A kunoichi despertou com piscadelas velozes, acostumando-se com a realidade que se interpusera em seu campo de visão. A brisa matutina soprava com leveza e frigidez da praia, meneando-lhe as madeixas prateadas e tecendo um caminho que se delineava sobre a pele da Chunin, estremecendo-a, provocando seus pensamentos mais íntimos a sentir saudades do lar. O panorama turvado encheu-se de um detalhismo sobrenatural, lustrando-se do embaçado de um recém despertar, e conforme sua realidade era entendida pelos seus olhos, Isabel foi afogada por uma onda destrutiva de pensamentos e lembranças de curto prazo. Estava infiltrada em uma nação estrangeira, neutra a sua, em busca de informações que pudessem parar toda aquela loucura que havia se instaurado sobre a terra. Dormindo ao seu lado, como um bebê recém-nascido, uma jovem de madeixas rosáceas por quem enfrentaria o mundo, de delicadas bochechas avermelhadas e uma aura de inocência que sempre tinha êxito em manter a Uchiha atada à sua humanidade.

A princesa dos uchiha levou a mão uma adaga de ébano, delicada e afiada, comum em seu ofício, e talhou uma pequena mensagem sobre a pedra em que havia descansado na noite passada. Em virtude das muitas patrulhas que os ninjas de Kiri realizavam por aquelas bandas, julgou que seria necessário conhecer o terreno em que se encontravam, buscando fontes de água, possíveis esconderijos, os tesouros que a terra escondida e o caminho demarcado pelos shinobi contrários à sua nação. Conforme caminhava, se esgueirava em meio à negrume floresta e se enlameava pra que se mantivesse furtiva, Isabel pontuava mentalmente que todos os seus esforços agiam em prol de Suzue Senju, a companheira com quem dividia aquela perigosa viagem. Não concordava com a decisão da Hokage a respeito de Suzue, mas o viés da sua discordância tinha raízes muito mais sentimentais que lógicas; não concebia a ideia de perde-la, tampouco de expô-la a um risco desnecessário. Por isso, conforme tracejava suas olhadelas sobre a imensidão verde, dizia para si mesma que o fazia pela Senju, por uma amiga com quem compartilhava tantas memórias e alguém que não gostaria de perder tão prematuramente.

E as muitas informações que adquiriu naquela delongosa caminhada noturna certamente lhe providenciariam vantagem na invasão. Kirigakure era muito fria, sim, mas isso também concedia ao ambiente uma névoa espessa, que atrapalhava a visão e dificultava à própria Isabel que conseguisse se guiar em meio a selva. No entanto, aquilo era igualmente uma vantagem; se ela própria, mesmo em uso de suas habilidades visuais, encontrava-se em dificuldade, então os moradores da vila, os ninjas e todos aqueles que se interpusessem em sua invasão seriam igualmente atrapalhados, vítimas de uma jogada perspicaz da própria natureza em favor das duas invasoras. A nível regional, a Uchiha aprendeu um pouco mais sobre a ilha, sua fauna, os caminhos que dançavam dentro da floresta e como eles levavam a novas cavernas — possíveis esconderijos — e, à partir das marcações na terra, na floresta e também nos rios, quais eram as rotas de patrulha dos ninjas da névoa. Ainda não sabia a frequência com que rondavam, mas a pouca informação obtida era um começo. Depois disso, retornou ao “lar” em que Suzue lhe esperava.


Isabel; HP: 600/600, Chakra: 1225/1225

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O medo era inoculado em cada uma das células da pobre menina.

Suas passadas marcavam a terra com sua presença. A íris cerúlea, refletindo o firmamento com suas pinceladas de azul, transmutou-se num vermelho carmim com duas tomoe, e acentuou a acuidade cinética e visual da Uchiha, tornando-lhe apta à observar, mesmo que de forma distante, as assinaturas de chakra que se desenhavam do espaço entre ela e o horizonte. Mas nem mesmo o Sharingan era capaz de enxergar todo aquele estresse contido numa menina tão jovem; como Chunin da Folha, estava encarregada do comando da missão e da sobrevivência de sua subalterna, e tratando-se de uma pessoa com quem havia construído uma profunda relação de confiança, respeito, dependência e outros sentimentos misteriosos, Isabel era incapaz de manter-se estável e despreocupada.

Tudo e todos eram um perigo em potencial.

Por isso, bem antes do céu tornar-se mais uma vez azul e dos raios solares jorrarem livres sobre o horizonte, a kunoichi despertava, se enchia dos poucos alimentos que encontravam na floresta e partia para uma ronda matutina. Era sua maneira de manter Suzue protegida, e a natureza escarlate dos seus olhos era precisa na execução daquele trabalho; enxergava os mínimos detalhes que o ambiente revelava, tais como pegadas sobre a terra lamacenta, troncos de árvore, galhos quebrados, plantas amassadas e afins. Em vista disso, o Sharingan memorizava e desenhava as rotas prováveis por onde as rondas passavam, e Isabel se esforçava ao máximo para que tudo permanecesse sob seu controle.

Mas sempre que fazia aquilo, um outro medo lhe era injetado: o medo da ausência. Era uma menina rápida, mas apenas isso. Quando saía, deixava Suzue só, à mercê de quaisquer ninjas que pudessem lhe ter descoberto. E se fosse raptada? Feita de refém? Torturada, talvez? Não, a mera possibilidade de aquilo tornar-se uma realidade lhe amedrontava. Com um medo sorrateiro, que pouco a pouco tomava conta do seu ser. Por isso, as passadas outrora compassadas tornavam-se abruptamente mais velozes, deslizando como uma deusa relâmpago sobre as árvores, buscando nos galhos mais grossos a segurança de um passo que não permitiria rastreios.

