nunca um, sem o outro

Ao caminhar, Hyomin refletia a respeito daquela ideia. Após terem concluído a missão com êxito e terem saído vivos e intactos — bem, ela tinha saído intacta; uma das paladinas tinha levado um pedaço da perna de Naga como souvenir —, chegaram a conclusão que eram muito diferentes em combate, mas que isso poderia beneficiá-los. Hyomin tinha a inteligência e criatividade necessárias para criar planos e movimentar uma missão, o que faltava em Naga. Ele, por sua vez, tinha o físico necessário para colocar os planos da garota em ação. Se passassem um tempo juntos, talvez pudessem aprender alguma coisa um com o outro.

Imaginou se Naga iria reclamar pelo campo de treinamento que ela tinha escolhido. Os melhores pontos de treinos eram os mais afastados; Hyomin não gostava de interferências. Não gostava de crianças por perto, pois, tinha medo de machucá-las. E as pessoas mais velhas sempre tinham uma opinião de como ela deveria fazer suas coisas. Já era um grande avanço ter concordado com aquilo; estava cansada dos treinos mirabolantes de seu pai, que parecia querer transformá-la em algum tipo de máquina de combate. Queria ter um treino... Normal. Balançou a cabeça, chegando no ponto em que tinham combinado. Naga não estava ali, contudo, não tardou a encontrar-se com ela. Ao menos, horário não seria um problema para os dois.

— Você é muito chato. — Largou a mochila que carregava em um ponto da grama aparada; não se importava com as ofensas. Parecia o tipo de diálogo que teriam em muitas ocasiões, a contar daquela. Encarou o rapaz com as mãos na cintura, esperando por mais reclamações. Ele, entretanto, parecia ter entrado em modo de batalha, pois, já a chamava para ir para cima. — Certo. Mas… Você tem certeza que está bem para lutar? Sua perna… — Murmurou, sacando duas kunais de sua bolsa ninja.

Naga, entretanto, já estava correndo e pulando. — Incrível que, mesmo machucado, ele parece um animal selvagem. — Correu na direção do rapaz, as lâminas em riste. TInha noção de que não era párea para ele numa luta física, então, se pudesse usar o ambiente ao seu favor… Observou um galho que estava na altura da cabeça masculina, então, lançou as kunais; não para acertá-lo, mas para obrigá-lo a ir naquela direção e, se tivesse sorte, colidir contra o tronco.

país da água, inverno de 1245, campo de treinamento de kirigakure no sato, residência de hyomin, que se encontra na companhia de naga, treinando destreza.

nunca um, sem o outro

Que Hyomin não tinha intenção (ou habilidade) para acertá-lo, ela já sabia. Mas, seu arremesso muito bem calculado, na prática, não tinha sido tão bom. Ela precisaria treinar muito mais se quisesse chegar minimamente perto de machucar Naga — de levinho, é claro. Nada que o deixasse de recuperação por dias, como as paladinas fizeram.

Apesar de não ter sido um bom lançamento, seu plano quase deu certo. O rapaz se esquivou na direção que ela desejava, porém, se foi pego de surpresa, tinha obtido êxito em se esquivar. Filho da mãe, pensou consigo mesma, assistindo Naga sumir entre as árvores.

Hyomin pensou que, provavelmente, aquele seria o momento em que ele tentaria atacá-la; afinal, tinha sido ele o indivíduo que simplesmente pulou do barco e foi lutar com um monte de criaturas marinhas no habitat natural delas. Rapidamente, a Nara se armou, para, ao menos, conseguir aparar qualquer ataque. Mas, nada aconteceu. Naga tinha sumido, e não havia sequer sua sombra.

— Quando foi que isso passou de um treino sério para uma brincadeira de esconde-esconde, heim? — Murmurou, em alto e bom som, para que ele a ouvisse em qualquer canto que estivesse. Hyomin não era idiota; não iria gastar energia procurando-o, ou perder suas armas atirando-as ao vento. Em vez disso, foi até o ponto em que as kunais anteriormente lançadas estavam, e as pegou.

