- Atrasado! Atrasado! Atrasado! – El Darkshine, o menino prodígio, corria pela casa enquanto calçava sua meia preta furada. Saltava com um pé só, buscando os demais itens que deveria levar em sua mochila com os olhos. Cadernos, utensílios de estudos, a caneta azul dada por sua mãe quando recebeu o aceite para o Centro de Estudo Tecnológico de Kirigakure. “O primeiro aceito depois de anos! O primeiro!” – Foram os gritos de satisfação da véa, quando leu a carta. Vê-la animada daquele jeito só trouxe uma satisfação maior para o garoto, que percebeu que ao menos algum dos pais se alegrava com seu talento inato. Essa reação não poderia ser esperada de Genryuusai, seu pai, que apenas enxergava naquela aprovação mais um passo dado por seu filho em direção ao caminho oposto dos genes Senju.

- Tchau mãe! Tchau pai! – O garoto se despediu, enquanto corria para o centro tecnológico, cortando as cidades de Kirigakure como um raio. O sol se mantinha envergonhado por detrás das nuvens carregadas, como de praxe. As ruas, ainda pouco movimentadas, tinha como seu maior efeito sonoro o ressoar dos passos apressados do recém-formado Genin. – Droga, droga... 5 minutos... Eles vão me matar... – Darkshine confirmava seus 5 minutos de atraso ao olhar o relógio de pulso que assim como o de seu pai, fora consertado por ele. A pulseira de couro marrom e os detalhes de alumínio pareciam desgastados, mas eram ainda usados como forma de reconhecimento, para si mesmo, de suas capacidades.

Quando toda a extensão do edifício se revelou aos seus olhos, o garoto sentiu um alívio. “Talvez não se incomodem com 7 minutos de atraso... É o meu primeiro dia...” – Torceu mentalmente. No fundo ele sabia que isso era apenas um conceito tolo em sua mente.

Darkshine sequer tivera a oportunidade de sentir a satisfação de adentrar pela primeira vez o centro de pesquisa como novo voluntário, tamanho o seu nervosismo. Quando olhou nos olhos do atendente, um homem beirando os 50 anos, não tardou para se apresentar. – Bom dia sou o Dar... – Hesitou e com muito incômodo, mudou o discurso. – Sou o Senju Iori... Novo voluntário! –

O homem olhou para baixo e encarou o garoto por alguns segundos em silêncio. Desviou então o olhar para o relógio de mesa por um instante, respirando fundo em seguida. – Bom dia, garoto. Está atrasado... – Ele disse, para a agonia de Darkshine. – Terceiro andar... Departamento de Pesquisa Shinobi... Seu orientador está lá te aguardando... – O homem finalizou, voltando suas atenções para um jornal sobre a sua mesa.

Darkshine correu em direção ao terceiro andar, sem perder mais tempo além do que já havia perdido. Repassava em sua mente os dias de estudo para a prova, os dias estressantes na academia Shinobi e a satisfação de sua mãe. Tudo lhe guiava para aquele exato momento e quando a grande porta se abriu perante os seus olhos, se deparou com uma figura que sintetizaria toda a sua experiência naquele local, de agora em diante.


- Você está atrasado... – O homem proferiu de imediato. Sua voz cínica ecoou na sala tecnológica como a determinação de um juiz. – No seu primeiro dia... Atrasado... –
- Desculpe senhor... Tive um probleminha... – O garoto tentou se justificar.
- Como é seu nome mesmo?! – Ele questionou.
- Senju Iori! –
- Senju Iori, é?! – O homem andou para cima da mesa dele e pegou um pedaço de papel. Caminhou de volta em direção ao menino e num movimento rápido mostrou a folha de uma redação preenchida. – Então temos algo de errado aqui... – O tom cínico era completamente irritante. – Eu estou esperando o Darkshine! – Disse, enquanto sorria, olhando nos olhos.

“Merda merda merda!” - Como poderia? O garoto assinou realmente a redação como Darkshine?! Será que aquilo era só uma piada para eles? Uma forma de sacaneá-lo. Teria ele realmente sido aceito?