A cada instante corrido, a cada milha percorrida, seu coração latejava dentro da caixa torácica, gritando pra que corresse mais rápido. Não haviam sons que lhe perseguissem — uma vez que nem mesmo eles eram tão rápidos quanto a célere criança —, mas a mente era uma adversária a altura, lhe abarrotando de medos e receios enquanto acelerava mais, e mais, e além disso. Para ela, Kirigakure no Sato era um inferno de frio e névoa. Descobriu, nessas passadas, que manter-se por menos tempo com os pés longe do chão lhe permitia correr mais rápido, e não poupou esforços em seu disparo, correndo e saltando até que finalmente aquela singela formação de árvores fez-se presente à sua visão.

E lá estava ela, dorminhoca como sempre, segura e livres dos perigos daquele país. Isabel recostou-se sobre um galho e permitiu-se respirar, recuperando o fôlego e colocando as ideias em cheque outra vez.



Isabel; HP: 700/700, Chakra: 1375/1375

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Ao anoitecer, a temperatura caiu drasticamente. Isabel sentiu a brisa frígida meneando-lhe as vestimentas e, num movimento de impulso, enlaçou a si mesma num abraço, protegendo da gelidez que se projetava do exterior.

Como se não bastasse o clima muito mais agressivo de Kirigakure no Sato, as noites pareciam devorar a pele e a carne com um frio doído, que tornava a pele cinzenta e fazia com que qualquer um tremesse e raspasse os dentes numa remansosa agonia. Preocupar-se-ia somente consigo mesma se estivesse sozinha, mas, assim que descansou as costas sobre o pedregulho, cogitou que provavelmente a companheira das madeiras rosáceas encontrava-se em equivalente estado de agonia. Se acendessem uma fogueira em meio a noite, era provável que atraíssem atenção indesejada, mas não sabia se poderia continuar ali por muito mais tempo se isso significasse problemas para a sua saúde e a de Suzue. Por conta disso, Isabel partiu para os interiores daquele complexo cavernoso, demarcando seu caminho com o uso de uma adaga negra que delineava um rastro sobre a rocha enquanto procurava alguma região mais quente, onde o vento frio dificultosamente atingia, para que só então pudessem acender uma fogueira sem que colocasse em risco a sua missão de infiltração.

Infelizmente, sua caminhada não terminou tão bem. A kunoichi deu o azar de caminhar sobre uma região onde a rocha era mais frágil, quebradiça no teto, e assim que perpassou por ela, os pedregulhos perderam sua forma e caíram aos montes sobre a região. Isabel suspirou profundamente no que provavelmente deve ter durado um instante. Seus olhos subiram, agora maculados pela energia clânica carmesim, e ela saltou, rápida como um trovão, tão perceptiva que era como se tudo aquilo acontecesse em câmera lenta.

E em vista dos seus movimentos, as pedras pareciam estáticas no ar, sem que representassem algum perigo para ela. Mesmo assim, precisava ser rápida, sair dali e evitar que as pedras comprometessem sua jornada, e por isso a kunoichi evocou a eletricidade em tons negativos, saltando velozmente em meio ao desmoronamento e rebentando as pedras em socos rápidos, precisos e destrutivos. À medida em que as pedras se reduziam em tamanho, Isabel lhes chutava para longe, onde não representassem perigo, e continuava sua investida, deslizando em meio aos blocos rochosos como um vulto célere e superior.

Em poucos instantes, a menina pousou longe dali ofegante pela velocidade aplicada, mas contente com os resultados dos seus treinamentos. Ela continuou em frente depois daquilo, até que se deparou com uma lustrosa galeria de rochas, com várias outras saídas, em que facilmente poderiam montar acampamento. Certa de que Suzue descansaria muito melhor ali do que na entrada, a kunoichi retornou a passadas mais lentas, rememorando os movimentos realizados e imaginando como poderia aplica-los num combate real.

Isabel; HP: 700/700, Chakra: 1375/1375

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Aviso: Conteúdo Potencialmente Sensível

Inspirou e expirou, purificando a sua mente de pensamentos atribulados, massageando o seu espírito e se comprometendo com um momento de cada vez, pouco a pouco se habituando ao inverno rigoroso. O vento frio escorria do pico das montanhas e jorrava como um miasma pelos corpos arvorados que compunham a floresta; entre os troncos que firmavam as árvores, uma brisa acinzentada se assentava com um nevoeiro depressivo, encobrindo tudo aquilo além de um palmo à frente dos olhos. Aquele mesmo frio sussurrava palavras de terror aos ouvidos dos caminhantes, desencorajando os aventureiros e assustando a fauna que residia ali. Era a marcha da morte, imponentemente se avizinhando da jovem Uchiha, tornando ainda mais albugíneas as madeixas que caíam sobre a sua cabeça, fazendo com que encolhesse os braços sobre si mesma numa tentativa frívola de manter-se à salvo da foice da morte, eriçando seus pelos com a calidez do outono.

E naquela circunstância tão semelhante a um passado esquecido pelo trauma, Isabel adormeceu.

