninjas para a nação afinal de contas, elas estavam estudando e se preparando para se unir a esse mundo também, não estavam?! Ao perceber, pelos olhos cada vez mais curiosos do pequeno grupo, a morena dera um pequeno sorriso torto – de fato, carisma não era o ponto forte da kunoichi – e dera de ombros enquanto soltava a bandana usada como braçadeira e apresentava diante das crianças. — Sim, você está certa menininha, eu sou uma ninja… Bom, nós temos muitas funções e a mais importante é manter todos vocês a salvo. — De fato Naoko falava a verdade, aquela era uma das funções primordiais, porém havia muito o que a mesma precisava aprender com sua nova função e apenas com o tempo e experiência iria aprender.

— Tá, mas você já fez alguma coisa importante? — Na segunda pergunta, Naoko sentira o arrependimento de lhe invadir enquanto tentava buscar uma resposta aceitável e que não fizesse com que a mesma se sentisse uma completa inútil já que havia se tornado genin a pouco tempo e não havia feito muitas coisas além de entregar encomendas, buscar coisas e cuidar de animais perdidos.

Hiaru engoliu o nó que se formava em sua garganta e então voltou a prender sua bandana sobre o braço esquerdo notando a feição de desapontamento das crianças. Não podia dizer que não havia feito nada, iriam achar que a menina era uma piada. E então uma ideia surgiu. A morena tentava fazer a expressão mais séria que conseguia e então cruzou os braços sobre o tronco antes de se abaixar sutilmente na direção do grupo: — Eu estou em uma tarefa de suma importância agora mesmo, mas é um segredo de estado! Estou esperando meu companheiro, mas como ele ainda não chegou, vocês vão ser meus ajudantes certo? —  Automaticamente as crianças arregalaram os olhos empolgadas sem perceber a artimanha da mais velha. — Pois bem, vocês vão andar pela academia e mais tarde, quando as aulas de vocês acabarem, vão me relatar se viram algo estranho. Conto com vocês!. — Com o final da falsa ordem as crianças partiram rindo empolgadas com toda aquela cena. Um riso baixo soou de Naoko enquanto voltava para sua espera monótona

Considerações:

Bolsa de Armas:

“PUTA QUE PARIU!”, era tudo que o jovem gritava em sua mente enquanto corria forçando as pernas além do que imaginava ser possível. Se fosse qualquer outro momento de sua vida e ele estivesse atrasado, ele não daria a menor importância. Acharia graça na hora e só depois ficaria se sentindo um inútil – mas aquele momento não era nada ordinário. Ele tinha um encontro com Hiaru Naoko! Bem… não era exatamente um encontro, mas qualquer chance que ele tinha de ficar perto da sua colega de classe ele encarava como uma oportunidade de conhecê-la melhor. Definitivamente chegar atrasado não seria uma boa forma de começar uma dessas oportunidades; e ele nem tinha tempo de pensar pelo lado positivo de talvez descobrir como ela reagia àquelas coisas ruins.

O motivo de seu atraso? Nervosismo. Tinha ficado tanto tempo pensando em como não parecer um idiota fracote que acabou perdendo a hora completamente. Saiu de casa ainda amarrando os cabelos para não ficar parecendo um selvagem e se pôs a correr como se não houvesse amanhã. A única vantagem que ele sentia era de que não precisava ir muito longe; eles iam se reunir na academia ninja. O mesmo lugar que há pouco tempo ele se dividia em dar atenção aos estudos e a presença da colega que sempre lhe chamava atenção.

“Pare de pensar essas besteiras”, ele finalmente conseguiu sair daquela linha de pensamento desesperado. “Lembre-se do que o Sango dizia: pensar demais no passado só serve para cavar uma cova no futuro”, continuou se acalmando a medida em que se aproximava da academia. Aliviou a velocidade dos passos quando viu crianças vindo em sua direção, já nos portões da academia, e tratou de ir se desviando delas agilmente.