Pensou em criar uma armadilha. Ao guardar as kunais extras, sutilmente pegou o fio de aço que possuía e, com gestos minimalistas, o passou pelos troncos. — Naguinha, onde é que você está? — Cantarolou, caminhando pelas árvores, deixando uma trilha de fios poucos perceptíveis para trás. Sua intenção era que quando o rapaz tentasse se esquivar de algum ataque, acabasse aparado pelos fios, e ficasse sem espaço.

Mal tinha terminado o pequeno rolo quando o notou; e o notou tarde demais. Ele já estava muito perto. Hyomin girou sobre os calcanhares e saltou; sua intenção era se afastar e mantê-lo sob sua supervisão. Aproveitou, nesse momento, para lançar o par de lâminas que ainda segurava, com a intenção de imobilizá-lo entre os fios. — Continue levando isso na brincadeira, que vai acabar sem a outra perna. — Provocou, de volta.

país da água, inverno de 1245, campo de treinamento de kirigakure no sato, residência de hyomin, que se encontra na companhia de naga, treinando destreza.

nunca um, sem o outro

Mais uma vez, o arremesso de Hyomin levou Naga em direção à armadilha preparada por ela. E, mais uma vez, o rapaz deu um jeito de escapar. A Nara assistiu quando o corpo masculino roçou contra os fios de aço; e, por um instante, sentiu o sabor da vitória na ponta da língua. Entretanto, a sensação não durou muito; tão rápido quanto um piscar de olhos, Naga se moveu, provavelmente, utilizando-se de um jutsu de esquiva para aumentar sua velocidade de movimento, saindo, assim, da área que sua armadilha cobria.

Hyomin suspirou. Tinha certa dificuldade em aceitar a derrota; seu pai era um homem arrogante que, a garotinha tinha que admitir, tinha criado uma filha ligeiramente arrogante, também. Tinha levado na esportiva seu plano de usar o ambiente não ter dado certo, mas, uma armadilha pensada por sua mente e preparada por seus dedos deveria ser mais funcional.

Entretanto, se havia algo de bom em sua síndrome de má perdedora, era o fato de que a tornava alguém determinada. Tudo bem que Naga não tinha caído em nenhuma das duas armadilhas, ainda havia uma infinidade de planos para se colocar em prática. E, mesmo que nenhum desse certo; mesmo que o corpo físico dele fosse mais proficiente que sua inteligência, bom… Em algum momento ele iria se cansar, certo? Com certeza, aquela agilidade monstruosa tinha um preço. E deveria ser bem alto, para alguém com a perna ferida.

Então, Hyomin iria pensar em mais um plano, montar mais uma armadilha, esperar que Naga se esquivasse e repetir todo o processo, até que um dos dois desistisse. A garota, inclusive, planejava assustá-lo com alguma explosão envolvendo papéis bomba, quando a silhueta masculina apareceu em seu campo de visão. Agiu por impulso, enfiando suas mãos na bolsa ninja e sacando duas shurikens. Seu pai certamente abominaria uma atitude tão impensada.

Mas, ela não chegou a lançar os objetos. Naga levantou as mãos, tagarelando que se rendia. Hyomin arqueou as sobrancelhas. — Já? — Aproximou-se quando o corpo cansado se jogou no chão, os olhos afiados, procurando algum sinal de que tinha algo errado. Ele ainda estava machucado, no fim das contas. — Você gosta de me ofender, não? Gzzz, achei que iria te vencer pelo cansaço mais cedo ou mais tarde, mas, não imaginei que seria tão cedo.

Sentou-se ao lado do rapaz, de uma maneira muito mais comportada do que ele, que tinha basicamente se espalhado pelo chão. — Você está com fome? Tenho um lanche na minha mochila. — Apontou para o ponto em que os pertences de ambos estavam, há alguns metros. — Você não parece o tipo de pessoa que se importa com isso, então, trouxe para você também. Mas, só divido se me ajudar a recolher todo o meu equipamento. — Pensar nos metros de fio espalhados pelas árvores e nas lâminas fincadas em troncos a deixou com preguiça. Portanto, se esforçou na expressão pidona quando voltou a encarar Naga. — Por favor?

país da água, inverno de 1245, campo de treinamento de kirigakure no sato, residência de hyomin, que se encontra na companhia de naga, treinando destreza.