Era uma menina muito mais nova em seu sonho, com seus três ou quatro anos de idade, se bem lembrava-se. Os cabelos ainda eram bem mais curtos, à altura do queixo, como um pequeno botão enclausurado em pétalas de flores brancas. Andejava na ponta dos pés, um passo perseguindo o outro enquanto flertava com o silêncio e a furtividade; minutos antes, uma brincadeira abrupta no quintal findara em uma das telhas da casa caindo sobre as flores que o pai cultivara em homenagem à mãe. Na circunstância, a menina prontamente removeu o objeto de argila das flores e apercebeu-se que somente uma delas havia se ferido — um alívio, dado à problemática em que havia se metido —, tendo se rasgado parcialmente no caule e em uma das folhas.

Era manhã e, tendo em vista que os residentes ainda dormiam, a garotinha decidiu que resolveria aquilo por si mesma: montaria um pequeno suporte para a planta machucada, usando de galhos e outras ferramentas do porão, e trabalharia arduamente todos os dias para que a plantinha se recuperasse; não era admissível a ela, uma ladra de nascimento, roubar novamente do seu pai ou de sua mãe. Conjecturou, esperta como era, que talvez pudesse fazer mais do que isso: uma prece e uma oferenda à mãe que descansava no céu, projetando suas desculpas e se arrolando na promessa de que viveria como uma moça perfeita, digna da vida por ela tomada.

Mas todos aqueles planos infelizmente caíram por terra quando chegou à garagem. Rápida como somente ela era, tateou sobre as ferramentas, pegou tudo aquilo que precisava e deu meia volta em direção as escadas, mas bastou que a sombra do pai se instalasse imponentemente sobre o último degrau para que cada centímetro do seu corpo congelasse, muito mais do que na friagem de Kirigakure no Sato.

— Você quem fez aquilo no meu jardim? — A pergunta era uma acusação direta, com uma resposta esperada e uma decisão tomada. Ele só queria uma confissão.

— Eu caí do telhado, papai, estava brincando com os passarinhos, mas prometo que-

— Você tem ideia da merda que fez, Isabel? — Jugram exaltou-se. Sua voz era como um terrível agouro, como se os deuses estivessem ao seu lado no julgamento daquela pequena donzela das madeixas albugíneas.
— Eu... eu... desculpa...

— O jardim era a única lembrança que eu ainda tinha da mamãe, Isabel. Como você pode ser tão cruel ao ponto de tirar de mim a única coisa que eu tenho que ainda lembra a mamãe? Você quer que ela desapareça das nossas vidas? É por isso que tomou ela de mim? — Em sua última pergunta, Jugram olhou para as próprias mãos, como se por um momento tivesse se perdido em lembranças doloridas de um passado recente. Aos seus olhos, a vila da folha havia lhe compelido à tarefa de dar abrigo, comida e amor ao demônio que mais odiava, aquela que nascera envolta em morte e tivera como primeira vítima a mulher que ele tanto amava.

Isabel cambaleou para trás e caiu no chão. Em seus olhos, confundido estaria quem enxergasse pânico. A menina estava arrependida; do que havia feito, do causara aos seus pais, da sua própria existência e dos infortúnios que trouxera a vida de tantas pessoas com seu nascimento. Era uma ladra de nascimento, uma víbora que nasceu maldita, e nunca fazia nada para que compensasse todos os seus pecados.

— Desculpa, papai, eu só... desculpa...

E o castigo para aquele crime foram duas noites inteiras do lado de fora da casa. Era inverno. Não havia nenhuma folha nas árvores que lhe servisse de abrigo, tampouco tecidos que lhe protegessem como uma armadura, selando o calor corporal dentro de si própria. A penitência tornava-lhe íntima da morte por muitas vezes, sentindo o gelo raspar-lhe a derme e vagarosamente intoxicar seus pensamentos, tornando toda aquela experiência de quase hipotermia num verdadeiro inferno. O sopro dos ventos à noite parecia provindo do próprio inferno, trazendo sequidão aos seus lábios e um doloroso aperto aos músculos, tão congelados estavam que pareciam querer saltar para fora da carne. Era gravíssimo que uma criança de tenra idade desejasse tão avidamente pela morte, mas que escolha teria? Talvez os deuses fossem bons com ela, apesar dos seus pecados, e devolvesse ao mundo a sua mãe outra vez, reparando tudo aquilo que havia feito e permitindo que as coisas pudessem voltar ao normal.

Talvez...


Isabel; HP: 700/700, Chakra: 1450/1450

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A noite descansada valeria o mesmo que uma noite em claro. Isabel levantou-se bem cedo, com olheiras que claramente não combinavam com seu semblante áureo, e esticou as pernas numa caminhada que findou no centro daquela caverna. Atormentada pelas muitas perguntas sem respostas com as quais fora presenteada em sua última missão, a kunoichi conjecturava que provavelmente sua estadia em Kirigakure devera ser mais curta do que estava anteriormente previsto; era necessário informar à Hokage acerca das descobertas feitas em relação ao abismo e as demais organizações filiadas, de forma a preparar o governo da folha, as forças regulares e seu povo para o que quer que espreitasse no horizonte.