— Ei, o que vocês estão fazendo? — grunhiu e as crianças pararam assustadas. Ruki parou encarando-as e elas se encolheram ainda mais. “Ah, é, eu devo estar com aquele olhar”, ele aliviou as expressões faciais tentando ser menos intimidador. — Vocês sabem se uma moça baixinha de cabelos pretos está por aqui? Ela é uma ninja — comentou agachando-se um pouco.
— Ih, é o companheiro dela! — uma delas disse.
— Então você é um ninja também?! — uma menina soltou.

Ruki se levantou franzindo as sobrancelhas e concordando. Elas ficaram maravilhadas, esquecendo do medo que haviam sentido um minuto antes. Mas no instante seguinte toda aquela feição forçadamente leve no rosto dele se desfez em apreensão. “Merda, ela vai me matar”, ele voltou ao ciclo de pensamentos catastróficos e deu as costas para as crianças voltando a correr.

— Continuaremos a missão, ninja-san! — uma delas gritou.

Ele não deu muita importância àquilo, apenas insistiu para chegar de uma vez no pátio onde encontrou Naoko no canto do pátio. Seus passos diminuíram a velocidade, sua respiração entrecortou. Com a cabeça baixa, ele se aproximou envergonhado e logo curvou-se ao ficar mais perto dela: — Desculpe meu atraso, Naoko-san, prometo que nunca mais vai se repetir.

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Naoko continuava impaciente. Já havia andado por todo o pátio externo da academia, rodado pelo edifício e até mesmo conversando com seus antigos professores que, para sua insatisfação, continuavam exatamente iguais até mesmo em sua didática que, aos olhos da garota, era um tanto ultrapassada para formar novos jovens ninjas. Por fim, Hiaru respirou fundo e voltou para sua posição inicial a qual havia sido instruída para esperar por Rokushi. Mais alguns minutos se passaram em espera, a morena começava a acreditar que teria de deixá-lo para trás e se virar da maneira que pudesse na tarefa que se seguiria, porém, quando menos esperava o garoto apareceu. Por um instante Naoko deixou que seus ombros se aliviassem no mesmo momento em que rodava o corpo na direção em que a voz soava. Uma das sobrancelhas da morena se arqueou em resposta à ação do garoto que se curvava diante de si.

— Não precisa disso… — Hiaru engoliu o nó formado em sua garganta enquanto olhava para os lados se certificando de que ninguém estava observando toda aquela cena constrangedora. Apoiando a destra sobre o ombro esquerdo do garoto, a menina apertou sutilmente para que o mesmo voltasse a sua postura de maneira rápida. — Não temos tempo pra perder já que você usou dele até demais. Kamura-sensei está esperando pela gente, disse que tem uma tarefa importante e prefere que seja nós dois a cumprir. Veio preparado?

Os olhos da morena caíram sobre o rapaz analisando com certo cuidado. Rokushi era consideravelmente diferente dos outros garotos com quem havia cursado a academia. As lembranças que tinha a respeito do garoto no passado não eram tantas assim, mas suficientes para se recordar do quão curioso e atento o mesmo era, talvez não tanto quanto a própria garota, porém o bastante para ser útil de verdade e não lhe atrasar.

Dando um meio sorriso, a garota cruzou os braços atrás das costas escutando com atenção o que seu novo companheiro dizia. Eles realmente não podiam ficar ali por muito mais tempo, portanto, supondo que o mesmo iria lhe acompanhar, a menina fez um pequena menção balançando a cabeça indicando que iria tomar o rumo pelo qual deveria seguir em passadas rápidas.

Considerações:

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Por mais que ela falasse que não precisava, ele sentia que sim. Notou como Naoko observou os arredores embora não entendesse muito bem o motivo. Em sua posição, sempre tão séria, Ruki pensava ser natural manter certa polidez e cordialidade. Especialmente ela não sendo uma pessoa sem importância alguma como ele. Ela o tocou no ombro e ele aliviou a postura e encarou-a nos olhos da melhor forma que conseguia. A beleza dela era estonteante e delicada, como uma flor resistente nos invernos e brilhante na primavera. Só que ele não podia demonstrar coisa alguma, precisava manter suas emoções equilibradas. Então, quando ela começou a falar da tarefa deles com sua postura habitual, ele tratou de engolir os traços de seus sentimentos mais profundos.