- Desculpe, senhor... Darkshine é como eu gosto... Que me chamem... –
- Por quê?! –
- Não tem bem um por que... –
- Sempre tem um, agora me diga... – O homem agachou e se aproximou ao rosto do garoto. O olhava de cima a baixo como se o analisasse.
- Porque é como EU QUERO me chamar... Senju Iori é nome de Samurai Genérico. – Darkshine foi aberto, mas quando viu um sorriso surgindo da face pintada de branco do homem a sua frente, sentiu-se inseguro. – Mas isso é besteira, descul... –

Um estralo. Forte o suficiente para ecoar por todo o terceiro andar. Uma tapa na cara da criança. Sem pudor, sem ressentimento. – Nunca mais diga isso... – O homem foi claro, os olhos de Darkshine se encheram de lágrimas com o susto da agressão. – Nunca peça desculpas por quem você é... Dentro desse prédio, você é o Darkshine... – O homem levantou e caminhou de volta para sua posição inicial. Sua voz era séria e ele parecia ignorar completamente a idade do garoto, que ainda se mantinha estarrecido com o tapa que levara. – Esse foi o único motivo de eu ter escolhido você... Isso é um templo do intelecto e da identidade... Garotos espertos como você temos ao monte em Kirigakure... Mas um Darkshine... – Ele pausou e sorriu. – Só temos realmente... Um... Agora venha, se aproxime. –

O menino hesitou por um instante e então caminhou. Aos poucos a surpresa da tapa era deixada de lado e a ansiedade do seu primeiro dia retornava. Os pés do professor guiaram um banco na direção do garoto e algumas luzes se acenderam, revelando uma grande maca com alguma coisa coberta por um cobertor. Darkshine deixou a mochila sobre uma mesa de canto e subiu no banco, ficando da altura de seu novo professor. O indivíduo retirou o cobertor com um rápido movimento, revelando então, um corpo morto. – Me chamo Mayuri... Mayuri Kurotsuchi... – O corpo estava pálido, duro como rocha. Darkshine voltou a tremer, sentia uma angustia dominar a sua existência e por mais que tivesse tentado se preparar para isso na academia ninja, ver um morto pela primeira vez é completamente diferente. – Primeiro corpo?! Você vai se acostumar. – Mayuri pegou uma serra com a mão, ligando-a com seu Chakra. – Pronto, agora se afaste. – Darkshine desceu do banco e se afastou um pouco. Um botão foi apertado e um circulo de energia pareceu ser criado, contendo o sangue que se espalhou enquanto Mayuri cortava o crânio da vítima. Alguns minutos depois ele estendeu a mão e solicitou a aproximação de seu novo aprendiz. – Venha, vamos investigar... –  

Darkshine manteve-se parado. Assustado. Primeiro dia. – Garoto... Isso não é uma academia... Isso é um Departamento de Pesquisas. Respire, foque e venha. Senão eu não terei utilidade para você. Muito menos Kirigakure... – Suas palavras cínicas permaneciam, sem nenhum cuidado. – Ou você se aproxima e pega esse bisturi... Ou vai embora daqui e não volte mais... Não tenho tempo a perder com gente fraca... –

Ameaça pesada, porém real. E Darkshine sabia disso. Era um passo que precisaria tomar em prol de seu esforço, do reconhecimento de sua mãe, de quem ele gostaria de ser. E ele o faria, de fato. Caminhou em direção ao homem lentamente, respirou fundo e pegou o bisturi.

- Esse homem se chamava Akira Toriyama... – Mayuri falava enquanto conduzia os experimentos. – Era um dos capitães do nosso exército e foi envenenado na guerra... Cérebro entrou em conflito, parou de reconhecer aliados... Enfim, uma carnificina... Nossos inimigos quiseram nos atingir com uma das nossas maiores forças... Nosso nacionalismo... – Mayuri pareceu falar com certo desdém. – Bem, nossas não... Deles... Minha nação é a ciência... Vamos corte isso aqui... –

E então o procedimento aconteceu, por algumas horas. Não entraremos em detalhes aqui. Isso não é um texto gore.

- Darkshine... Sua mão treme muito... Resolva isso... – Mayuri falou, ao fim do procedimento completo.
- Nervosismo, senhor... Com os dias acho que vou conseguir acostumar... –
- Dias?! Temos mais quatro corpos para dissecar hoje... RESOLVA AGORA! –
- ... -

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