Imersa em pensamentos, a Uchiha tateou a bainha da espada e trouxe a Murasame às mãos, manejando-a entre os dedos e sentindo o peso da arma. Muitas foram as vezes que aquela arma lhe salvara a vida, e quando precisava tomar um tempo para pensar e organizar suas ideias, não havia forma melhor de fazê-lo se não com ela em punho. Isabel a entregou à mão destra e acometeu com um primeiro golpe na horizontal, sentindo o balanço da sua investida somar-se com o peso da arma ao atravessar o espaço à frente dela. A precisão era quase impecável, mas era notório que a lâmina sempre avançava um pouco mais do que o esperado, diminuindo seu tempo de resposta para um segundo movimento. Por causa disso, Isabel realizou um novo movimento, desta vez na vertical, aplicando ao intento a própria força da gravidade que jogava seu ataque para baixo. Novamente, as forças que agiam contra a sua força de parada se mostraram superiores e, dessa vez em especial, a lâmina atingiu o chão, muito embora sem grande força.

— Droga. — A shinobi cuspiu. Parecia anormalmente zangada àquela manhã. Concentrou-se mais, carregando um terceiro movimento, e dessa vez garantiu, com a força dos músculos superiores, que se adaptaria aos próprios movimentos e conteria o avanço assim que perpasse pela área pré-determinada. Isabel atacou, e então puxou a lâmina da forma como podia para trás, colocando-a paralelamente ao próprio rosto, apontada para frente, e então continuou, com uma estocada, sentindo o corpo inteiro avançar. Seus pés projetaram-se para segurar aquele repuxo, e ela conectou a musculatura em prol de evitar um aumento desnecessário da área de ataque. Precisava que cada um dos seus movimentos se conectasse de forma precisa, limpa e perfeita, e não faria aquilo de outra forma que não treinando mais e mais. A Uchiha deslizou, numa última tentativa, a espada na diagonal, e sentiu um mar de forças diferentes colocando-se contra a sua tentativa. Mas não se deu por vencida; compeliu-se igualmente em contrário, e no momento em que deveria ter se contido, a espada parou, pendendo no ar enquanto era segurada por ela, sem mover-se um centímetro a mais do que havia decidido.

Mas por mais que o sucesso tivesse lhe dado as boas-vindas, alguma coisa ainda incomodava a kunoichi.


Isabel; HP: 700/700, Chakra: 1450/1450

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— Respire... —  Instruiu Caiaphas. — Você não conseguirá harmonia alguma consigo mesma se continuar tão... instável assim. — ela deu uma olhadela de cima para baixo à infiltrada, apercebendo-se de sua inconstância. Isabel era incapaz de quedar-se em calmaria e concentração; haviam tantas coisas abarrotando seus pensamentos, arguindo entre si com voracidade enquanto pleiteavam a atenção da Uchiha. Ela não conseguia fechar os olhos, limpar a mente e ter um momento de relaxamento. Podia ser encontrada a qualquer momento. Podia ser aprisionada. Podia ser morta. Poderiam fazer todas essas coisas com Suzue, o que certamente seria bem pior do que se fizesse unicamente com ela. Pensamentos, pensamentos, pensamentos. Para Caiaphas, eram eles as raízes de todo o problema.

— Eu já te disse que eu não consigo! — Isabel rosnou e levantou-se. Tateou as roupas e tirou dali toda a terra que sujava as indumentárias, mas de pronto sentiu-se envergonhada. Suas palavras provavelmente soaram mais grosseiras do que esperava, e imaginou que talvez Caiaphas não quisesse que continuasse assistindo aos seus treinamentos. Ela suspirou, limpando os pulmões do sentimento e piscou freneticamente por dois ou três segundos, como se estivesse assumindo novamente o controla da situação. — Desculpa. — disse, por fim.

— "Desculpa", "Eu sinto muito", "Eu não deveria ter feito isso". É só o que você sabe fazer, não é? Fingir que está tudo bem, fantasiar que está no controle enquanto espera que as coisas caiam de bandeja nas suas mãos. — A mentora disparou, para a incredulidade da menina.

— Não é isso que eu quis-

— Mas foi o que você disse. Encare a si mesma de frente, Isabel. Tenha maturidade para isso.

A Uchiha calou-se. Sentiu um profundo vazio instaurar-se em seu peito, como se um buraco profundo tivesse sido escavado em seu tronco. E o buraco preencheu-se com um fogo ardente, que primeiramente era chama, mas depois tornou-se uma verdadeira tempestade infernal. A kunoichi cerrou os punhos e triscou os dentes em protesto, e marchou pesadamente contra Caiaphas. — Você não me conhece, não sabe quem eu sou e muito menos por tudo o que eu passei. — ela cresceu em presença, e a pequena menina morreu para renascer como um lobo furioso, com os olhos ardendo vermelhos como o sangue, onde três tomoe dançavam furiosamente. — Você não viveu sua vida como um fardo para a sua família, como uma maldita ladra que roubou a vida da mãe que nem conheceu. — então ela voltou-se para as próprias mãos, fitando a palma delas como se procurasse por algo. Por uma resposta para a dor que continha no peito e que não conseguia lidar; aquela que, por muitas vezes, preferia simplesmente ignorar, fingir que não estava ali.

— E o que vai fazer, menina da folha? Sair correndo para pedir o colo da sua irmã do outro lado do oceano? Ou fantasiar que é uma protetora, e que tudo o que está fazendo é pela garota Senju por quem você tem um crush?