Assentiu voltando também sua expressão àquela fechada, não indiferente, mas distante. Debaixo de seus olhos, as bolsas do cansaço das noites mal dormidas refletiam um pouco de quem ele era. Percebeu o instante em que os olhos dela romperam a linha entre os dois, analisando-o. Pelo que sabia, era a primeira vez que Naoko lhe observava de verdade. Não via nela nenhuma maldade, muito menos contemplação como a que ele gostaria de fazer ao estar tão perto, mas aquilo não deixou de fazê-lo se sentir um pouco menos apreensivo com a tarefa. Sentiu um tremendo alívio, na verdade, e conseguiu até mesmo soltar o ar devagar fazendo o movimento do peito desinflando. Quando o meio-sorriso transbordou no rosto dela – raridade vindo de uma moça tão introvertida – ele quase não conteve a vontade de devolver a expressão; mas amarrou o sorriso com mil cadeados.

Naoko fez menção para que ele a seguisse numa certa direção. Ruki assentiu novamente. Nunca teve instintos de liderança de qualquer forma, preferia muito mais manter-se na linha através das ordens de outros. Também tirava-lhe algum peso de responsabilidade – mas isso nem mesmo ele entendia ainda sobre si. — Você deu uma missão àquelas crianças, Naoko-san? — aproveitou para perguntar olhando por cima do ombro para trás, pensando em como elas pareciam reconhecer a descrição de… Naoko era o quê mesmo dele? Ele voltou o rosto para frente, sem uma resposta, mas profundamente interessado em saber.

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Seus ouvidos permaneciam piamente atentos ao que acontecia em sua volta, assim como também depositava um pouco da mesma atenção no garoto que lhe acompanhava lado a lado. Naoko era relativamente mais baixa que Rokushi portanto era muito fácil identificar se o mesmo realmente estava conseguindo seguir seu ritmo ou ficava para trás e, para sua surpresa, o mesmo tendia a ser muito mais calado do que esperava, afinal de contas, para um garoto que antigamente costumava questionar sempre com o intuito de aprender, ficar calado a maior parte do tempo parecia estranho. — “Ou será que eu fiz alguma coisa?” — Instantaneamente, a garota manteve o rosto focado encarando o seu trajeto enquanto as sobrancelhas se franziam com o súbito pensamento. Se ela havia intimidado o garoto de alguma forma, precisaria rever seus conceitos já que, assustar aliados, poderia ser um problema no futuro.

Por um tempo considerável Hiaru permaneceu em semelhante silêncio, até que o outro resolveu romper tal barreira com uma pergunta que a morena definitivamente não esperava. Ela bem sabia que havia criado uma falsa tarefa para aquelas crianças algum tempo antes de Rokushi chegar, porém não esperava que a trupe viesse a interceptar o ninja e muito mesmo que deixassem escapar algo do seu pequeno teatro. Tentando conter um riso que lhe florescia do peito, Naoko deu de ombros olhando rapidamente para o rapaz.

— Fala das crianças da academia? — A pergunta que a mesma fazia era retórica, sabia que estavam falando exatamente das mesmas crianças. — Apenas mantive elas ocupadas e longe de mim. Se encontrou elas, significa que deu certo.

Por fim, a menina não conseguira conter o riso por muito mais tempo e o som abafado escapou pelos lábios por rápidos segundos antes que a mesma voltasse a manter o postura mais séria e fechada. Respirando fundo, a garota lançou novamente os olhos em direção ao seu novo companheiro. — Elas te incomodaram? — Daquela vez, o questionamento de Naoko era sincero e esperava que o mesmo respondesse ao menos aquela pergunta antes que pudessem encontrar Kamura-sensei em poucos minutos, afinal de contas, pelo menos um mínimo de entrosamento a garota queria passar para o superior e esperava que Rokushi pensasse assim também.