Aquilo não somente desconsertou a infiltrada, como também incitou nela uma série de dúvidas, de perguntas para as quais não tinha nenhuma resposta. Era certo que havia contado sobre sua amiga Suzue, mas Caiaphas não sabia nada sobre sua irmã ou a vila da folha. Ela também não contaria, tendo em vista não conhecer àquela pessoa e tampouco achar prático por a sua missão em risco por uma mentora. Mas estava com raiva demais para contesta-la à respeito. Com raiva demais para continuar com sua missão. Com raiva demais para qualquer coisa que não fosse por tudo aquilo que lhe transbordava para fora. E naquele momento, contrariando o leque de possíveis continuações daquela cena, Caiaphas deu um sorriso torto.

— Prontinho, está feito.

Isabel parecia atônita. As bochechas doíam pelas fortes expressões feitas, e ela quase deixou que as lágrimas caíssem pelo rosto, tamanha era a fúria que doía no peito. — Do que você está falando? — Foi a única coisa que ela conseguiu dizer. — O que você fez?

— Você já estava exausta, então faze-la explodir não foi uma tarefa difícil. Não tinha como você continuar carregando tanta raiva dentro do peito sem nunca colocar tudo para fora, Isabel. Não há paz onde há guerra, essa é um verdade da qual você não pode correr. Mas agora está livre; livre para encher-se desse mesmo sentimento outra vez ou recomeçar de uma forma diferente, se limpando de tudo aquilo que te amarra à terra e — naquele instante, esplendorosas asas de fogo nasceram nas costas, crepitando como as chamas do inferno conforme dançavam em movimentos para cima e para baixo, permitindo que ela alçasse voo. — aprendendo a voar. Quer tentar? — a misteriosa mulher das madeixas cacheadas questionou, estendendo uma mão amiga.

Isabel; HP: 700/700, Chakra: 1525/1525

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— O que você vê? — Ela perguntou. Seu dedo apontava para o leste, onde as árvores se ajuntavam e a escuridão parecia engolir suas profundezas. Isabel seguiu, deu uma vista de olhos, aprofundou-se na imensidão negrume à frente da íris cerúlea, mas nada viu. Eram árvores, no fim. Ela sacudiu a cabeça em negativa, certa da resposta que dera, mas o suspiro de Caiaphas já carregava a resposta.

— Você vê apenas a superfície de um todo, Isa. Como se olhasse de longe para o oceano, sem de fato se aprofundar em sua imensidão, mergulhar em suas águas e descobrir o que há de mais profundo em seu território. É uma forma de ver as coisas, mas não a única.

Isabel cerrou os punhos, apertando-os na proporção de sua frustração. O Sharingan lhe concedia níveis impossíveis de acuidade visual, mas confiar cegamente e depender apenas do poder bruto era um empecilho nas mãos de qualquer shinobi, e ela sabia bem disso. — E como eu posso fazer diferente? — ela questionou. — Como posso ver além do que meus olhos permitem? — ela parecia especialmente interessada naquela forma de treinamento. Seus instintos não eram assim tão ruins, mas era óbvio que confiava e contava muito mais com a percepção visual do que com qualquer outro instinto. Por isso, encontrou naquilo uma oportunidade de ampliar seu leque de possibilidades, de desenvolver-se nas muitas habilidades que estavam à sua disposição e que nunca tinha tido a coragem ou a necessidade de se valer.

— Feche os olhos. — respondeu Caiaphas. A misteriosa mulher de madeixas espirais tocou-lhe nos ombros, à medida me que a kunoichi da folha seguia seu comando, e sussurrou palavras de conselho à menina, guiando-lhe ao seu objetivo. — A visão deve ser encarada com respeito e em primazia, mas não deve ser a única dos seus sentidos a ser estimulada. Sinta as correntes de vento ao seu redor. — Isabel permitiu-se dar voz ao tato que dominava sua pele. Sentiu o frio das montanhas, escorrendo do meio das árvores e balançando seus cabelos à medida em que rachava os lábios vermelhos e meneava a pele como se o fizesse com a lâmina de uma faca. — Ouça os sons da natureza, que não apenas cantam, mas contam-lhe uma história. Uma história do presente, do que está acontecendo e, se você tiver sorte, do que acontecerá. — Dessa vez, a garota deu espaço à audição, e sentiu sua própria essência mundana viajando para além, para os arbustos, bosques e florestas que nasciam à frente. Ouviu o cântico dos pássaros, e o correr o rio, mas também o sussurro educado dos ventos e as passadas calmas dos alces que viviam ali. Permitiu-se ir cada vez mais à fundo, para ter comunhão com tudo aquilo que normalmente não sentiria.

E em fruto do seu sucesso, a senhora sua mestre concedeu-lhe um singelo tapinha nas costas, como sinal de bom proveito de seu treino.

Isabel; HP: 700/700, Chakra: 1525/1525

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Dar voz aos outros sentidos era uma experiência única, transcendental, que despertava na infiltrada uma série de sentimentos e sensações que nunca pensara que poderia obter por meio de mera experimentação visual. Uma amalgama sinestésico parecia dominar cada centímetro de sua vivência; sentia o cheiro do verde da natureza, observava a gelidez do frio matutino e se deliciava com o calor do sol alumiando a terra, dançando sobre sua pele e provocando reações inimagináveis provindas do tato. Caiaphas deu-lhe novamente tapinhas nas costas, virou-se para a direção em que a menina observava e disse:

— Você está indo bem. Gosto da forma como está se permitindo ver e interagir com as coisas. Eu escondi algumas coisas dentro dessa clareira — ela afastou-se em passadas lentas, abriu os braços e esticou-os como se abarcasse toda aquela porção de floresta como sua. — E gostaria que procurasse, me dissesse do que se trata. Se fizer isso, posso te ensinar uma coisa ou duas sobre concentrar-se para aumentar a fluidez e a velocidade dos seus golpes. O que me diz?

Isabel não questionou. Deu uma olhadela nos arredores, procurando por meio da visão por quaisquer sinais de objetos, roupas ou animais que estivessem fora do lugar. Não encontrou nada. Pensou que talvez não tivesse praticado o suficiente, que talvez estivesse perdendo algo, e foi somente então que entendeu a praticidade daquilo que outrora havia praticado com a mentora. Valer-se de somente um sentido era tolice, e jamais encontraria o que estava procurando se continuasse daquela forma. Por causa disso, sacou da sua bolsa uma Kunai, arremessou-a em companhia de uma Shuriken para o céu e observou, por meio da tríade negra em meio ao mar escarlate, o reflexo do sol refletindo sobre os dois objetos conforme se chocavam e deixando de refletir sobre uma área específica do gramado. Uma pista, sua mente anotou e não deixou que passasse despercebida.

Ela caminhou, vagarosamente, rumo ao estranho acontecimento, e primeiramente tateou-lhe calmamente com a palma das mãos, como se estudasse sua densidade e do que se tratava. Entendeu, por meio do tato, que havia um pequeno prego por debaixo do que parecia ser um filamento de pano inteligentemente folheado em chakra, que não permitia que luz alguma refletisse sobre aquilo. Em posse de todas aquelas informações, ela sorriu, preenchida pelo sucesso, e vagarosamente removeu o pano, de forma a revelar, como já havia percebido, que um prego lhe mantinha suportado e de pé. Se tivesse removido tudo aquilo ou simplesmente pisado de forma despercebida, era provável que estivesse a sangrar, machucada, vítima de sua própria tolice. Mas Caiaphas estava lhe ensinando, e ela tinha fé que se continuasse seguindo em frente, aprendendo com os erros se permitindo conhecer o desconhecido, tornar-se-ia uma ninja muito mais forte do que era.

E as vezes, refletia que talvez a estadia em Kirigakure no Sato não fosse assim tão infernal.

Isabel; HP: 700/700, Chakra: 1525/1525

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A infiltrada permanecia avançando, vagarosamente, escorando sobre as árvores, os arbustos, os galhos e a toda a relva circundante que modelava aquela maravilha verdejante. Era como se mergulhasse no mar profundo, conhecendo espécies nunca antes vistas e se aventurando por reinos nunca antes explorados. Uma verdadeira maravilha num país onde outrora só enxergava o pânico, a ansiedade e o terror. Ao seu lado, como uma fiel escudeira e confidente, estava Caiaphas, a misteriosa mulher de cabelos espiralados. Era alta, como ela bem podia perceber, de seios modestos e uma expressão que a tornava de forma ambígua uma grande companheira e alguém com quem você não gostaria de arrumar uma briga de bar. Ao lado dela, Isabel sentia-se acolhida, protegida, como se transmitisse uma aura materna, que a muito ela havia perdido.

— Onde estamos? — Caiaphas questionou.

A Chunin fitou os arredores, procurando por alguma forma de guia. Não encontrou, e tornou a olhar para a mentora em busca de uma resposta.

— Leste de Kirigakure no Sato.

— Como sabe? — Ela quis saber.

— Está vendo aquelas plantas ali? Só crescem uma vez por ano, durante o verão, nessa específica área da ilha. E essa área fica no leste de Kirigakure no Sato. — No fim, suas palavras soaram como uma provocativa a pequena garota, como se fosse óbvio demais para ela não ter percebido à princípio. Isabel deu-lhe uma cotovelada rápida, exprimindo sua insatisfação. Não era assim tão fácil.

— Eu não sei muito sobre plantas.

— Não estou te ensinando a ser uma mestra na biologia, mas a prestar atenção aos seus arredores. Pense, olhe o seu redor. O que vê que pode ser usado para voltarmos à rota principal? — Era um questionamento válido, tendo em vista que ao menos para Isabel, estavam perdidas.

A kunoichi avizinhou-se das plantas, procurando nelas algum indício de que algo ou alguém havia passado por ali. Colocou a si mesma a regra de que o Sharingan só seria usado em missões, não em treinamentos, para que se acostumasse com suas próprias habilidades básicas, reconhecendo o quão frívolas eram e trabalhando para que alcançassem um nível de precisão nunca antes presenciado. Isabel continuou, e percebeu que pequenas listras negras atravessavam a relva rasteira, continuando numa linha retilínea que findava em algum lugar além dali. Ela chamou Caiaphas para que lhe seguisse, e continuou observando a trilha, fazendo anotações mentais com tudo aquilo que poderia ser semelhante a marca e que fizesse parte de algum tipo de transporte, tendo em vista a quão afundada a marca estava no solo.

— Uma carroça. Dois cavalos. — Ela disse, incerta de sua resposta. Caiaphas permaneceu em silêncio, sem dizer se estava certa ou errada, até que findaram a caminhada numa estrada aberta, com vista para uma das muitas saídas da vila.

— Percebe? — Caiaphas disse. — Leste da vila.

— E uma carroça com dois cavalos. — Isabel pontuou, levantando o dedo e apontando-o para o outro lado da rua, onde uma carroça ordinária, adornada a ouro e carregada por dois cavalos negros estava estacionada.