Considerações:

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O jovem não sabia muito bem como se comportar ao lado de Naoko. Embora ficasse feliz em sua presença, também tinha receio de acabar se tornando um estorvo. A postura da moça era de alguém muito melhor do que ele – e isso o impedia de simplesmente vivenciar o momento. Por mais que ficasse observando com os passos dela soavam confiantes, diferentes daqueles vagos dele apenas a seguindo, ele não conseguia entender muito bem ainda sobre o que ela estava tentando emitir. Mas quando as crianças vieram à tona na conversa, Ruki teve a impressão de que seus ombros tomaram uma nova expressão.

“Então ela queria mesmo ficar sozinha”, ele pensou tentando não levar aquilo para o pessoal, mas já se sentindo um problema para a garota. Os ombros caíram, mas ele tratou de erguê-los na mesma hora. Tinha de controlar aquelas oscilações emocionais antes que se tornasse um problema ainda maior. Ainda mais com ela. Não podia demonstrar que uma coisa pequena como aquela o afetava tanto porque não queria incomodá-la – queria ser algo melhor, útil. No entanto, ela não conseguiu manter a máscara típica de Naoko por muito mais tempo. Um riso abafado, quase anasalado, escapuliu num instante rápido fazendo borboletas dançarem no estômago de Ruki.

Naoko voltou a ficar séria e voltou-se a ele. Ruki não conseguiu encará-la diretamente. Por mais que quisesse, não tinha coragem. Olhou ao redor notando pequenas diferenciações nas paredes do lugar que pareciam ter sido limpas recentemente. Lembrava-se de quando ele era um dos alunos que precisava faxinar como forma de aprender sobre responsabilidade e educação. Achava um sistema esperto, muito diferente daquele vivido na instituição Abarai.

— Claro que não, são apenas crianças. Elas pareciam todas muito animadas com o que você as deu e um pouco maravilhadas com o fato de sermos ninja… eu achei bem legal — ele explicou-se sinceramente olhando para os lados e para ela em movimentos rápidos dos olhos, buscando algum sinal de leveza nela, algum sinal de que poderiam continuar conversando coisas levianas como aquela se assim tentasse mais um pouco. Como uma dupla, precisavam de entrosamento, mas ele gostaria que fosse algo além de uma simples tarefa. Desejava tornar aquilo numa possível amizade – ou até além. — Você não gosta de crianças, Naoko-san? — resolveu perguntar sem deixar de segui-la, tentando gerar um assunto entre eles. Conhecer o companheiro fazia parte de serem ninjas, esperava apenas não ter feito uma pergunta pessoal demais logo de primeira.

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Em seu interior, Hiaru tinha vontade de revirar os olhos e suspirar, afinal de contas, aquele contato que estava tendo com o garoto era relativamente diferente para a morena que já estava tão acostumada a agir sozinha depois que suas amigas – as quais um dia havia formado um time – haviam sumido. Respirando fundo, a kunoichi manteve o olhar firme em seu caminho dando pequenas olhadelas sutis para o companheiro quando necessário. Seus ouvidos estavam atentos à voz alheia. Naoko tentava analisar a entonação de Rokushi com a intenção de captar algum sentimento ou sensação que lhe servisse de direcionamento, porém, tudo que a menina conseguiu constatar era que dificilmente o menino conseguia olhar diretamente para ela. — “Eu assustei ele?” — A menina torceu os lábios por um instante em forma de reprovação própria antes de voltar o rosto da direção do garoto mais uma vez tentando pareceu um pouco mais amigável do que antes apesar do mesmo ter tocado num assunto um tanto incomum, notavelmente usando-o para puxar conversa com a morena.

— Não diria que não gosto de crianças, mas elas costumam ser bastante barulhentas e atrapalham meu pensamento. — Por fim Naoko dera de ombros lançando novamente um pequeno sorriso para o garoto. — Não me entenda mal, mas entre ter que lidar com crianças barulhentas e  enfrentar a morte iminente, eu prefiro a morte.

De fato a garota falava a verdade. Por mais que a kunoichi não tivesse aversão às crianças, ainda preferia que as mesmas ficassem a uma distância considerável de si, se possível, onde seus olhos pudessem ver, mas seus ouvidos não pudessem escutar.
Por mais alguns metros a dupla caminhou lado-a-lado até alcançar uma pequena dependência nos fundos do terreno ao qual ainda pertencia a academia ninja. Era possível escutar um burburinho vindo de dentro do local que não devia ter mais do que duas salas pequenas. Pelo tom de voz grave que conseguia escutar, Naoko deduzia que Kamura já se encontrava ali e estava acompanhando por alguém.  Antes de alcançar a porta, Naoko parou e voltou-se para o rapaz uma última vez.

— Sem conversa furada agora, preste atenção em tudo porque eu não faço a mínima ideia do que ele vai pedir pra gente, mas se ele perguntar: Não, a gente não falou com ninguém no caminho pra cá. — A voz de Hiaru parecia mais séria assim com sua feição enquanto seus olhos encaravam Rokushi.

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Naoko o encarou numa expressão mais suave que o habitual, e Ruki precisou conter a vontade de franzir o cenho sem entender plenamente o que estava se passando na cabeça dela; e ele queria muito saber. Se pudesse passaria a caminhada inteira lhe fazendo diversas perguntas a fim de compreendê-la melhor. No entanto, ele não precisava questionar coisa alguma para saber que uma coisa assim era um incômodo. Tinha experiência em ser chamado de chato na academia, “ela deve lembrar disso”, pegou-se analisando um instante antes de ela lhe dar uma resposta.

O começo da resposta não foi uma surpresa, ele nunca a vira como alguém que ficaria cercada de crianças para começo de conversa, e era atento suficiente para vê-la como aquelas pessoas que precisam de seu espaço. Quando ela lançou outro sorriso, construindo uma imagem delicada e capaz de fazer o coração do garoto bater mais depressa e alto em seu peito, ele esperava uma retratação, mas o que veio foi um choque. “A morte…”, ele refletiu e teve de conter os pensamentos e sentimentos catastróficos só de imaginá-la de frente para a morte… lembrou-se de uma certa pessoa, e como o sangue esvaiu dela até que a vida fosse drenada. Ver Naoko de costas andando tranquilamente após assumir aquilo lhe apertou o coração, e ele procurou dentro de si uma corda para se agarrar ao invés de se enforcar no medo de acabar perdendo-a também.

— Sinceramente, eu preferia vê-la com crianças e bem longe da morte — ele soltou controlando a voz para não parecer idiota demais, nem apaixonado demais, nem pedante demais. Era apenas a verdade; ele não queria vê-la perto da morte, nunca.

Continuaram andando e ele, a tentar entendê-la. Ao lado dela, virava ligeiramente o rosto tentando capturar alguma feição nova, algum sinal de que ela estava gostando ou detestando tudo aquilo. Algo além da neutralidade característica dela – por mais que adorasse até mesmo a neutralidade dela. Ao mesmo tempo, precisava ser rápido e sigiloso. Se ela o pegasse espiando e encarasse-o nos olhos não sabia se poderia conter o rubor nas bochechas como estava fazendo a cada passo que seu coração acelerava com o mero movimento das mechas negras dos cabelos dela.

Não custou para chegarem no destino, no fundo do terreno. O garoto pensou que continuariam direto, ainda mais após ouvir barulhos que ele tentou compreender se eram vozes ou atividades acontecendo. Naoko, porém, tinha outra coisa para fazer. Parou e voltou-se a ele, os olhos se encontraram por um instante – suficiente para fazê-lo desviar rápido sentindo o coração parar. “Acalme-se…”, ele sussurrou mentalmente. Ao ouvi-la começar a falar sustentou novamente o olhar, forçando-se a não despejar sorriso ou vergonha focando-se apenas nos seus dizeres, mas também evitando olhar a boca da menina, preferindo focar-se em seus olhos, analisando minunciosamente a entonação da voz de ouvido e o mover do cenho dela atrás de alguma dica.

Sem ter certeza se ela estava irritada com ele pelo que falava, ou se apenas estava sendo ela mesma, séria como costumava ser, Ruki assentiu em silêncio, um mero aceno de cabeça. — Entendido. Vamos então, Naoko-san? — ele questionou com seu modo polido de falar na esperança de não passar uma mensagem errada.

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