Isabel; HP: 700/700, Chakra: 1525/1525

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Técnicas:

+1 Ponto em Controle de Chakra em virtude do primeiro treino. A narração do chakra ficou muito fluida e condizente não somente com o Anime/Manga, como me lembrou do próprio treinamento do Asuma. Parabéns.

Caiaphas investiu como um touro e acertou um murro no rosto da infiltrada. Sua cabeça inclinou-se para trás, e o corpo diminuto foi arremessado da montanha à praia, rebentando com as correntes de ar e rasgando a barreira do som à medida em que a pressão do golpe ia se arrefecendo. No ar, nossa heroína deu um jeito de recuperar o fôlego e a postura, e girou sobre o próprio eixo à medida em que evocava o relâmpago rubro-negro, ceifando a potência do golpeio e lhe permitindo cair verticalmente como se nenhuma força além da gravidade lhe dominasse.

Mas foi naquele mesmo momento que a misteriosa kunoichi avançou. De uma forma ou de outra, sua acometida lembrava a de Kyoko, rápida como um trovão rasgando o céu e potente como cem elefantes em cruzada. Isabel tirou o corpo da reta e percebeu que, em um único instante, Caiaphas já estava sobre uma praia destruída, com trilhões de grãos de areia, pedras e mar voando para longe dela. A kunoichi saltou novamente, dessa vez atingindo em cheio a postura fechada da infiltrada. Isabel, que já conhecia os perigos de um movimento surpresa, não abaixou sua guarda nem mesmo por um momento e, quando o fatídico instante de suportar aquele golpe chegou, elevou ambos os braços e segurou toda a potência com seu pequeno corpo. No fim, ela desfez sua postura defensiva e elevou o joelho num golpe certeiro que surpreendeu sua própria mestra.

E gradativamente as duas caíram, observando uma à outra conforme a gravidade lhes trazia de volta à terra firme.

— Seu aproveitamento melhorou, mas... — Caiaphas girou sobre o próprio eixo para baixo, e a perna deu um giro completo antes de descer diretamente sobre a cabeça da Uchiha, empurrando-a ainda mais rápido contra a terra. Mais uma vez, trilhões de detritos subiram aos céus e uma fina fumaça engoliu o campo de batalha, servindo de cortina para a pequena aprendiz. — Me copiar não vale, eu sei como luto. Você precisa criar seu próprio estilo, aprender com sua maneira de lutar. — Ela pousou graciosamente sobre a areia da praia, mas antes mesmo que pudesse descarregar um suspiro, Isabel projetou seu corpo sobre ela, descendo como um chute diagonal que foi facilmente parado por uma defesa em letra X com os braços.

— Bem melhor, mas... — Caiaphas segurou-lhe pela perna direita e girou uma, duas, incontáveis vezes até que finalmente gerou força suficiente no movimento para arremessar a pequena menina no mar. Isabel era uma hábil nadadora, mas quase se afogou em razão da força com a qual afundou, e por pouco não foi levada pela correnteza. Com algum empenho, ela ressurgiu na praia alguns minutos depois, cansada, exausta demais para produzir uma única palavra, mas resoluta de que continuaria treinando.


Isabel; HP: 700/700, Chakra: 1525/1525

Importante:

Armas:

Técnicas:

“Eu tenho muito o que explicar a ela quando voltarmos” Pensou a kunoichi. Gamaiso lhe entregou numa clareira qualquer dentro da grande ilha de Kirigakure, e Isabel passou mais do que algumas horas caminhando sozinha na imensidão verde da floresta, não se perdendo unicamente porque toda aquela extensão de terra já havia sido mapeada mentalmente pela ninja. Mesmo assim, era uma chateação que Gamaiso não tivesse um mínimo de etiqueta e responsabilidade, e tivesse forçado que uma criança da idade dela andasse sozinha na escuridão da floresta.

Mas em meio a escuridão noturna, o barulho de alguma coisa pesada caindo a alguns metros dali sobressaltou a Uchiha. Um festim de rugidos, assobios e grunhidos se instalou como uma sinfonia natural aguda em reação ao som, e a menina teve certeza de que algo estava fora do lugar. Caminhou através da floresta, tirando da linha dos olhos as folhas e os galhos que se enfileiravam em seu caminho, e quando pôs os olhos na causa daquele estardalhaço, se assustou com a presença de um pequeno orangotango de pelagem cinzenta se encolhendo à beira de uma pedra. Diante dele, dois primatas maiores se engrandeciam em presença, rugindo contra a pequena fera e socando o chão como se declarassem a si mesmos como os reis daquela região. Do outro lado, a criaturinha meramente urrava em lamentos profundos, se encolhendo a cada avanço, temerosa de que se voltassem agressivamente contra ela.

E muito embora não fosse do seu feitio intervir nos desígnios da natureza, Isabel não conseguiu quedar-se inerte. Era contra a sua natureza permitir que os fracos fossem oprimidos por aqueles de maior poder. Essa era, afinal, a sina de sua missão em Kirigakure no Sato. A menina deu um passo à frente, adentrando ao campo de visão dos grandes macacos, e projetou-se na direção deles calmamente, em passos mansos, cobrindo a distância em não mais que poucos segundos.

E mediante a iminente ameaça, ambas as criaturas atacaram. Seus músculos eram talvez do tamanho da própria Isabel em massa física, e os dentes afiados que se projetavam da arcata dentária pareciam fortes o bastante para dobrar metal. Em resposta ao perigo, a donzela da guerra se preparou. O primeiro dele avançou vorazmente em patadas fortes contra o chão, marcando a terra por onde passava à medida em que crescia em presença contra a kunoichi. Isabel percebeu a investida e o levantar dos punhos do gigante e, no momento oportuno, deslizou habilmente para a esquerda, desviando da investida. No entanto, o que lhe esperava era certamente um infortúnio em formato de monstro: o segundo gorila.

O segundo gorila valeu-se da agressividade do primeiro para buscar a retaguarda da pequena menina, por ter o seu instinto avisado da periculosidade da garota, e assim que ela passeou para o lado desviando do primeiro ataque, ele aproveitou-se do momento para saltar contra ela, usando seu próprio peso ao seu favor. Isabel correu contra a criatura sem perder o impulso da corrida e jogou-se sobre a terra, deslizando por baixo de toda aquela massa de músculos e ossos, fazendo com que ambos os gorilas se chocassem violentamente, rolando sobre a terra e caindo um pouco longe dali. Anotação Mental, capítulo 23: Nunca perder de vista os seus inimigos em um combate corpo a corpo, ela disse para si mesma, se compelindo a tarefa de melhorar por meio do esforço. Dessa vez, atribui a si mesma toda a sua velocidade de movimento, angariando velocidade o bastante para que suprisse a força que lhe faltava nos membros superiores. À medida em que se aproximou, golpeou os dois com o punho fechado, em alta velocidade, provocando a barreira do som num estalo estridente e empurrando ambas as criaturas para trás, desmaiadas pelo poder empregado. Não eram ninjas e portanto, não detinham as mesmas capacidades da garota, razão pela qual deixou-as ali, desacordadas, deu uma última olhada no pequeno macaco para ter certeza que estava bem e posteriormente continuou em sua jornada, de volta para a caverna.

Isabel; HP: 800/800, Chakra: 1600/1600

Importante:

Armas:

Técnicas:

Caiaphas e Isabel descera por túneis obscuros, que terminavam em um grande salão escavado na pedra. Uma galeria nascia além da passagem e estava abarrotada de estalagmites, do chão ao teto. Enfeitando as paredes, uma série de suportes com tochas acesas, iluminando o cenário e distribuindo o som do seu crepitar pelo ambiente.

Apesar da amplitude da gruta, a infiltrada experimentou certa dificuldade em caminhar de um lado para o outro, porque as lanças que se projetavam do chão e dos tetos eram demasiadamente rentes uma a outra, de forma que seus pés quase sempre se encontravam desconfortavelmente verticais sobre a rocha, agraciados pelos benefícios concedidos por uma boa concentração de chakra.

A kunoichi percebeu que Caiaphas parecia estranhamente à vontade em meio a todo aquele breu. A mulher salteava do pico de uma estalagmite ao outro como se estivesse caminhando por uma passarela, enquanto continuava explicando os motivos pelos quais não havia contado nada sobre o modo sábio. De acordo com ela, essa era uma habilidade de grande complexidade e periculosidade, e não ainda não sabia dizer ao certo se Isabel era alguém com coragem o bastante para passar por aquela forma de treinamento. Lembrou-lhe que o modo sábio era perigoso, e que a falha no treinamento poderia tê-la transformado numa bela estátua de sapo no Monte Myoboku.

— Bem, de toda forma são águas passadas. Podemos começar? — Isabel encerrou o assunto e deu início à razão para caminharem sobre aquele dificultoso ambiente.

— Muito bem... — Caiaphas preparou-se, mantendo seu equilíbrio com uma única perna enquanto trouxe a outra na altura da cintura, se preparando para investida.

E como um relâmpago em carga, Isabel assaltou. Trouxe primeiramente o punho em um golpe direto, um soco contra o maxilar da mentora, mas Caiaphas meramente de um tapa na investida, tirando-lhe do trajeto que findava em seu êxito. A kunoichi deslizou o pé sobre uma estaca de pedra próxima à medida em que seu corpo retornava ao chão após a investida, e assim que recuperou seu equilíbrio, disparou num chute superior, buscando acertar com o joelho a têmpora esquerda da kunoichi. Todavia, mais uma vez, Caiaphas desviou o movimento com um tapa rápido, leve e rápido, que demonstrava que força não era tudo em um combate.

— Como você...? — Isabel mostrou-se incrédula.

— Observe. — Caiaphas respondeu. A mulher subiu com o joelho e acertou em cheio o queixo da menina. Sua cabeça foi empurrada para trás e ela tossiu ainda no ar enquanto seu corpo se elevava, vítima da pressão do golpe. Foi naquele momento que Caiaphas desceu a perna e acometeu com um soco direto. Isabel projetou ambos os braços defensivamente, mas não teve tempo o suficiente; acabou acertada outra vez, e desta vez foi jogada ao chão.

— Você é rápida e tem bons reflexos, mas precisa alinhar isso aos movimentos corretos. Golpes vazios e com movimentos desnecessários só te atrapalham. Você se torna mais lenta, mais fraca e cheia de aberturas. Sei que se desenvolveu muito mais em seus treinamentos com Fukasaku mas... não se deixe levar por seus êxitos, você ainda tem um longo caminho a ser percorrido.

Isabel; HP: 800/800, Chakra: 1600/1600

Importante:

Armas:

Técnicas: