[Treinos] Como treinar seu Dragon

[Treinos] Como treinar seu DragonTer Mar 23, 2021 8:41 pm

Treinos — Ano 1245

> Aqui se passarão os treinamentos de Tatsuki Dragon, de forma atemporal. O cenário destes variam, de acordo com a construção do texto e do objetivo da missão. Como padrão, todos acontecimentos se passarão no verão de 1245, a não ser que seja especificado o contrário.

ícone : Mensagens : 387 Data de inscrição : 15/03/2021

Esfreguei os olhos tentando espantar o sono. Era começo da noite, mas eu já estava um tanto exausto de um diade trabalho nas missões. Minha vontade era de simplesmente me jogar na cama e me permitir descansar. Mas ao mesmo tempo estava empolgado com o livro que havia pego na biblioteca. Sabia que talvez nunca ganhasse de Suyo no taijutsu e eventualmente encontraria algumas pessoas ainda mais habilidosas que ele. Se quisesse ter vantagem nisso, precisava ganhar com perspicácia e criatividade. Como um presente dos céus, havia encontrado no topo de uma prateleira uma obra antiga e com páginas já surradas. Os dizeres dourados já manchados revelavam um apagado nome: “Táticas Shinobi: Viva o Ninja”.

Cresceu a expectativa no teto pensei enquanto me preparava para ler as primeiras páginas. Sentado na cama, puxei meu caderno de anotações para próximo de mim. Só a mera leitura não me ajudaria a assimilar nada bem. Se quisesse aprender precisava resumir as partes importantes e carregar aquilo pros meus treinamentos. Dei início ao estudo, encontrando a princípio os fundamentos que antecedem um combate. Conhecer a ti mesmo antes de conhecer o inimigo. Apesar de ser um pouco óbvio, era um fator que até então eu não havia parado para me aprofundar. Segundo o autor, tão importante quanto pensar sobre o método de sobrepujar o inimigo externo seria conhecer a força e fraqueza internos.

Entender que o meu potencial é finito e frequentemente há falhas em minhas ações era algo que eu precisava amadurecer se quisesse evoluir de fato. O orgulho não me levaria a lugar algum. Após alguns minutos, a mão já se movia automaticamente, formando alguns mapas mentais e puxando setas para instruções dadas a mim mesmo. Tive de me contar para não rabiscar a obra em si. Além de uma multa, receberia uma bronca colossal da senhora Kirin, a bibliotecária. Aproveitei os espaços laterais das minhas folhas para colocar algumas ideias de treinamento, como de praxe. Tive a sensação que fechar os olhos e imaginar diferentes oponentes me ajudaria a enxergar isso melhor. Me colocaria em uma posição em que vislumbraria contra quais eu tinha mais dificuldade. Seria até mesmo um exercício mental interessante para mais tarde. Já estava no verso da folha quando os olhos queriam pesar, mas me contive.

Na página em que me encontrava havia uma narração de uma luta real. Um dos participantes era um lutador exímio enquanto o outro era um habilidoso usuário de ninjutsu. Quando o usuário de taijutsu tentava lutar a distância com medo de ser pego em um ataque, a falha era evidente. Da mesma forma que quando o outro buscava se equivaler no mano a mano e se esquivar dos socos e chutes, não conseguia suportar por muito mais tempo. Respirei fundo, tentando raciocinar antes de ler a explicação mais abaixo. Era uma maneira de tentar trabalhar a minha dedução. A lição que podia tirar disso era de como eles tentavam analisar demais seus oponentes e ignoravam seu próprio potencial. Se o lutador focasse suas ações em se aproximar, ele teria muito mais facilidade. Entender suas melhores habilidades e seus pontos fracos não era uma mera estatística. Era uma estratégia de combate primordial.

De fato, era assim que era disposto pelo autor, com muito mais detalhes e de maneira mais didática. Peguei a caneta e pus isso no papel de maneira clara, percebendo que já não escrevia mais com tanta firmeza. Me ergui, colocando o caderno na prateleira mais próxima e prometendo a mim mesmo que revisaria aquilo antes de sair de casa pela manhã. Respirei fundo, sentindo orgulho de mim mesmo por ter concluído o que me comprometi a fazer. Mas a satisfação foi rapidamente engolida pela sonolência. Quando me dei conta, já estava me aprumando no travesseiro e fechando os olhos.

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Senti o peso do cansaço nos ombros enquanto recuava alguns passos para trás. Minha respiração permanecia ofegante enquanto eu proferia alguns xingamentos contra mim mesmo em sussurros roucos. Havia começado há mais de uma hora e o progresso havia sido lento. Senti o tecido suave do tatame aconchegar os meus pés enquanto eu dobrava os joelhos, montando uma base de combate mais uma vez, como me fora ensinado quando cheguei lá. Ao meu redor, o dojo tinha poucas pessoas como espectadoras. Alguns alunos disputavam ao fundo enquanto o sensei tratava de caminhar por ali, ajeitando suas posturas e analisando nosso combate sem interferir diretamente. Na noite passada havia aprendido algumas coisas com um livro de estratégias, mas de nada me serviria a teoria se não a aplicasse corretamente.

Mais cedo até tinha tentado ir no espaço de treinamento convencional e imaginar oponentes vindo ao meu encontro. Mas não conseguia visualizá-los direito. Talvez por conta da minha pouca experiência com combates ou a minha concentração ainda não tão desenvolvida, apenas fazia movimentos esdrúxulos e sem a devida pressão. O dojo no centro de kirigakure era a outra melhor alternativa. O lugar estava aberto para os que desejassem desafiar os alunos do sensei Kai, um senhor de quase oitenta anos que ainda se orgulhava de ser um dos melhores professores de artes marciais da vila, segundo ele próprio. De fato, o meu oponente tinha aprendido bem como atacar. O que chegava a ser bem humilhante. O rapaz não tinha mais de quatorze anos de idade e mesmo assim atacava com ferocidade, tal qual um lutador experiente. Seus socos e chutes não eram tão fortes, mas tinham uma velocidade esmagadora comparada a minha esquiva.

Meu objetivo ali, no entanto, não era ficar mais rápido nem tão pouco melhorar minha luta corporal. Era aprender a pensar diante da adversidade. Precisava identificar primeiro o meu ponto forte e depois trazê-lo a tona. Minha fadiga diante do treino era esmagadora para meu cérebro. Como se não bastasse, o treinador sequencialmente pedia que os alunos trocassem de posição. A cada 10 minutos eu tinha que enfrentar uma criança de forças renovadas e com sangue no olhar. Se me dessem uma roupa de couro preto, talvez eu me passasse por uma saco de pancadas.

– Pode vir – Chamei, fazendo um selo de mão. Senti o fluxo de chakra se formando em meus tenketsus e os liberei. Na minha mente havia uma única estratégia que poderia funcionar com minhas habilidades atuais. Eu não tinha nenhuma técnica de ataque e duvidava que conseguisse vencê-lo sem explorar minha aptidão pra ninjutsus. Dos meus pés uma pequena nuvem de fumaça se formou e de dentro dela se tornaram visíveis três versões de mim, todas com as mesmas roupas e rostos, sem distinção. Os clones e o original estavam em posição de ataque, mas a primeiro momento fora impossível distinguir qual. Diante da confusão, a criança arregalou os olhos, tentando compreender o que havia acontecido. Mas o tempo de relutância era tudo que eu precisava. Minha perna se estendeu enquanto os clones se desfaziam, indo de encontro ao calcanhar do lutador mirim e fazendo-o perder o equilíbrio. De um instante para o outro, o até então óbvio vencedor estava deitado. Derrotado por um completo amador.

Se é que podia se determinar como vitória minha. Não conseguira sequer me levantar mais. De joelhos, permaneci recuperando o fôlego. Iria sorrir e expressar minha felicidade não fosse o meu estado atual. Havia demorado para pensar numa estratégia diante de um conflito. De fato, não tinha um leque grande de ferramentas que pudesse utilizar. Em um combate real talvez cogitasse usar armas de arremesso para me dar alguma fração de tempo maior para reagir. Mesmo que não tivesse sido da melhor maneira e eu tivesse levado uns bons tapas de crianças por longos minutos, havia valido a pena. Quando olhei para o lado, a cara do treinador mandava a mim uma mensagem como “Sai fora daqui. Mas volte pra tomar uma surra depois”

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– Desse jeito você nunca vai ganhar de mim – Disse meu pai, recolhendo as peças e posicionando-as no tabuleiro mais uma vez. Enquanto o observava eu franzia os lábios, tentando não admitir que eu era péssimo naquele tipo de jogo. Mas chegava um determinado momento em que tentar improvisar estratégias contra lutadores de taijutsu passava a ser uma simples prática de ninjutsu movida por reflexos. Precisava raciocinar e o jogo estranho de peças do meu pai podia me ajudar com aquilo. Eu não entendia muito bem como funcionava, mas consistia em capturar peças. Os dois jogadores tinham certo lado do tabuleiro como sua base e o objetivo era conseguir chegar até a peça vital do jogo: o rei. Algumas peças tinham movimentos diferenciados, mas o jogo em si era muito complexo. Eu só avançava com o máximo de determinação e improviso possíveis, mas era como se ele estivesse pronto para isso.

Com uma calma nos dedos, meu coroa não perdia mais do que quatro das suas 12 peças antes de me dizimar por completo. Desisti algumas vezes, mas o encontrava na mesma posição minutos depois. Ele sabia que eu não era de largar as coisas tão facilmente, ainda mais motivado pela derrota. Tentei me acalmar e me concentrar no jogo. Tentei comparar o jogo como se fosse um campo de batalha e eu o chefe do batalhão. O ideal seria derrotar o inimigo sem nenhuma perda, mas era praticamente impossível. A linha de frente só se abria quando haviam perdas de ambos os lados. O jogo era muito estreito e cada vez mais eu notava que não se tratava de quem capturava mais, mas de quem sacrificava as peças certas na situação certa. Era fato que com o custo de uma meu pai conseguia capturar três das minhas. O que só me deixava ainda mais irritado, porque ele fazia questão de gritar “TRIPLE, FILHOTE” todas as vezes. Respirei fundo, por alguns momentos ignorando que estava na sala da minha casa. Eu precisava tentar prever o que ele faria.

Notei o jogo a direita e fiquei tentado a movimentar ali. Haveria uma chance. Contudo, pensei mais adiante. Perguntei-me o que aconteceria com a nova disposição do tabuleiro e me surpreendi. Eu estaria abrindo o jogo para ele. Seria abrir para outro tiple. No centro, no entanto o espaço estava mais livre. Eu perderia uma única peça, mas o forçaria a abrir a lateral esquerda, o que me faria chegar ao rei mais facilmente, já que a maioria das vezes não se podia recuar casas. Assim o fiz, deixando-o com um sorriso largo e trêmulo no rosto, como se ele não esperasse por isso. Conhecendo meu pai, ele não estaria nem um pouco orgulhoso do filho ter notado sua estratégia. Na realidade, ele era extremamente competitivo. Enquanto ele raciocinava outra vez, o que levou pelo menos dois minutos, eu tentei imaginar como se realmente fosse um embate numa guerra. Eu teria que sacrificar aliados se quisesse abrir uma chance em pontos cruciais? Melhor, se eu não fosse o comandante, seria eu o sacrifício?

Me perguntava se aquele jogo realmente poderia ter alguma analogia com o espaço real. Mas parei quando ele simplesmente se levantou. Sem compreender, eu fitei o tabuleiro mais uma vez. Idealizei na minha mente alguns possíveis movimentos e comecei a entender. O que quer que ele fizesse, não haveria como proteger o rei novamente. Havia o deixado tão confiante que ele estava mais empenhado em fazer um triple do que proteger a peça chave do seu time. Curioso. Ás vezes, estar mergulhado em outros pensamentos fazia com que nós nos esquecessemos do objetivo principal. Talvez era isso que eu tinha feito ultimamente.

Amava Kirigakure e servir a vila, mas eu não estava me preparando para guerra alguma nem para um campeonato de jogos de tabuleiro. O que eu vinha fazer não era pensar e sim raciocinar. Talvez, só talvez, tentar pensar um pouco a frente do inimigo viesse a calhar futuramente. Principalmente em casos como aquele. Meu pai não era o primeiro e certamente não seria o último a me subestimar. Se minha fraqueza em certas áreas abrissem brechas, eu tinha que aproveitá-las. Dei o último gole no refrigerante e me levantei, agradecendo a ajuda do meu progenitor e partindo para o quarto. Com certeza precisava transcrever meus pensamentos no meu diário de treinamentos.

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ícone : Mensagens : 452 Data de inscrição : 06/10/2020

— Avaliação do Treino: Aprovados.

A estratégia é uma ótima forma de treinar a inteligência dos nossos personagens, pois a lógica e o raciocínio rápido contribuem em muito para esse tão estimado atributo. Vejamos, no seu primeiro treinamento você conseguiu fazer um bom texto de aprendizagem, enquanto no seu segundo você botou em prática o que Tatsuki aprendeu e teve novas lições práticas... Tome cuidado com esses posts práticos, o caminho entre o treinamento de inteligência e o treinamento de algum outro atributo físico é tênue, você precisa se focar muito mais no desenvolvimento mental do que no físico, e você conseguiu isso dessa vez, mas talvez não consiga na próxima. O seu terceiro treino foi o que mais me animou de ler, adorei a forma como ele fluiu e como você não desperdiçou palavras nele. Foi ele que me fez querer te recompensar com algo a mais, e pela forma como o Tatsuki manteve-se atento, aprendeu com seus erros e percebeu a brecha na estratégia de seu oponente, ele vai ganhar +1 ponto de percepção. Parabéns pelos treinos, e obrigado pelos textos. Continue se superando.

Recompensa: +3 de Inteligência, +1 de Percepção.

ícone : Mensagens : 387 Data de inscrição : 15/03/2021

Havia imaginado como seria meu treinamento com Shin de várias maneiras na noite anterior, mas em nenhuma delas começava comigo chegando a atrasado no primeiro dia. O meu antigo colega de academia havia concordado em me ajudar com meu treinamento e pelo que tínhamos conversado, ele até mesmo havia se aventurado em missões mais perigosas e tido mais vivência do que eu. O que só me deixou ainda mais ansioso. Naquela manhã se deu início ao que seria um mês inteiro de treinamento. A maratona que me levou para outro nível.

Por algum motivo, meu despertador não havia tocado no horário. O que me fez chegar quase meia hora depois do combinado. Ainda assim, Shin estava lá. O meu companheiro de time usava os mesmos trajes que o vi usando quando estava em meio a uma missão. Uma camisa branca com estampa de uma shuriken e a bandana de kiri reluzindo amarrada em seu pescoço. Usava uma calça de tecido verde escuro e sandálias comuns. No seu rosto, no entanto, não havia expressão de raiva e sim um sorriso gentil.

- Está pronto? - Perguntou após nos cumprimentarmos. Respondi assentindo com a cabeça e puxando uma kunai do meu bolso traseiro. Ele havia me instruído a lutar com seriedade e sem me segurar. Usar itens do arsenal de um shinobi fazia parte do acordo. A ideia era nenhum de nós se machucar tão gravemente, mas, por mais que eu insistisse, ele garantia que eu não iria conseguir atingi-lo. No primeiro minuto eu pude ver que era verdade. Tomamos distância um do outro e ele começou a me dar instruções.

- Vamos simular uma luta, tente usar seus jutsus contra mim. Vou fazer um… diagnóstico – Dobrei os joelhos, assumindo uma postura ofensiva e fiz que sim com a cabeça. Sem aguardar sua iniciativa eu parti ao seu encontro, fazendo os selos de mão em meio ao percurso e criando duas réplicas minhas. Três Dragons avançavam pela terra batida do centro de treinamento com kunai em mãos. Quando estava ao que seriam dois metros tentei fazer meu chakra fluir dos meus tenketsus, tentando aplicar o que havia aprendido até o momento. Tentei agir da maneira mais rápida possível, concentrando energia na sola do pé e a liberando. Dei um salto em sua direção, me aproximando em alta velocidade e atacando o ar. Aonde antes estava Shin agora não havia mais nada. Meu braço se estendeu e minha perna pareceu perder o caminho do chão. Quando me dei conta, já estava caído ao chão, desequilibrado pelo meu próprio impulso. À direita, o genin me encarava com a mão no queixo, como se estivesse pensando na solução para um problema.

- Você não está tão mal – Disse, apontando para os seus próprios pés. Pude ver um fino brilho azul nas sandálias se acumular. Parecia ter a mesma intensidade que quando eu o fazia, mas estava diferente. Parecia ser menor, mas ao mesmo tempo tão correto quanto. Era como se eu estivesse de volta na academia, vendo a diferença do que eu fazia para o que o professor fazia. Como se ele dissesse que o meu jutsu estava certo, mas eu soubesse que não estava parecido com o dele. A sensação era de ter ficado para trás. Ele havia se graduado junto a mim e com uma simples demonstração, havia me mostrado que havia algo de errado com meus treinamentos.

Não paramos para conversar, mas também não havia finalizado por aí. Avançava tentando usar métodos semelhantes, criando bunshins, me transformando em conhecidos nossos e aplicando o shunshin para tentar atingi-lo. Algumas vezes chegava a tocar sua camisa, mas não por muito tempo. Era como tentar alcançar algo muito mais rápido que eu. Por mais que ele não me dissesse, tentei explorar ao máximo do meu controle, mas era muito difícil de fazê-lo. Tinha de me dedicar completamente para fazer o clone e logo em seguida usar o controle de chakra para outra técnica em sequência. Quando tentava fazer tudo rapidamente, simplesmente falhava. Dez, vinte, trinta vezes. Até não mais me preocupar em contar. A frustração e humilhação pareciam escorrer junto ao suor em minha testa e chegou a um ponto de quando eu caí mais uma vez, socar o chão com a lateral do punho.

Quando o fiz, enfim ele se pôs a falar.

- 1 mês – Disse, como se aquilo fosse mensagem suficiente para que eu pudesse compreender. Arqueei as sobrancelhas, indicando que não fazia ideia do que ele estava falando.

– Vou te treinar por 1 mês e te mostrar o quão longe você pode chegar – Afirmou, fazendo com que meus ombros caíssem. Se eu conseguisse chegar no nível dele, seria alguém muito mais útil para Suyoshi e Yonkai. Se controle de chakra fosse a chave para ficar mais forte, seria aquilo que eu me concentraria.

– Eu aceito – Disse, acenando com a cabeça e tomando alguns segundos para retomar o fôlego. Fora assim o início do meu programa de treinamento.

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Mal tinha dormido na noite passada de tanta ansiedade. Imaginava que tipo de shinobi não me tornaria ao final daquele mês e que tipo de coisas iria aprender para mostrar aos meus amigos. Contudo, não me fora ensinado nenhuma bola de fogo ou nem mesmo uma técnica nova. Para falar a verdade, nos quinze primeiro minutos eu já havia me arrependido profundamente de não ter optado por continuar meu aprendizado sozinho. Não era mais do que nove horas da manhã e eu estava amarrado ao chão com uma corda bem apertada. Minhas pernas estavam com um nó ainda mais forte e até essa parte eu conseguia compreender o que poderia extrair daquilo ali. Mas quando Shin começou a chutar a terra do centro de treinamento na minha cabeça, eu só consegui ficar irritado.

– Para… com… isso. Parou! – Gritei enquanto tentava desviar a boca das rajadas para não engolir nada. Ele parou e eu pude jurar ter ouvido uma risada abafada.

- Eu sei que você consegue escapar dessa corda com o jutsu que aprendemos na academia. Mas eu quero que faça isso sob pressão. Eu vou perturbar sua concentração e você precisa manter tanto sua mente quanto seu chakra calmo se quiser conseguir escapar. Controlar fluxo de chakra não se resume só a direcionar a energia dos tenketsus. Você precisa estar em harmonia – Explicou, não aguardando qualquer parecer meu e prosseguindo o que fazia previamente. Tentei argumentar inutilmente, mas sabia que ele não pararia até eu conseguir escapar. Por mais que tentasse usar o Nawanuke, não conseguia.

Era estressante ter que ficar evitando aquelas provocações e alguns grãos de areia já ameaçavam entrar no meu olho se eu os abrisse. Tentava idealizar o fluxo de chakra ideal para os braços e pernas, mas sentia como se a cada perturbação e gritos de raiva que eu dava direcionados a Shin, a energia se conturbava de mesma forma. Após alguns minutos, parei de gritar e finalmente consegui compreender o que ele queria dizer. Eu não poderia separar mente e espírito dessa maneira, como se realizar jutsus fosse algo a parte com ligação. Era como se fosse um só. Se eu me deixasse levar pelo nervosismo, sucumbiria.

“Eu não consigo executar mais de um jutsu ao mesmo tempo, então porque ocupar minha mente com mais de uma coisa nesse momento? ” perguntei a mim mesmo. Não era fácil. Shin me dava algumas pausas a cada cinco minutos, talvez por também estar cansando sua perna. Meu cabelo estava tão sujo que o simples movimento fazia voar poeira direto em meu rosto. Era tudo sobre autocontrole. Busquei imaginar o fluxo mais uma vez enquanto movimentava o antebraço, como se fosse uma chama azul aparecendo em todo o meu corpo e caminhando pelas minhas veias, partindo na direção que eu bem entendesse.

Não era mais do que uma ferramenta na minha mão e seria eu a definir quando e como ela seria utilizada. Tentei algumas vezes, vendo a minha concentração ser interrompida pelas rajadas de terra, mas não perdendo a compostura como fora no começo. Quando vi, no intervalo entre um de seus chutes, as cordas que prendiam meus pulsos se afrouxaram com meus esforços e eu me vi livre. Até hoje não entendia bem o fundamento daquele jutsu, mas sabia que tipo de movimento precisava fazer para executá-lo. O problema de tudo fora conciliar isso com o fluxo de chakra e a interferência externa. Ter conseguido era gratificante, mas não sentia que era necessário. Eu não imaginava que falaria o que estava prestes a dizer, mas voltei-me para ele.

- Podemos tentar de novo? - Perguntei. Havia aprendido uma boa lição com aquilo, tudo que precisava era repetir até dar o horário de voltar para casa. E assim o fiz.

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– Deixa eu ver se eu entendi direito – Perguntei, enquanto Shin terminava de amarrar as correntes em torno do meu tronco, deixando meus braços envoltos, diferente do que tinha sido com as cordas. Na verdade, sabia que para sair daquele tipo de envolvimento metálico era ainda mais trabalhoso que com as cordas, mas, segundo ele, precisava me dar um estímulo diferente.

- Dessa vez, eu quero que você alie rapidez com economicidade. Preciso que você libere só a quantidade de chakra suficiente para sair das correntes. Se demorar demais a usar o jutsu, vai cair no chão - Concluiu e, na mente dele, melhor do que me explicar como funcionaria seria demonstrar. O rapaz me chutou fazendo com que eu caísse quase de cara na terra do centro de treinamento. Como no começo, estava me arrependendo de ter aceitado.

- Olha, não me culpe – Disse, puxando um dos papéis e lendo as instruções do que seria feito no dia um. Na verdade, o que ele estava me passando não era mais do que uma réplica do treinamento que seu próprio sensei havia feito com ele - Se funcionou pra mim vai funcionar pra você – Concluiu, fazendo uma dedução perigosa. Mas eu concordei. Precisava passar por algumas situações desagradáveis se quisesse evoluir de fato. Pelo menos fiquei mais aliviado em saber que aquelas ideias não tinham sido invenções da cabeça dele pra me fazer crescer na base do sofrimento.

De qualquer forma, confiava nele. Shin tinha mais experiência de treinamento do que eu. Embora tivéssemos nos formado no mesmo ano, ele havia repetido pelo menos três vezes devido as suas notas nas provas escritas. Era um cara extremamente nervoso quando pegava numa caneta, o que resultou nas suas reprovações. Contudo, era sempre o número 1 da turma em praticamente todas as matérias práticas. Sem mais devaneios, iniciamos mais um round de treinamento e, fora os momentos em que eu caía ao chão, não conseguia sequer movimentar direito o metal que me envolvia. Era difícil manter o controle do fluxo. Primeiro porque era interrompido quando recebia o chute. Não sabia se era porque eu ainda não estava em um estágio de concentração muito grande ou se realmente era essa a intenção dele.

Mesmo tentando me equilibrar e reduzir o tempo de queda, não conseguia fazê-lo rápido o suficiente. Sabia que ele não tinha prendido tão forte assim, mas a decepção contida na falha atrapalhava meus pensamentos. Percebia que a cada tentativa a minha autoestima diminuía, como se deixasse de tentar lutar contra a corrente e começasse a tentar suportar a dor do impacto. Respirei fundo enquanto ele me erguia para mais uma tentativa, tentando acalmar a mim mesmo. Focar em sentir meus tenketsus era desgastante e manter-me focado por muito tempo era difícil demais. Mesmo assim, não havia outra escolha.

A cada vez, tentei usar o meu time como motivação e os rostos no hospital de kiri na minha última visita. Eu não queria ser um deles e nem queria que Yonkai e Suyoshi acabassem daquela maneira. Eu teria que me proteger e proteger os meus companheiros e se eu não conseguisse nem mesmo sair de um amontoado de correntes frouxo como aquele, jamais conseguiria ajudar meus companheiros. Idealizei a energia azulada do meu chakra outra vez, deixando-a percorrer todo meu corpo em uma mesma direção. No momento da queda, liberei-a enquanto forçava as correntes. Foi a primeira vez em que senti que podia ter escapado, mas quando pude enfim me libertar, a técnica só surtira efeito ao chão. Por mais que Shin fizesse um sinal de positivo com as mãos, eu não tinha sentido de maneira alguma que aquilo havia sido um sucesso.

O meu objetivo não era aprender o Nawake no Jutsu e sim melhorar meu fluxo de chakra. Fazer técnicas da maneira mais rápida possível significava precisar do fluxo mínimo. Naquela situação, eu não conseguia nem mesmo chegar no mínimo. Percebia que eu estava com medo. Medo de errar por excesso e o jutsu não se realizar. Estava temendo que meu nível atual não fosse o bastante para nem mesmo para me autoregular. Tentei confiar em mim, pelo menos uma vez. E foi aí que o resultado veio. Em meio ao ar, senti minha mente limpa como água pela primeira vez. O fluxo de chakra era sereno, mas agressivo o suficiente para liberá-lo em uma técnica. Os meus braços se movimentavam instintivamente, tentando afastar o metal de mim. Fechei os olhos, dando a mim mesmo um voto de confiança. Quando meu antebraço tocou o solo, por alguns segundos eu fiquei sem acreditar.

Era uma coisa simples, mas que pra mim significava muita coisa. Senti, genuinamente, que estava no caminho correto. Shin deu um longo suspiro, me dizendo que já ia sugerir que parássemos. Eu já estava tentando há mais de uma hora segundo ele.

- Demorei mais ou menos isso pra conseguir pela primeira vez também. Sei como está se sentindo – Disse com um sorriso no rosto, dando um fim ao nosso treino naquele dia.

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– Kakuremino? - Perguntei, vendo meu companheiro de treino ridiculamente criar uma capa para se misturar com o ambiente e saltar para o outro lado, puxando uma outra capa e acreditando que eu não tinha o visto nesse meio tempo.

- A ideia aqui não é ficar invisível o tempo todo – Respondeu – Não se esqueça que você não está só treinando ninjutsus a toa. Você quer melhorar seu controle de chakra e acredito que a essa altura já tenha percebido que há uma diferença nisso – E de fato havia. Só executar o jutsu por executar não era o suficiente. Precisava me atentar aos sentimentos e a maneira como era feito. Já havia o aprendido há tempos, assim como todas as técnicas básicas da academia. O ponto aqui era dominar a mim mesmo e meu próprio potencial, coisa que funcionaria tanto com coisas básicas quanto com avançadas. Perguntei então em que consistia ao certo aquele tipo de exercício, afinal, não tinha compreendido.

Respondeu-me então com as instruções mais detalhadas e eu não perdi tempo para pensar. Já havia se passado dois dias e eu sabia que um mês era pouco demais para ter um grande avanço em controle. Se quisesse, teria de superar meus próprios limites todos os dias. Suspirei fundo, refazendo na minha mente o passo a passo. Deixei o chakra fluir por todo meu corpo, inundando-me como água. Fiz um selo de mão, direcionando-o e o liberando o que seria uma capa com a aparência de uma pedra grande o bastante para me esconder dentro dela.

Me agachei, pegando impulso e impulsionando os joelhos, saltando e deixando o pano para trás. Em meio ao ar, tentei fazer o mesmo, alternando agora para um arbusto. Quando toquei o chão, já havia outro pano. Talvez bum pequeno avanço resultante dos meus treinos anteriores. Sabia que eu ainda não conseguiria lançar jutsus complexos com grande velocidade, mas parecia como se pouco a pouco os ninjutsus básicos fossem realmente cada vez mais simples para mim. Era como se agora estivesse aprendendo a usar mais o chakra na medida correta.

Contudo, quando encarei Shin vi sua cara de reprovação. Olhei para o pano e estava uma confusão. Parecia como uma rocha com grama encima e algumas falhas ao seu redor. A correria para executar o Kakuremino havia atrapalhado sua performance, embora eu tivesse conseguido iniciar sua execução. Suspirei, percebendo que havia tido uma falsa sensação de evolução há alguns instantes. Não desisti mesmo assim. Aquela tentativa falha se tornaram quatro, que se tornaram dez, que em breve se tornariam mais de trinta. Todas alternando os tipos de falha, desde a mesma rocha defeituosa até um pano simplesmente branco devido a minha ausência de concentração com o tempo.

Decidi dar uma pausa para retomar o fôlego e esvaziar as preocupações. Estava me cobrando cada dia mais. Não havia mais a ambição para resgatar meu irmão, pelo menos por agora. Precisava primeiro alcançar meus companheiros. Em algum lugar de kiri, conhecendo eles, estariam dando seu melhor nesse exato momento. Se eu não me apressasse ficaria para trás e a última coisa que desejava era ser um peso para eles.

“Para” falei a mim mesmo. Não havia sentido ficar imaginando situações como aquela. Precisava focar no agora. Suyoshi e Yonkai não importavam nesse momento. Um passo de cada vez. Primeiro o Kakuremino. Toda a dúvida e ansiedade se transformaram em motivação e pude perceber que até meu semblante havia mudado. Fiz um sinal de mão, sentindo a energia correr pelo meu corpo com uma fúria contida. Logo o pano se formou e embora não pudesse vê-lo direito, soube que até então havia dado certo. Executei o salto, realizando a técnica pela segunda vez e dessa vez eu não tentei me conter. Liberei o máximo que pude e senti o instinto de não fazê-lo. Quando toquei o chão, senti que inconscientemente começava a me regular. Com o sorriso de Shin eu soube que dessa vez havia acertado. Ainda era uma a cada sessenta tentativas. Mas se continuasse naquele ritmo, talvez conseguisse me fortalecer ainda mais.

Dessa vez, só dessa vez, me permiti sorrir abertamente.

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Cuspi sangue, sentindo os braços tremerem já de tanto me erguer do solo. Os chutes que eram me dados não tinham um ryou de misericórdia. Era como se fosse uma luta pra valer. Segundo ele precisava me concentrar para não transformar aquilo em um treino de reflexos. Não estava ali para ficar mais ágil. Embora ele conseguisse ver onde eu estava, segundo ele, eu precisava dar um jeito de enganá-lo. O que eu não fazia ideia de como fazer ou sequer compreender sobre o que aquilo significava a respeito de aprimorar meu controle de chakra.

Mesmo assim, não havia outra coisa a se fazer senão praticar. Tentava me manter calmo, controlando a saída dos tenketsus e tentando prezar pela economicidade e rapidez. Já errava cada vez menos na dose e conseguia executar de maneira mais correta o Kakuremino. Mesmo assim, era muito difícil não ser atingido. Algumas vezes conseguia me abaixar e ver a perna de Shin passar rente a minha face.

Já estava há três dias naquele programa de treinamento e, embora não fosse tão evidente, sentia que os avanços estavam ocorrendo. Mesmo assim, era sádico o que estávamos fazendo. A pressão e o preço da falha constantemente se resumiam a ser humilhado ou ser machucado. Não duvidava que daqui para o final do mês não me colocasse para pular de um penhasco e pedisse pra aprender a voar com jutsus básicos.

- Pausa. Tempo! Tempo! - Pedi, sentando-me de costas para um tronco. Estávamos no centro de treinamento ainda, em uma parte mais interna com uma pequena floresta de árvores. Devido ao clima úmido da vila, não era tão incomum de se ver vegetações como aquela. Já era fim de tarde e logo logo daria o horário de jantar. Estava exausto. Já haviam horas que estávamos ali e começava a perceber que Shin não estava só fazendo um favor a mim. Era como se a cada treino ele também estivesse praticando alguma coisa, tentando ser mais rápido ou mais forte.

Bom, não esperava que ele fosse gentil o bastante para perder um mês de seu próprio treino no intuito de me auxiliar. Mas aquilo só tornava tudo mais brutal. Ele não se continha e eu tinha de lidar com aquilo com seriedade do começo ao fim. Apesar de focar em manter o meu fluxo de chakra calmo, como havia aprendido, tinha de quebrar a cabeça ao mesmo tempo para tentar achar um meio de atingi-lo. Foram tantas tentativas que não pude mais contar. Nem todas resultando em falhas, mas nenhuma perspicaz o suficiente para surpreendê-lo de alguma maneira.

A dúvida dentro de mim ainda era constante. O que isso tinha a ver com controle de chakra? Me questionei. Quando achei que tinha achado a resposta ele me chamou para prosseguirmos. De fôlego recuperado, avaliei rapidamente meus ferimentos. Até então só tinha sujeira e um leve sangramento na boca. Nada que em alguns dias não estivesse recuperado. Mas tinha de ser eficiente o mais rápido possível, do contrário, poderia acabar ficando alguns dias internado no hospital tomando medicações.

Shin avançou a passos rápidos, abaixando seu tronco e preparando para me aplicar o que seria uma voadora. Eu concentrei meu fluxo de chakra, já conseguindo executar com mais rapidez a técnica, mas, dessa vez, me movi para o lado, executando outro selo e explorando mais uma vez meu controle para executar tudo enquanto mantinha a capa a minha frente. Fiz um bunshin permanecer aonde eu estava. Dessa vez, havia pego ele. Puxei a cortina, deixando-o visualizar somente minha réplica e o vi ficar confiante, como se pensasse que eu havia feito aquilo por não aguentar mais segurar a técnica.

Ele estendeu sua perna e deixou o chão, passando rente aos meus olhos e acertando o nada. O genin perdeu o equilíbrio e quando notei já estava deitado em um dos arbustos. Seu excesso de confiança tinha o pego de jeito. Tinha entendido o que ele queria desde o começo. Não se tratava de apenas executar uma única técnica com perfeição. Pensar sobre pressão e explorar os jutsus com rapidez e com o mínimo de desgaste possível. Era aquilo que significava dominar o controle de energia e era o que eu buscava. Puxei o ar com força e o soltei, dando um soco no ar de êxtase. Não estava satisfeito por ter feito aquilo com ele, mas por ter concluído mais uma etapa do meu treinamento de controle.

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Respirava pesadamente pela boca, mas não de cansaço. Não estava há tanto tempo assim, mas tinha de tentar me acalmar. Era muito mais uma condição mental do que esforço físico propriamente. Entender como meu próprio chakra funcionava, segundo Shin, era só um dos requisitos para dominá-lo. Precisava atingir a condição e timing ideal, interno e externo. Se tratava de entender não só a sensação de liberar a quantidade necessária, mas de fazê-lo no momento em que o cenário externo o pedir. De toda forma, haveriam fintas e ilusões para me atrapalhar. Esse era o papel do meu companheiro de treino.

O genin de cabelos brancos saltava ao meu lado, simulando socos na minha direção e atrapalhando minha concentração. Eu sabia que para executar o kawarimi eu não poderia atacá-lo ou defendê-lo, pois precisava concentrar completamente as minhas intenções em me substituir por um tronco escondido mais atrás. Mas o resultado era o mesmo. Quando estava próximo de concluir a preparação, meus reflexos e instintos gritavam mais alto e eu me movimentava, aparando um golpe que acertaria o ar bem próximo a minha face ou desferindo chutes para mantê-lo distante. O estresse era evidente e, assim como nos nossos primeiros encontros, atrapalhava completamente o fluxo de chakra.

Não só enxergar os pontos de liberação, como entendê-los e explorar o máximo deles era meu papel. Para exercê-lo em uma situação de combate, eu precisava de um extenso autocontrole, e isso não se limitava somente a energia. Era difícil ignorar o ambiente ao meu redor e, segundo ele, eu não poderia fechar os olhos em momento algum. Tentei buscar em minha cabeça alguns dizeres dos livros que havia lido nos últimos dias. Somente a prática não era o suficiente. Havia começado a fazer visitas cada vez mais frequentes a biblioteca local e ler livros que me auxiliassem a compreender melhor. Talvez devido ao cansaço que adquiria ao somar missões e treinamentos, não conseguia absorver tudo tão bem assim.

No meu consciente, pairavam apenas algumas analogias com corpos d’água e alguns exemplos engraçados que haviam prendido a minha atenção. Como não havia chance alguma de ir para casa consultar minhas anotações, precisei extrair algo de tudo que conseguia me recordar. Imaginei então que estava em queda. Tentei explorar o máximo de concentração que havia adquirido até o momento para idealizar que estava vindo das nuvens até o solo. Se eu soltasse uma rajada de vento colossal, iria para o espaço. Se eu a liberasse cedo demais, ainda assim morreria. Tinha de liberá-la no instante certo, na dosagem ideal. E assim o fiz. Demorei alguns minutos, pois a tentação de fechar os olhos era maior e sempre que o fazia levava alguns pontapés de Shin por estar quebrando as regras.

Mas quando consegui, foi como se realmente estivesse nas nuvens. A única coisa que sentia era a tranquilidade da brisa da manhã invadindo meu rosto. O centro de treinamento e os falsos ataques do meu companheiro já não eram mais nada. Quando enfim consegui preparar o jutsu, dei um leve sorriso, gatilho suficiente para que fosse atingido por um dos seus socos. Ou que ele pensasse que eu tinha sido. O observava em uma posição segura a alguns metros de distância. Se houvesse alguma shuriken ou kunai, seria a chance de tentar um contra-ataque, embora não estivesse em uma posição privilegiada.

Senti o fervor da minha energia dentro de mim, como se estivesse pronto para executar outra técnica logo em seguida. Era como se pouco a pouco estivesse perdendo o medo e agora conseguisse realmente perceber isso. Como se perdesse o imenso receio de errar que tinha a princípio. Inconscientemente enxergava o meu próprio potencial.

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- Só isso? - Perguntei, sentando-me no solo com o caderno aberto. O céu estava fechado, com algumas nuvens carregadas, o que me deu um certo receio em estar com papéis importantes ao ar livre. A minha frente, Shin estava com outras anotações em mãos, semelhante as que ele observava antes de me prescrever as ações. Contudo, diferente dos dias anteriores, dessa vez seria uma aula muito mais teórica do que um improvisado treinamento. Minha tarefa de hoje era praticamente rever o que tinha aprendido e refazer um treinamento comum, semelhante aos que fazia sozinho.

- Preciso que você entenda seu próprio avanço. Não adianta de nada só ficar fazendo isso sem que você compreenda a importância do que estamos fazendo. O Hitorima-sensei fez isso comigo depois de um certo tempo, mas eu consigo ver na sua cara o mesmo sentimento que eu tinha de desmotivação – O que era verdade. Eu já havia desenvolvido o hábito de ter de lutar contra mim mesmo na cama antes de me levantar para vir pois sabia o tipo de sofrimento que teria de passar. Por mais que compreendesse a necessidade e eficiência dos métodos, ninguém, eu incluso, gostavam de levar golpes sem nem mesmo poder reagir a eles de maneira adequada. Com o que ele me dizia, eu percebia que, inconscientemente, eu estava tentando evitar aquilo tudo.

Assenti com a cabeça escutando o que ele tinha a dizer, pedindo tempo para transcrever tudo que podia. Basicamente era uma explicação do que tinha feito até o momento, mas com os benefícios daquilo, coisa que eu só havia percebido ao final deles. O exercício que me era proposto, ao final da leitura, era simples. Sentar e meditar, exercitando meu fluxo da mesma maneira que praticava no começo. Dessa vez, no entanto, senti uma surpresa. Era como se realmente tivesse mais controle sobre ele. Conseguia sentir melhor os tenketsus e a quantidade que liberava deles. Não chegava nem perto de um controle completo. Mas era diferente. Conseguia refiná-lo melhor e assim o fiz.

Joguei-o para os pés, vendo a cor azulada da minha energia se depositar nas solas e logo a transferi para os braços. O que antes era só a palma da mão agora podia seguir até o antebraço. Ainda era um pouco instável fazê-lo. Conforme tentava sentia o chakra se esvaindo e o fluxo se atrapalhando em algumas regiões do meu corpo, como se eu ainda não estivesse em total harmonia. Mesmo assim estava feliz. Foi como sentir que nada tinha sido em vão. Mesmo assim, ter notado algumas das imperfeições que eu tinha me fizeram perceber que precisava me aprimorar ainda mais. Não só amanhã. Começaria hoje mesmo. Me pus a meditar por um bom tempo, alternando entre caminhar, sentar, ficar de pé e deitar. A inquietude de meu próprio corpo alterava meu fluxo, mas agora conseguia retomá-lo já não era mais impossível. Sentia que pouco a pouco a distância entre mim e Shin se estreitava.

Minha mente vagava por entre as imagens dos livros ninja, já bem fixas em meu consciente. Haviam 361 pontos para dominar e eu sabia que fazê-lo simultaneamente agora era impossível, mas estava mais perto do que semana passada. A cada minuto de meditação e diferentes estímulos faziam com que eu me comprometesse cada vez mais em ficar melhor do que o treino passado. A ideia era transferir o chakra para diferentes regiões do corpo e identificar em quais regiões eu tinha mais dificuldade. O tempo era irrelevante diante do que fazia, como se o treino estivesse sendo divertido para mim.

Quando consegui identificá-los, me pus a anotar, sendo surpreendido por uma gota de água caindo no papel. Arregalei os olhos, colocando o caderno por baixo da camisa com rapidez. Shin já estava abaixo da sombra de uma árvore mais adiante e eu corri para alcançá-lo.

- Tronco e algumas regiões dos membros inferiores – Disse, falando de onde ficava o meu maior déficit. Virei-me então para a chuva que logo começou a descer. Observei-a por alguns minutos até decidir ir para casa. Embora não tivesse gasto o dia inteiro como nas outras vezes, senti que havia sido eficiente. Não tinha feito somente um autodiagnóstico, mas havia exercitado bem a minha concentração de chakra em diferentes regiões. Além disso, estava agora mais motivado ainda para as próximas etapas do nosso treinamento.

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As imagens da garota cintilavam ao meu redor enquanto tive de me segurar, franzindo os lábios e as sobrancelhas para meu nariz não sangrar diante da cena que via. Mais adiante, Shin, o genin que me ajudava com meu treinamento de controle de chakra, se movia de um lado para o outro, concentrando chakra na sola das sandálias para conseguir dar grandes saltos em movimentos consecutivos e rápidos. Não era instantâneo e seu salto praticamente tinha a mesma extensão do meu, mas o problema de alcançá-lo era justamente a eficiência que ele tinha com seu chakra, conseguindo liberá-lo poucos instantes de diferença de mim.

A ideia hoje era que eu tentasse usar o Shunshin para me aproximar dele a tempo, assim como nosso primeiro treino antes do programa de treinamento. Contudo, por algum motivo, ele havia improvisado um fator para dificultar. Usando uma técnica de transformação infantil e bem maldosa, ele havia se transformado em uma garota loira de corpo escultural e com roupas de banho cobrindo seu corpo. Não me entenda mal, eu não era um adolescente tarado. Mas era desconcertante ter de me aproximar de alguém naquelas circunstâncias, o que só retardava meu raciocínio e tornava meu fluxo de chakra ainda mais lento comparado ao dele.

Eram incontáveis o número de tentativas. Vez ou outra ele desfazia o jutsu e mudava de aparência. Tom de pele, cor das roupas, cor do cabelo. Tudo seguindo o mesmo padrão pervertido. Com o tempo, havia voltado a culpar a mim mesmo por ainda não conseguir nem mesmo tocá-lo. Todos os dias repetíamos pelo menos um dos treinos anteriores e hoje fora o dia de tentar me libertar das correntes mais uma vez enquanto estava caindo. Mesmo assim, eu ainda precisava aprender a ignorar o ambiente externo pelo menos uma vez.

Minhas pernas ainda não doíam, mas manter aquele estágio de concentração era complicado. Muitas vezes tentava me apressar e simplesmente o chakra era insuficiente para avançar alguns metros ou nem mesmo conseguia executar o Shunshin. O que só me dava ainda mais angústia. Quando finalmente consegui alcançá-lo e tocar seu braço, a transformação que ele havia feito deu-lhe tempo para se distanciar novamente. Ainda assim, senti como se tivesse sido uma mini-vitória.

Respirei fundo, tentando recuperar o ar diante daquela correria. Não demorou menos do que 40 minutos para conseguir acertá-lo pela primeira vez. Mas eu sabia que aquilo não significava que eu tinha o alcançado em controle. 40 minutos era em média o tempo que ele precisava se cansar para chegar no mesmo nível que eu. Era como se fosse medido a diferença de poder entre nós. Eu não teria esse tempo em uma luta real. Meus treinos em equipe com meu time eram um pouco demorados, mas quando saíssemos em missões mais perigosas, 40 minutos era o suficiente para um de nós estar morto.

- Vamos de novo – Pedi a ele, cerrando os punhos em determinação. Prossegui com o treino até contarem 2 horas incluindo nossas pausas. Precisei sair para ir até o gabinete de missões, afinal, nem só de treino vive um ninja. Agradeci Shin pelo auxílio e parti, finalizando mais um treinamento.

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Saltei para o outro galho, sentindo o ar rugir ao meu redor e o impulso ganho devido ao chakra se concentrando em meu pé. Toquei a madeira, vendo que havia pulado alguns metros. Tentei não olhar para baixo, mas era quase impossível. Estava a pelo menos 4 metros de altura, o que dava um receio enorme de fazê-lo, mas era necessário. Como ninja, eu teria de fazer missões fora de kirigakure e o meio de locomoção quase sempre envolvia movimentação pela floresta.

Andar no solo era mais demorado e esse era o método mais eficiente. Fora isso que conseguira extrair dos últimos livros que havia lido. Não estava treinando controle de chakra a toa. Adquirir novos conhecimentos e as maneiras de aplicar meus jutsus era uma atividade complementar quase que obrigatória. Respirei fundo, virando novamente para a direção que havia vindo e dobrando os joelhos. Já estava cansado de fazer aquilo. Se fosse somente a sola dos pés, talvez ainda estivesse inteiro. Mas como era uma das partes que mais tinha dificuldade em manter o fluxo eficiente, ele me mandava dividir minha própria concentração.

Tinha de liberar somente o necessário para o salto enquanto concentrava chakra nos braços e cabeça, recrutando uma boa quantidade de tenketsus, o que era ainda pior do que receber socos e chutes. Mais adiante, Shin se mantinha de pé, vendo se eu não cederia. Segundo ele, qualquer deslize meu exigiria intervenção para que eu não caísse daquela altura. Tentei não me sentir aliviado com aquilo. No dia a dia poderia não ter ninguém por perto. Se precisasse lutar e fazer várias coisas ao mesmo tempo, precisava ter o máximo de domínio sobre minha energia.

Saltei mais uma vez, socando o ar concentrando chakra nas mãos. Não conseguia fazer nenhuma técnica e a mera concentração de chakra naquela região não me favorecia em quesitos de força ou habilidade corporal, mas era uma maneira de simular diversos fatores. Ao mesmo tempo que o fazia, me movendo adiante e depois retornando para a mesma posição, busquei sempre sentir mais do que meu corpo fixo. Era como se conseguisse sentir o próprio sangue correndo por todo meu corpo. Mas não era sangue. Era chakra.

As veias na verdade eram ligações entre os tenketsus. Podia ver as partes em que eu me embaralhava e sabia quando estava na hora certa de ir, o que resultou em poucas quedas. Ainda assim, vez ou outra, eu me atrapalhava em alguns pensamentos e acabava liberando pouco chakra ou chakra demais. A dose errada me dava um certo pânico, pois não tinha nada a fazer quando caía senão torcer para Shin estar prestando atenção em mim e chegar a tempo. Ele sempre aparecia de última hora para me segurar, o que me fez acreditar que ele fazia aquilo de propósito para que eu errasse menos ou entendesse a gravidade daquilo.

Com algumas horas, mesmo sentindo que tinha chakra para gastar, a concentração já não era mais a mesma. Senti que havia chegado no meu limite e pedi para parar. Era como se minha mente já estivesse desgastado o suficiente para não conseguir mais manter a mesma qualidade dos saltos. Ainda conseguiria executar o jutsu, mas não com a mesma precisão e o objetivo ali não era só sair executando ninjutsus, isso eu já estava cansado de repetir a mim mesmo. Dei sinal para que finalizássemos e confirmamos o treino de amanhã, concordando que o que tínhamos feito hoje era exercício o suficiente.

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Tentei falar, ouvindo uma voz rouca e soando palavras praticamente sem sentido algum. Ao ver a cara de reprovação de Shin desfiz o Henge, voltando a ser eu mesmo e gritando de decepção.

- Não dá! -

- Dá sim! Você só precisa olhar pra mim e imaginar uma versão mais velha de mim. Não precisa ser um cadáver ou um vovô. É tudo sobre os detalhes. Olha só – Disse, fazendo os selos de mão e se transformando em um gato, o que foi o suficiente para eu dar umas risadas ao mesmo tempo que fiquei surpreso. Ainda não conseguia me transformar em nada que não fosse humano e isso não se resumia ao controle. Era como se meu próprio ninjutsu não fosse poderoso o suficiente para se moldar naquilo.

- Isso você não consegue – Apesar de estar pensando o mesmo que isso, me recusei a admitir. Meu orgulho não era tão pequeno a ponto de concordar com um show de exibicionismo daqueles – Tudo que preciso é que se atente aos detalhes. Tudo que você faz com seu próprio chakra é mérito seu. Você define no que irá se transformar. A minha imagem você já tem. Só preciso que você se atente a algumas minúscias e modifique elas – Fazia sentido o que ele dizia. Era praticamente o que sentira no começo. Eu só fazia a transformação de maneira automática, de forma que se precisasse alterar alguns detalhes, não conseguia fazê-lo com maestria.

Respirei fundo, aceitando o desafio e comecei a executar os selos outra vez. Estávamos no meio do centro de treinamento. Já era noite. Fora o único horário em que ambos tínhamos disponível. Estava um pouco cansado da correria do dia a dia, mas não justificava aqueles erros. Sabia que mesmo se fosse pela manhã eu ainda estaria me equivocando da mesma forma. Tentei focar em meu corpo inteiro, permitindo-me demorar um pouco mais do que o habitual. Sabia que o objetivo do treino consistia em ser rápido, mas precisava pelo menos ter certeza de que eu conseguia moldar a energia primeiro.

Deixei o fluxo correr na direção de sempre, fazendo os tenketsus pouco a pouco soltarem na dosagem correta. Tinha uma imagem de Shin adulto. Era mais alto e com cabelo maior. Haviam poucas rugas perto do seus olhos, o que me fazia dizer que ele tinha mais de quarenta anos. Mesmo assim, tardei mais 5 tentativas até conseguir fazê-lo.

Ele pediu que eu tentasse diminuir o tempo de preparação. Não teria trinta ou quarenta segundos até conseguir fazer aquilo. De tempos em tempos conseguia firmar a redução para trinta segundos exatos. Vinte e dois. Dezoito. Meu limite foi consegui-lo em dez segundos. Dez segundos sentindo o chakra deixar meu corpo e liberando-o da forma que almejava. Os erros eram catastróficos, mas logo começaram a ser menos frequentes. Versões raquíticas e obesas de Shin deixaram de ser regra para se tornar exceção. Quando consegui fazer três transformações seguidas sem errar nesses detalhes, demos o treinamento de hoje por encerrado.

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Não pensei que estaria mergulhando naquele rio outra vez. Não havia se passado nem um ano desde que havia treinado naquele mesmo lugar. Era um dos muitos corpos d’água que se poderia encontrar na vila da névoa, mas aquele era o utilizado pela academia ninja para treinar seus estudantes. Não duvidava que em algumas horas chegasse uma turma guiada por um chunnin ou jounin para aprender os fundamentos da passada por cima da água. O Suimen Hoko no Gyo. E lá estava emergindo mais uma vez.

- Por que eu tenho que começar já aqui dentro? - Perguntei, só com o rosto para fora. Shin permanecia sentado na lateral do rio observando-me e me explicando o que eu teria de fazer. Uma vez que havia entendido pelo menos o passo a passo, iniciei. A ideia era tentar concentrar chakra e subir o máximo de vezes que conseguisse. Eu teria que praticamente reiniciar o fluxo todas as vezes, me erguendo antes que eu me afogasse. No começo fora quase impossível e eu tinha que me concentrar em não ser carregado pela correnteza ou me afogar.

Na primeira vez que consegui me erguer a água se abriu enquanto eu ascendia. Meus olhos estavam semicerrados e as palmas das mãos se encostavam em sinal de concentração. A partir daí tudo só ficou ainda mais difícil. Quando eu me permitia afundar a tendência era perder o foco e demorar mais pelo menos vinte tentativas até conseguir reiniciar o fluxo outra vez. Meus olhos já ardiam e minha respiração estava sendo forçada a cada minuto. Eu já estava a alguns metros de distância de onde estava anteriormente, sinal de que eu me deixava ser levado pela água do rio até conseguir.

Até então havia adquirido o hábito de respirar fundo para me aprofundar em mim mesmo e em sentir os meus tenketsus. Mas daquela maneira eu só sentia a agonia de estar abaixo da superfície e a vontade de subir de uma vez. Quando conseguia manter-me paciente e calmo, ainda tardava algum tempo até conseguir recuperar-me e executar o jutsu outra vez. Muitas vezes meu fôlego não era o suficiente e eu tive de nadar e colocar a cabeça para fora do rio para não desmaiar. Havia engolido água algumas vezes e tinha água dentro dos meus ouvidos, o que não me deixava nem um pouco mais calmo.

Ainda assim, eu precisava continuar. Ignorei Shin e tentei ignorar também todas as outras coisas que sondavam a minha mente. Todo o autojulgamento de sempre. Falhar não importava mais. Parei para focar unicamente nos meus acertos e tentar compreender como eu estava neles. Como fazia para acertar. Logo logo, tardei cada vez menos para recuperar o fluxo de chakra. Conseguia mergulhar e em 10 segundos me colocar de pé outra vez. Já de pé na água, olhei ao longe já um certo movimento de pessoas indo na direção do centro. Tinha perdido noção de tempo totalmente e não sabia mais quantas vezes havia tentado. Foi aí que me dei conta da minha exaustão. Ofegante e de corpo aquecido, sentia como se tivesse corrido uma maratona inteira.

Caminhei a passos calmos e me sentei próximo a borda do rio. Decidi que por enquanto já era o suficiente. Havia começado a pegar um pouco mais de autonomia e entender quando era o suficiente para mim. Foi aí que me despedi do meu instrutor e caminhei de volta para a casa.

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O garoto subiu em minhas costas com uma mochila do tamanho de uma rocha nas costas e eu de imediato afundei na água. Foi como se estivesse carregando duas pessoas nos ombros, ainda assim, ele não me soltou e precisei nadar até a borda e me esforçar para conseguir respirar de novo.

- Não v… - Parei. Não consegui terminar a frase. Eu nunca conseguiria enquanto julgasse aquilo como impossível. Era forçado, mas precisava conseguir. A ideia era simples. Eu havia me acostumado a usar a técnica para caminhar pelas águas com meu próprio peso e pequenos ajustes e variações devido a roupas mais pesadas ou itens. Mas eu nunca tinha experimentado carregar muito mais peso daquela forma. Era como se o fluxo de chakra que usasse para ficar de pé fosse insuficiente e aí eu precisava aprender a dosar na quantidade correta.

O objetivo era fazer com que eu me acostumasse com pesos maiores e menores e instintivamente adaptasse minha energia para me adequar as situações, de maneira que eu não afunde. Era difícil de explicar, mas uma vez que eu havia compreendido sabia que só precisava ficar de pé na água segurando peso nas costas. Bom, não esperava que fosse Shin com uma mochila cheia de pedras. Mas não pude reclamar. Se não conseguisse fazer aquilo, não conseguiria executar jutsus complexos com perfeição.

Voltei para a água, prendendo a respiração e tentando manter a mente calma. Deixei o fluxo aumentar e aumentar a quantidade de chakra liberada. O resultado foi a mesma explosão que se dava quando eu emergia, com a abertura de águas no ponto onde eu estava. Mas não conseguia mantê-las por muito tempo. Era como se estivesse reaprendendo a técnica. Foi necessário mais de meia hora de esforço e pausas para que eu enfim conseguisse ficar de pé pela primeira vez. Com o tempo, percebi que era mais psicológico. Por ter de me erguer com um peso o qual meu próprio corpo não estava acostumado, eu confundia aquilo com um treino de força. Quando comecei a entender que o objetivo não era forçar meu físico a sustentar a carga e sim aprender a manipular melhor meu chakra, consegui resultados positivos com uma frequência maior. Quando pensei que não podia piorar ele me pediu para que eu corresse.

De fato, voltei a cair. Era difícil manter a concentração com minhas pernas ameaçando ceder. Não conseguia ficar mais do que cinco passos antes de mergulhar outra vez e não foram suficientes menos de quarenta tentativas até que eu obtivesse êxito em caminhar mais livremente. Fora demorado, afinal, precisava tentar evitar um afogamento e meus músculos se cansavam com facilidade, o que exigiu que eu interrompesse o treino algumas vezes para continuar mantendo o foco.

Quando Shin saiu de minhas costas, eu ainda me mantive de pé, mas ao msm tempo que senti o alívio nas costas senti também nos pés, como se tivesse auto regulado a quantidade de chakra contido ali. Com a aprovação dele, concluí que mais uma etapa do treino havia sido um sucesso e por hoje eu já poderia voltar para casa.

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ícone : Mensagens : 452 Data de inscrição : 06/10/2020

— Avaliação dos Treinos: Aprovados.

Primeiramente, me desculpa pela demora na avaliação.

Gostei da forma que você desenvolveu os treinamentos, é muito legal ver que você manteve uma linha cronológica e meio que se manteve no mesmo "arco" do personagem durante eles. Foi divertido ver que você se manteve no uso básico do chakra e das técnicas acadêmicas para elevar elas a um outro nível — seus treinos não foram unicamente tentativas de utilização dessas técnicas, mas sim um uso muito específico, que conseguiu trazer a dificuldade necessária que esses textos precisam ter. Acho que faltou um pouco de desenvolvimento na sua relação com Shin, então fica a dica para futuros textos.

Estou te dando como bônus um ponto de perícia em disfarce, pois gostei muito da forma como você desenvolveu as narrações do henge e da capa de "invisibilidade", e também estou dando um ponto em destreza, pois você usou bastante isso nos seus treinos, e seu esforço precisa ser recompensado.

Recompensa: +24% de Controle de Chakra; +100xp Perícia em Disfarce; +1 de Destreza.

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A quantidade de bunshins que eu conseguia fazer não passavam de 5. As ilusões idênticas a mim se formavam e conforme eu tentava passar disso, todos começavam a surgir com deformações e aspecto cadavérico, como se fosse impossível mantê-los da forma que eu desejava. Não era meu objetivo evoluir isso, mas compreender que mesmo com um afinado controle de chakra, eu ainda tinha limitações a me atentar. Mesmo assim, o treino era baseado no que eu costumava fazer em meus treinos com meus companheiros de time.

Me agachei, fazendo os selos de mão enquanto tentava desviar dos socos de Shin. Precisava tentar criar os bunshins a medida que me esquivava, o que era extremamente complicado não só para manter a coordenação, mas para manter-me concentrado. A cada deslize, recebia um soco nos ombros ou no peito, o que fazia com que meu fluxo de chakra se atrapalhasse e as réplicas que havia criado simplesmente sumissem. A ideia era fazer os cinco, um por um, a medida que tinha de me defender. O difícil, no entanto, era evitar ser acertado antes de formar dois clones.

- Pode se deixar ser acertado – Disse ele, fazendo com que eu arqueasse as sobrancelhas em sinal de surpresa.

- Eu não quero levar um soco – Falei convicto.

- A ideia aqui não é ficar mais rápido físicamente, é se recuperar com rapidez. Muitas vezes você vai sofrer perturbações externas e precisa executar ninjutsus com rapidez. Você já fez isso várias vezes antes. Agora precisa fazer isso com mais rapidez ainda – Ele estava certo. Já estávamos caminhando para a terceira semana de treino. Dia após dia repetíamos quase os mesmos treinamentos a fim de refinar meu fluxo de chakra ao máximo. Mais cedo, antes de tentarmos a ideia do bunshin, havia praticado mais uma vez os saltos entre os galhos das árvores com o shunshin. Estava caindo cada vez menos e agora sequer precisava de alguém para me segurar, conseguindo me conter quando notava algum erro.

Conseguia compreender o que ele queria dizer. Era praticamente o que ele tinha feito desde o começo. Não estava tentando ficar mais forte ou ágil ali e tentar concentrar minhas energias nisso seria deixar meu controle de chakra no automático, o exato oposto do que precisávamos. Eu precisava manter-me atento aos meus tenketsus a todo momento, sentindo a energia fluir pelos canais e ser liberada. Já conseguia definir melhor a quantidade e entender o mínimo necessário para executar as técnicas.

Por mais que ainda não tivesse muitos jutsus complexos a minha disposição, era um filtro que serviria para praticamente qualquer coisa. Acreditei no treino que me era passado e pouco a pouco colhia os frutos. Deixei então de tentar me esquivar, recebendo golpes que, embora não tão fortes, certamente me desconcertavam e eu precisava ir com mais rapidez. Com o tempo, já conseguia fazer três antes de ser atingido. Senti-me surpreso quando isso começou a ocorrer. Foi como se eu estivesse ficando mais rápido na execução do jutsu em si. Meu controle estava evoluindo.

Saltei para trás, instintivamente me esquivando de um de suas ofensivas. Foquei em liberar o mínimo de energia necessário, fazendo-a ser liberada por todo meu corpo. Foi a primeira vez que senti todos os 361 tenketsus trabalhando ao mesmo tempo. Sabia que não era a perfeição. Ainda não era a mesma coisa que ocorria quando via Shin fazê-lo, mas ainda assim era próximo do ideal. Logo se formaram todas as 5 réplicas ao meu lado, fazendo concluir pela primeira vez o exercício. Respirei fundo, pedindo para fazermos uma pausa por alguns minutos.

Conversava com Shin sobre as missões que havia feito até então, desabafando com ele minhas preocupações e expectativas. Nesse tempo de treinamento havia ficado bem mais próximo dele do que de costume. Nossa amizade tinha tornado até mesmo os treinos mais divertidos. Comemorávamos juntos a cada acerto e a cada falha podia ver a sua aflição tão grande quanto a minha. Da mesma forma, ele me contava sobre como era fácil pra ele fazer as tarefas que lhe eram dadas e o quanto precisou treinar para ficar tão forte. Um ano. Um ano de treinamento extenso em diversas áreas com o Hitorima-sensei. Foi o suficiente para sua maior dificuldade hoje em dia ser seu próprio nervosismo. Ele tinha medo de não conseguir passar no exame chunin e evoluir como shinobi. Eu, no entanto, sempre tentava motivá-lo e não era nenhum tipo de consolo. Tinha certeza de que ele conseguiria.

- Meu sensei é incrível - Suspirava, tentando trocar de assunto sempre que eu começava a falar que ele tinha chances de ser promovido – Se juntássemos mais dois de nós ainda não conseguiríamos vencer ele. Vou pedir pra ele vir treinar com você um dia. Quem sabe você não aprende mais assim – Prometeu com um sorriso no rosto. Percebia também que Shin estava muito diferente desde o fim da academia. O rapaz de cabelos brancos sempre foi carismático e amigável, mas suas feições atuais eram um pouco sofridas, como se tivesse passado por muita dor. Em seu braço haviam algumas cicatrizes profundas, o que me fez pensar que tivesse sido atacado por animais ferozes de diversos tipos. Não sabia o que ele tinha vivenciado, mas certamente estava em um nível completamente diferente do que eu hoje. Sequer sabia se podia compará-lo realmente ao nível de um genin.

Enquanto ouvia ele falar, havia pego o costume de mesmo nas pausas meditar um pouco. Mantinha as pernas juntas e dobradas uma sobre a outra, imaginando o fluxo de chakra dentro de mim e passando-o dos pés a cabeça. Eram 10 dos 15 minutos de pausa fazendo isso, de maneira a me exercitar a todo instante. Afinal, não teria tempo algum de parar em situações como as investidas sucessivas de Suyoshi. Quando enfim terminamos nosso treinamento, já havia se passado mais de uma hora, minhas pernas já estavam cansadas e meus braços de tanto executar os selos de mão com rapidez.

Acima disso, minha mente estava exausta por tentar manter um estágio de concentração mais avançado. Pouco a pouco, era como se controlar os tenketsus fosse como movimentar meus próprios dedos. Ainda com alguma dificuldade, começava a entendê-los melhor e como explorá-los. Sentia como se estivesse um caminho logo a frente para entendê-los completamente. Dando por encerrado nosso treino, fui para casa descansar.

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Pude ver a energia azulada a minha frente, pulsando ao meu redor como correntes ao ser liberada com toda fúria. Tentei contê-la, mas sabia que precisava dar meu máximo para conseguir executar aquilo. Transformei-me em uma versão mais velha minha mesmo, tentando idealizar algumas rugas na pele e uma maior altura. Meu controle de chakra tinha evoluído a ponto de conseguir aumentar alguns detalhes na transformação sem mais tanta dificuldade assim, apesar de encontrar algumas falhas. Em seguida, sem dar pausa a mim mesmo, tentei criar algumas réplicas, notando que elas não seguiam o mesmo padrão. Na verdade, era muito difícil criar as ilusões com formas diferentes. Por mais que a ideia fosse replicar o meu estado atual, elas mantinham o mesmo padrão de visual que eu apresentava antes da transformação.

Era difícil conseguir manter ambos ao mesmo tempo, transformação e bunshin de aparência distinta, e por mais que me esforçasse, o máximo que conseguia fazer era arranjar deformações na bochecha ou fazer o clone com o rosto mais velho e do pescoço para baixo extremamente raquítico e com aspecto frágil. Eu não era nenhum especialista em transformações, mas, segundo Shin, eu conseguiria fazê-lo se me esforçasse. Por mais que tivesse evoluído nas últimas semanas, ainda sentia como se aquilo fosse demais pra mim. Como se não estivesse bom o suficiente. Tentei, no entanto, não dizer isso em voz alta. Havia prometido a mim mesmo não dizer as palavras “Não vou conseguir” durante aquele mês de treinamento. Era como um tabu. Uma barreira que eu não iria mais impor a mim mesmo. Mesmo assim, repeti aquele treinamento por mais meia hora.

Mesmo sem resultados, era um bom exercício. Conseguia sentir e recrutar bem os tenketsus, praticando tanto a liberação de energia quanto concentração. Foi aí que meu companheiro de treino reapareceu com alguns papéis em mãos, dando-me novas instruções. O genin sempre surgia com novas ideias advindas de experiências com o seu sensei, o que era empolgante e ao mesmo tempo preocupante. Nem sempre eram experiências agradáveis de se ter. Mas, dessa vez, ele havia me introduzido algo em que eu não me machucaria tanto assim.

Nunca tinha feito isso, mas, precisava correr e fazer os bunshins correndo junto a mim. Eram meras ilusões feitas com meu chakra, então precisava controlá-las de alguma maneira. Tentei dez… trinta… cinquenta vezes. Dava certo trinta por cento das vezes. As outras setenta por cento se resumiam a pequenos atrasos na caminhada, réplica se desfazendo ou a eu mesmo tropeçando por estar concentrado demais em meu fluxo de chakra e ignorando o ambiente externo. Não sabia quanto tempo havia gasto naquilo, mas só percebi que estava na hora de ir quando Shin me alertou. Me ergui, com a barriga roncando fazendo eu me dar conta da fome que tinha. Me despedi dele e parti para casa almoçar, com mais um dia de treino concluído.

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Gritei, como se estivesse de face com a morte. O vento rugia ao meu redor enquanto eu via o solo se aproximar de mim. A visão das árvores ia ficando cada vez mais detalhada e os galhos cada vez mais pontiagudos. Fechei os olhos aguardando ser esmagado quando senti um impacto na barriga, como alguém me segurando. Ouvi um bater de asas e o som estridente semelhante a de um pássaro. Mesmo assim, não abri os olhos por alguns segundos. Quando enfim tomei coragem, estava no ombro de alguém. Graças ao cabelo branco e a camisa preta de sempre pude identificar ser Shin, meu companheiro de treino e instrutor.

Gritei outra vez ao perceber que estávamos voando, surpreso com o que estava acontecendo, liberando a adrenalina contida em mim. Quando me dei conta, já estávamos na base do prédio outra vez. Era um bairro mais afastado de Kirigakure, havia um prédio enorme de observação ali, já abandonado pelas forças da vila. Agora, era apenas um oculto monumento em meio a terra e árvores. Era o lugar que Shin havia decidido me levar para que eu treinasse meu controle. Eu sempre estava acostumado a subir árvores menores, mas aquilo era diferente. Tinha pelo menos 30 metros a mais e o vento daquele horário da manhã era brutal, o que fazia com que eu perdesse o equilíbrio e acabasse em queda livre rumo à morte. Não fosse a águia eu certamente tinha sido esmagado.

Naquele momento ele havia me explicado como havia conseguido aprender aquele jutsu e como era útil ter aquele tipo de animal ao seu lado, mas que ainda não era hora para que eu me preocupasse com aquilo. E, de fato, era verdade. Era a primeira vez que tentava subir e não conseguira nem mesmo chegar a metade do prédio. Me alonguei, pedindo mais uma chance e concentrando chakra na sola dos pés. Conseguia fazê-lo mais rapidamente agora, então tentei refinar o máximo que conseguia, de maneira a ser mais eficiente. Quanto menos, mais fácil de manipular e mais difícil que eu perdesse o controle com a turbulência. Mas era o mesmo que nada.

Caíra três, dez, quinze vezes. Até conseguir chegar a metade do monumento. Pouco a pouco gritava menos, me acostumando a ser resgatado em meio ao ar e lidando melhor com o pânico da queda livre. Embora o medo da morte fosse praticamente constante, já conseguia enfrentar o vento com mais facilidade, sentindo minha corrente de energia pouco a pouco se adaptar e meus pés cederem cada vez menos a cada passo que dava.

Muitas vezes chegava a desfazer a técnica quando vinha uma ventania forte, contudo haviam oportunidades em que conseguia retomar o fluxo rápido o bastante para continuar a caminhada antes de ser puxado demais pela gravidade. Embora Shin me dissesse que eu estava me saindo bem, eu não sentia muito disso, pois conforme atingia alturas maiores em algumas tentativas, em outras deslizava muito abaixo da média. Sem dúvidas, esse até então tinha sido o treino mais longo e agoniante de todos.

Eu tentava dar uma pausa de pelo menos alguns minutos antes de tentar, mas era angustiante não conseguir fazer algo básico como a escalada. Tentei parar alguns momentos, fazendo um selo de mão e concentrando-me no meu fluxo de chakra, tentando pará-lo e reorganizá-lo, ignorando meus sentimentos e focando inteiramente na tarefa. Não era momento para ficar pensativo agora. Se quisesse obter sucesso, não seria com emoção, mas com técnica. Já haviam se passado mais de duas horas quando enfim consegui, sentando-me no topo do prédio e observando a vila por ali.

A vila da névoa era linda. Talvez a visão panorâmica dela fosse tão bela quanto apreciá-la de perto. Por mais que não fôssemos de fato livres para visitar o mundo a fora, eu amava cada centímetro daquele lugar e faria de tudo para protegê-lo. Com um suspiro, tentei descer usando o mesmo jutsu de escalada, escorregando e sendo pego mais uma vez por Shin antes que eu tivesse danos sérios. O treino de hoje estava acabado, mas eu tinha uma leve impressão que havia descoberto o que teria de fazer no dia seguinte. O que me deu ainda mais calafrios. Acreditando ter tido estímulos suficientes, fui para casa descansar.

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Minha intuição no dia anterior havia sido correta. Mas ao menos dessa vez Shin me deu o detalhes do treinamento. O genin sentou-se ao lado da sua águia e agora eu tive tempo de examiná-la melhor. Era um pássaro gigante o bastante para carregar uma pessoa, mas fora forte o suficiente para voar com nós dois. Tinha um desenho negro em torno dos olhos e bico dourado. Sua penagem era amarronzada e bonita, enquanto seu rosto esbanjava elegância. Era um animal lindo, o que me fez invejá-lo por conseguir invocar algo daquele jeito.

- Você já consegue subir isso aqui. Precisa conseguir descer também. A gravidade vai estar forçando de outro ângulo, o que vai te atrapalhar tanto quanto ontem. Mas quando conseguir isso. Vai estar pronto – Pronto? Perguntei a mim mesmo. Não falei nada a ele, mas enquanto tentava escalar eu refletia a respeito disso. Eu não me sentia nada pronto. Mesmo que conseguisse caminhar por ali, não achava que estava forte o bastante para me equivaler a Shin ou até mesmo para lutar contra Suyoshi. Eu precisava ficar cada vez mais forte e não seria aquilo que viraria o jogo para mim.

Como? Se nem isso você consegue. disse a mim mesmo, compreendendo que minhas preocupações estavam erradas. Caí pelo menos 20 vezes até conseguir atingir o topo mais uma vez. Fora um exercício difícil, mas havia pelo menos demorado muito menos comparado ao dia anterior. Havia pego o jeito. Contudo, tentar descer foi literalmente se jogar. Não conseguira dar nem mesmo um passo firme antes de conseguir me sustentar. O vento rugiu e eu fui jogado para as árvores, não fosse a rapidez da águia, eu teria virado espetinho de Dragon. Mesmo diante da agonia, tentava manter-me são e acalmar meu chakra, fazendo o mesmo ritual de concentrá-lo nos pés e afiná-lo antes de voltar a escalar. Vez ou outra retirava o fluxo de chakra em meio a subida e o colocava novamente, tentando retomá-lo rapidamente antes que caísse. O que rendeu boas quedas, mas um bom exercício tambeḿ.

Meu corpo começava a fazê-lo no automático. Iniciava uma corrida da base do prédio até o topo, vez ou outra conseguindo finalizá-la sem ter que cair, parando algumas vezes quando a ventania atrapalhava e retomando. Na descida passei a tomar mais cautela, conseguindo me sustentar vez ou outra. Demorou bons minutos e uma quantidade expressiva de tentativas a ponto da própria águia e Shin ficarem tão entediados quanto eu estava cansado. Nas pausas que eu solicitava em média a cada dez minutos, eu parava para me autoexaminar outra vez. Sentia a energia transitar entre cada membro do meu corpo e liberava ela da mesma maneira que fazia com os pés tanto na escalada quanto no shunshin. Não era nenhum tipo de técnica diferenciada e mal tinha qualquer serventia senão exercitar minha própria criatividade e fluxo de chakra. Era um passatempo para me relaxar diante das constantes falhas. Tinha de lutar contra minha própria autoestima para acreditar que conseguiria executar aquele treinamento com sucesso.

Vez ou outra Shin gritava alguns conselhos para mim, lembrando-me do que tinha feito em treinamentos anteriores. Coisas que eu não conseguia compreender, mas era como se inconscientemente eu entendesse a mensagem e tentasse replicar, conseguindo ascender ou descer ainda mais metros sem perder o foco. Quando enfim consegui realizar a subida e a descida consecutivamente sem deslizar, demos o treino por encerrado. Me despedi do meu companheiro com um até logo e saí com pressa. Faltava ainda pouco mais de uma semana para finalizar o mês do programa de treinamento. Não entendia como poderia estar "pronto" daquela forma. Só iria repetir tudo que ele havia me passado durante os próximos dias? Seria isso realmente o suficiente? Não duvidava da minha evolução. De fato, sentia que poderia fazer muito mais coisas quando dominasse técnicas mais poderosas. Mas ainda assim... Deixei as dúvidas para outro momento. Estava suado, cansado e faminto. Meu pai provavelmente estaria me esperando com uma boa e velha latinha de refrigerante. A passos largos, saí.

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Dessa vez, eu realmente pensei que morreria. Estávamos no alto do mesmo prédio que eu teria usado para praticar a escalada. Observamos a vista por alguns minutos, conversando sobre o clima e como havia sido o café da manhã com meu pai e os pais de Shin. Meu parceiro de treino estava com uma feição tensa no rosto a qual pude perceber mesmo que ele a negasse com um sorriso. Quando perguntei qual seria o treinamento ele se recusou a me explicar em detalhes. Apenas pegou a mesma corrente que usávamos para treinar o escape e a amarrou em meus braços.

A adrenalina correu quando ele me empurrou. Sentado, comecei a deslizar ao lado do prédio, indo de encontro ao solo. Não havia águia. Não havia ajuda. Instintivamente concentrei o chakra na sola dos pés e a agonia em instantes foi sufocante. Meu fluxo de chakra se atrapalhou e eu esbranqueci quando percebi o risco real daquilo. Coloquei os pés, sentindo-os deslizar e forcei o máximo que pude, conseguindo parar ao que seria menos de meio metro do solo, ficando de pé no edifício. De olhos arregalados, tentei respirar fundo. Meu coração martelava no peito e nesse instante meu fluxo de chakra se atrapalhou, fazendo com que eu liberasse energia demais e fosse jogado para frente, agora a uma altura que ao menos eu não pude me machucar.

Parei, encarando o solo ofegante. Liberando-me das correntes em alguns segundos e me permitindo me erguer com os braços. Não pude xingar Shin ou falar qualquer coisa. Tive de me conter para não vomitar o café da manhã ali mesmo. Quando enfim me acalmei, me pus de volta ao alto do lugar, escalando-o com uma corrida trêmula. De volta ao mesmo lugar, me sentei, encarando-o com uma expressão vazia. Eu queria dizer que quase tinha morrido. Mas eu não morri. Havia entendido e aceitado os riscos desse treinamento desde o começo. Mas nos últimos dias tinha enfrentado situações em que minha própria vida estava em jogo devido aos erros. Era demais pra mim. Mas meu orgulho se recusou a deixar isso ser expelido em palavras.

Era aquele meu limite? Eu sempre quis ser um ninja e não podia temer nem mesmo a morte. Mas eu ainda era humano. Ainda tinha de lidar com esse tipo de medo. Me faltava experiência e coragem e não seria o tempo que me daria esse tipo de coisa. Fiquei estático enquanto ele me prendia novamente. Era loucura. Simplesmente loucura. Quis aceitar aquela insanidade, esperando que ao final eu fosse amadurecer, mas tudo que podia pensar era em quanto meu pai iria sofrer se eu acabasse ali, daquele jeito. Eu não seria nada mais do que uma decepção para Yonkai e Suyoshi. Um companheiro de time que não passou de um genin executando tarefas comuns dentro da vila. Deslizei duas, quatro, dez vezes. Vomitei em uma delas, mas não parei por aí.

Pouco a pouco o pânico virou ódio. Ódio de minha própria impotência. Lembrei-me do meu irmão e a idiotice dele em virar ninja patife abandonando a vila e nossa família. Precisava ser forte para pará-lo e se não conseguisse lidar com algo básico como a gravidade, não seria digno de trazê-lo de volta. Me forcei a aceitar aquilo, mas, quando menos esperava, estava chorando. Já havia se passado mais de uma hora e meia, mas eu me esgueirei para o canto, me escondendo de Shin e deixando as emoções saírem. Não era só o simples medo de cair. Mas aquilo tinha ativado algo em mim que a muito não deixava sair. Todo o medo de ser fraco e toda a pressão que dava a mim mesmo. Temia ser só um peso para o meu time ou que fosse a decepção do meu pai. Meu sorriso, pouco a pouco, passava a ser só uma das muitas coisas em mim que tinha vergonha.

Não via o potencial de um prodígio, mas tentava compensar ao máximo com meu esforço todos os dias. Engoli em seco, guardando aquilo de volta para mim e tentando me recompor. Shin com certeza havia notado, mas não me perguntou nada. Por mais que confiasse nele, eu acho que também não falaria nada. Foi como ter tirado um grande peso das costas. Logo conseguia me recompor antes da metade da altura do prédio e me soltar das correntes logo em seguida. Exigia muito de mim, pois precisava concentrar chakra tanto nos pés quanto nos braços, mas na medida correta. Era como misturar dois dos piores treinamentos e a pressão da queda livre ao mesmo tempo. Quando já começava a perder performance devido ao cansaço concordamos em parar por ali. Quando ia embora, ele me prometeu uma surpresa no dia seguinte. Disse que eu já estava pronto e ele só precisava confirmar isso hoje. Pedi perdão por ser emotivo e falei que era por conta de outras coisas passando pela minha cabeça, mas ele não se importou. Com os exercícios de hoje encerrado, iniciei a caminhada até minha casa.

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- Olá! - Cumprimentou-me um homem mais velho sentado no local onde marquei o treinamento com Shin. No entanto, não havia qualquer sinal do genin pela área de treinamento. O indivíduo que ali estava tinha um colete de uso comum dos shinobi de mais alta patente e uma bandana de kirigakure amarrada no braço, sinal que também era um ninja. Apesar de ter uma expressão simples, ele exalava um ar de superioridade, talvez ainda maior do que os professores da academia. Seus braços eram ainda mais fortes que os de Suyoshi. Seu cabelo caía até o queixo enquanto sua pele amarelada tinha cicatrizes de mesma intensidade que as de Shin, mas em quantidade muito maior, distribuídas praticamente por todas as brechas as quais pude notar em suas vestimentas.

Quando ele se apresentou, descobri de quem se tratava. Aquele era Hitorima, o professor do meu instrutor e o autor de todos os exercícios torturantes o qual tive que passar. Contive minha raiva, afinal, não era do meu feitio ser tão explosivo, mas não tinha muita vontade de dialogar com ele. Até porque com certeza haviam diversos outros meios de me ajudar a controlar melhor meu chakra. Se ele optou por fazer daquelas maneiras, com certeza era um velho sádico e eu não pretendia me aproximar nem um pouco dele.

- Vejo que você tem potencial – Começou, desaparecendo da minha visão em questão de segundos – Mas ainda é muito imaturo – A voz agora estava extremamente próxima e atrás de mim. Pude sentir sua respiração no meu ombro, como se ele estivesse quase que colado a minha orelha. Quando tentei me virar para enxergá-lo, ele já não estava mais lá. Me perguntei como era possível ser tão rápido. Não conseguia sentir, ver ou ouvir qualquer tipo de movimento. Sequer haviam pegadas firmes na terra para localizá-lo. Ao voltar o rosto, ele estava lá de novo. Na mesma posição que anteriormente. Ele tinha feito shunshins tão rápido assim? Ou teria usado o Kakuremino para se camuflar e combinado com alguma ilusão? Quando olhei para baixo, minha mão tremia. Era como se meu corpo implorasse para que eu saísse dali. Aquele homem, embora parecesse não querer me matar, me deixava aterrorizado de alguma maneira. Passamos quase um minuto sem dizer nada um ao outro e eu só me sentia patético por estar paralisado daquela maneira.

- Ontem eu estava aqui. Ele não ia deixar você morrer – Confessou, fazendo-me lembrar de Shin me jogando do alto do prédio para que eu me recuperasse a tempo. Não sabia se sentia alívio, raiva por ele não ter me dito ou simplesmente confusão. Não havia ninguém ali por perto naquele momento. Ele era tão sorrateiro assim? Ele se ergueu, entregando-me um papel e pedindo para que eu concentrasse chakra nele. Para mim não fazia sentido algum, até que eu o fiz. A folha se dividiu em dois, como se uma lâmina fina e precisa a cortasse bem no meio, logo em seguida começou a balançar, como se quisesse fazer um movimento circular. Hitorima sussurrou uma palavra que eu havia lido em um dos diários da minha mãe. Algo que eu não entendia bem ao certo ao menos até aquele dia.

- Taiton. É curioso. Eu nunca tinha visto antes, mas é como se fosse uma evolução sutil do fuuton. Você, Dragon, tem a liberação do tufão – Concluiu, como se aquilo explicasse tudo. Quando notou que eu nada compreendia, iniciou a explicação a respeito dos elementos e como eles interferiam nos jutsus. Não era algo que ensinavam bem na academia ninja e, se tivessem comentado, eu não tinha prestado tanta atenção assim. Mesmo assim, era fácil de compreender. Queria eu que tivesse sido tão simples de praticar.

Em questão de minutos ele me colocou para fazer aquele mesmo tipo de corte, mas não em um papel como aqueles, mas em uma folha de uma árvore. Senti-me um idiota por um longo tempo. Tentava concentrar chakra na palma da mão, mas era como se todo o treinamento até então tivesse sido em vão. Não obtinha resultado algum. Ele me explicava algumas coisas ao passo que eu tentava e eu me perguntei desde quando havíamos concordado em treinar juntos. Mas decidi aceitar calado. Estava curioso demais. Tudo que havia lido era que minha mãe usava algumas técnicas com o Taiton, talvez por isso eu tivesse o herdado. Mesmo assim, eu pensava até então que era apenas um jutsu comum, sem essa divisão elemental ou coisa do tipo. Independente disso, cortar a folha era definitivamente impossível. Tentei reiniciar meu fluxo de chakra incontáveis vezes pelo que pareceram horas.

Conseguia liberá-lo na palma da mão, mas era como se cortar uma folha fosse completamente diferente do que escalar ou criar bunshins. As falhas eram imperceptíveis ou inaudíveis, a ponto de eu não entender o que estava fazendo de errado e apenas me deparasse com a folha no exato estado que havia a encontrado. Algumas vezes chegava a esmagar ela com as próprias mãos devido a ansiedade de conseguir. Mas era honesto comigo e com o professor e apenas pegava outra na árvore mais próxima e prosseguia novamente. Precisava extrair uma outra característica individual da minha própria energia, mas era como aprender algo que nunca tivera contato antes. Segundo ele, eu não estaria desenvolvendo nenhuma técnica com aquilo, mas aprendendo mais variações da minha própria energia, o que estaria intimamente ligado ao controle de chakra.

Parei para meditar algumas vezes, como de costume. Sempre tentava imaginar os canais dos tenketsus como o brilho azul de sempre, mas, dessa vez, idealizei uma brisa suave. Quando coloquei a folha entre as mãos outra vez, imaginei essa brisa se transformando em um vendaval e agressivamente sendo liberada do meu corpo. Explorei ao máximo tudo que eu tinha aprendido até então e, quando me dei conta, a folha tinha um pequeno corte em sua estrutura. Segundo ele, não era tão comum ter resultados em um único dia, mesmo após horas de tentativa. Talvez sorte, talvez meu dom natural devido ao Taiton. Quando vi que já era hora de voltar para casa nos despedimos. Prometi a mim mesmo que leria naquela noite tudo que conseguisse sobre a minha mãe e sobre elementos. Faltava uma semana para o fim do treinamento e agora eu tinha a sensação de que conseguiria usar meu controle de chakra para outra coisa que não técnicas básicas.

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Dois dias. Foi o tempo que eu precisei para conseguir acertar todas as tentativas de cortar as folhas com o estímulo do meu próprio chakra. Não se tratava de colocar mais ou menos chakra, e sim de utilizar a outra face dele. Era como se eu estivesse nos últimos anos aprendendo a andar mais rápido ou mais devagar em uma linha reta e agora entendesse que eu posso controlar em uma outra direção. A sensação que eu tinha era de agora entender o porquê de todo aquele esforço nos treinamentos. Eu sabia que se não tivesse amadurecido o meu controle de chakra, dificilmente conseguiria fazer aquele tipo de coisa tão rápido assim. Talvez demorasse meses até conseguir fazê-lo da maneira correta. A essa altura, no entanto, estava pronto para aprender jutsus com o elemento ar de complexidade variada.

O exercício que fiz foi entender essa outra propriedade da minha energia com a meditação. Meu objetivo não era aumentar o poder dos meus ninjutsus, mas aprimorar minha concentração. Tentei aplicar os mesmos fundamentos lapidados com as técnicas básicas agora com o ninjutsu elemental. Eu demorava cerca de vinte a trinta segundos para conseguir fazer o primeiro arranhão na superfície da folha. Contudo, eu sabia que estava tentando fazer aquilo com um desperdício muito grande. Esse tipo de instinto havia se desenvolvido em mim no decorrer das últimas semanas e agora eu entendia ao menos balizar quando estava me excedendo e o quanto poderia economizar de chakra disperso pelos tenketsus. E assim o fiz.

Tentei cortar as folhas mais rapidamente, tentando gastar tanto menos tempo quanto menos de energia para isso. A princípio, o efeito fora inverso. Por usar menos de chakra eu acabava demorando ainda mais. Tardou mais de quarenta minutos de tentativas até montar uma pequena pilha logo abaixo dos meus pés. Hitorima-sensei saía para buscar mais folhas e voltava com uma mão cheia delas, me auxiliando com um sorriso no rosto. Cada vez que eu tentava encará-lo meu fluxo de chakra se bagunçava e eu demorava para tentar assimilar novamente o mesmo grau de controle. Não conseguia explicar aquilo, mas ele me intimidava com o mero olhar. Mesmo assim, estava grato por ele estar me auxiliando. Não era o seu papel, de fato. O instrutor do meu time era outro e ele só estava ali talvez a pedido de Shin. Tentei puxar esse assunto com ele a medida que continuava a praticar, afinal, não poderia parar se quisesse ter resultados. Quando ouvi a resposta, o corte da folha se projetou quase que instantaneamente, em uma explosão de surpresa minha.

- O senhor é… pai do Shin? - Arregalei os olhos, lembrando-me das histórias que ele me contava. Ele nunca dava detalhes, mas falava que seu pai era muito pegajoso com ele e que muitas vezes ele preferia manter a distância e a formalidade para não ter que passar vergonha em público. O que realmente explicava o motivo dele não ter aparecido mais. Mesmo assim, ele nunca me dava detalhes sobre quem ele era ou o que fazia. Além disso, ele sempre se referia a ele como seu professor e não como parente. Por mais que estivesse surpreso, meus instintos estavam trabalhando em outra coisa. Não pude deixar de sentir uma pitada de excitação quando a explosão de chakra veio. Era como um sinal divino, uma dica de ouro. Pude perceber qual seria a quantidade ideal e em que medida.

Havia me esquecido de minha própria teoria. Ninjutsu comum e ninjutsu elemental são basicamente idênticos, mas exploram qualidades diferentes do chakra. Logo, a energia é liberada pelo mesmo lugar, mas de maneira diferente. Não só em forma, como em quantidade. Eu estava tentando me balizar da mesma maneira que usava as técnicas da academia e é por isso que demorava tanto. Refiz o caminho do meu chakra, me concentrando por alguns instantes antes de iniciar. Imaginei como se fosse um só com o vento e meu chakra pudesse moldar qualquer coisa que eu desejasse. Me tornei íntimo com meu próprio elemento, como se fosse uma extensão do meu corpo. Da mesma forma que estavam dispostos nas anotações da minha mãe. Quando fechei a mão em torno da folha, ouvi o crack e lá estava o corte.

Dei um suspiro de alívio. No fundo estava feliz. Não só aprendera a explorar de diferentes maneiras a minha energia, como também a fazê-lo das maneiras mais eficientes que conseguia. Talvez não só por conta de estar entendendo ninjutsu elemental. Mais que isso, todas as tentativas de controlar meu chakra me fortaleciam e gradativamente me faziam ficar melhor e ainda mais rápido. Todas as horas investidas até então tinham sido de igual importância. Era como se agora me sentisse cada vez mais próximo de Shin. Com o treino de hoje finalizado, agradeci ao Hitorima-sensei e prometi que o encontraria no dia seguinte naquele mesmo horário. Faltavam dois dias para o fim do mês.

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A kunai passou ao lado do meu rosto, centímetros do que seria um golpe fatal. O clone se desfez logo a frente, como se engolido pela minha própria agonia. Fiquei de joelhos, sentindo-me cansado daquela dança. Shin recuou, balançando seus cabelos brancos com as mãos enquanto a outra permanecia encostando o cabo da kunai em sua camiseta preta de praxe. A bandana estava amarrada em seu pescoço como sempre, mas sua expressão mais acima era de frieza, como se não fôssemos conhecidos. De fato, eu não esperava que ele fosse tão gentil comigo. Afinal estávamos em um combate. Mais adiante, Hitomari-sensei, seu pai e nosso mentor, observava tudo, contando as pontuações ao longe. Eu estava perdendo por dez pontos.

Não era um confronto direto. Embora estivéssemos portando kunais e equipamentos ninja, ferir seu oponente contava como ponto negativo. O nosso objetivo era ver qual tinha o melhor controle de chakra. Isso incluía não só quem executava os jutsus com mais rapidez, como também quem consegue manter a calma e executar os ninjutsus no tempo e espaço correto. A ideia era sempre manter um bunshin, henge ou algo visível para o professor. Sempre que acontecia algo como alguma deformação ou desaparecimento, era contado como vitória do outro.

O modo de vencer era simples: atrapalhar seu oponente o máximo que conseguir e fazê-lo perder a concentração. Aquele tipo de exercício era brutal. Minha mente e corpo não tiveram descanso em momento algum e já estávamos a pelo menos vinte minutos naquilo. Me perguntei se haveria realmente um fim senão a desistência do outro. Prosseguimos.

Mantive um bunshin meu ali e me pus a tentar acertá-lo com a kunai, recuando a lâmina antes de atingi-lo, mas ele já não se importava mais. Conseguia ler e prever meus movimentos. Já eu me surpreendia constantemente com as suas investidas. Lutei contra mim mesmo para continuar mantendo o fluxo de chakra calmo e a ilusão fixa. Não precisava fazer minha réplica correr ou realizar qualquer movimento. Só existir. Mas bastou um chute dele que nem mesmo encostou na minha barriga para que a técnica se desfizesse. Gritei de raiva. Estava tão acostumado a apanhar de Shin nos nossos treinamentos que havia acostumado meu próprio corpo a ser acertado por ele. Era como se já esperasse pelo resultado e a reação ocorresse. Ele, por outro lado, tinha um autocontrole invejável.

Segundo o professor, estávamos em cento e trinta e oito a cento e quarenta e oito. Sempre numa diferença de dez pontos. Quando eu conseguia fazer dois pontos seguidos vibrava, mas a felicidade se esvaia com a mesma rapidez. Afinal, os próximos quatro rounds eram inteiramente deles. Era como se ele conseguisse abrir uma vantagem muito maior do que aquela, mas permanecesse assim simplesmente por gostar do número. Praguejei, sentindo que precisava abrir vantagem de alguma maneira. Já estava exausto por si só e sabia que mesmo sem qualquer surpresa não conseguiria nem mesmo manter o clone em seu estado perfeito. Foi aí que surgiu uma ideia. Surpreendê-lo com ataques não era o único modo. Lembrei-me da senhorita de uma missão passada, de semblante raivoso e assustador devido ao sumiço do seu gatinho.

Fiz um selo de mão e esforçando-me ao máximo me transformei. Quando a fumaça se esvaiu, vi a surpresa em seu rosto. Ao lado, o bunshin do meu oponente tremeluziu. O bastante para contar pontuação para mim. Foi a primeira vez que fiz tantos pontos seguidos. Iniciei uma sequência de transformações, usando o Henge para me transformar em rostos essencialmente deformados ou aterrorizantes. Por último, quando estávamos empatados, me transformei no próprio sensei, o que o fez tremer um pouco. Sabia que era maldade, pois entendia o motivo dele não gostar de estar presente junto a seu pai, mas mesmo assim eu precisava vencer e me mostrar capaz.

O combate se deu encerrado como vitória minha quando ele desistiu e partiu. Fiquei tentado a pedir para ele esperar, afinal, eu não era tão insensível assim. Mas achei melhor deixá-lo ir. Pedir desculpas pelo menos por agora não seria efetivo. Além disso, eu estava cansado demais para raciocinar direito. Só iria piorar as coisas. Respirei fundo, agradecendo ao professor e partindo para casa. Sequer tive tempo para jantar direito. A primeira coisa que fiz quando cheguei em meu quarto foi desabar na cama, completamente destruído depois do treinamento de hoje.

Tatsuki Dragon 100/100 | HP 200/200 | CH 325/325

Considerações:

ícone : Mensagens : 387 Data de inscrição : 15/03/2021

Shin não estava lá quando eu fui para o treino do último dia. Talvez por eu ter usado um dos seus traumas na luta para obter uma vantagem, ele ainda não me respondia e eu não conseguia encontrá-lo. O mês tinha sido sofrido e eu havia investido muitas horas de estudo e treinamento. De fato, eu não era mais o mesmo Dragon que treinava sozinho. Era como se estivesse no auge do controle do meu próprio corpo. Não só havia entendido alguns fundamentos sobre como funcionava o controle de chakra em ninjutsus elementais, como havia incrementado ele em ninjutsus comuns, conseguindo balizar qual o melhor tenketsu e qual a melhor dosagem para liberar a técnica que eu entendesse. Mesmo diante de situações de pressão e perigo iminente, agora conseguia me recuperar com mais facilidade, explorando as minhas reservas de maneira eficiente. Ainda assim, faltava consertar algumas imperfeições.

Aquele foi o dia de repetir os treinos feitos desde o dia um até hoje. Na presença de Hitorima-sensei, gastei pelo menos dez minutos em cada um deles, atentando-me a sensação do chakra transbordando pelo meu corpo e observando a luz azul deixar minha pele e formar correntes visíveis na sua liberação pura. Da mesma forma que era feito para andar sobre as águas ou escalar superfícies. O professor concordava, como se notasse que eu havia feito da maneira correta e se surpreendendo com a quantidade que eu exalava do meu corpo, como se eu tivesse nascido com um dom para isso. Não liguei para o que ele dizia. Não por não gostar de ser elogiado, mas por estar concentrado em atingir o melhor nível possível para auxiliar meus companheiros. Atentei-me para o fluxo de energia, percebendo que realmente havia melhorado exponencialmente. O tempo de liberação e concentração era cada vez menor e sabia que, quando aprendesse técnicas avançadas, conseguiria me regular para que o gasto fosse mínimo. Aproveitei aquele último dia para praticamente me relembrar de tudo que havia aprendido e praticar tudo outra vez.

Testei todas as técnicas básicas do arsenal de um genin, desde escalada de árvores, saltos com o shunshin, transformações, clones ilusórios e, enfim, notando a diferença da minha performance em comparação ao começo. Senti-me contente. Extremamente satisfeito comigo mesmo, mas, ao mesmo tempo, culpado. A pessoa que havia me instruído nisso não estava ali devido a um erro meu em tomar vantagem dele, coisa que, embora no momento eu tenha feito sem tanta relutância, agora eu me sentia mal por tê-lo feito. Prometi a mim mesmo que iria atrás dele, mas não foi necessário. Hitorima-sensei se afastou quando Shin chegou, talvez entendendo que era o tipo de coisa que o seu filho pediria.

Eu permaneci sentado. Meditando e ignorando o ambiente externo, focando no mesmo exercício de transitar chakra dos pés aos membros e dos membros até a nuca, de maneira a entender em quais tenketsus eu ainda tinha dificuldade em explorar. Quais regiões eram deficientes. Tentei exercitá-las o máximo que pude e logo notei que Shin estava de frente para mim, sentado na mesma posição. Pude ver uma fina camada de chakra se acumular nos seus pés e desaparecer. Soube que ele estava fazendo o mesmo que eu. Dei um sorriso de canto, mas nada disse. Não precisava. Eu já havia conversado com ele sobre como eu me sentia um cara um tanto desprezível as vezes e que quase sempre me perguntava se eu estava fazendo o certo. Mesmo sem nada contar ao outro, ele soube que eu me desculpava e eu entendi que ele havia aceito as desculpas.

Passamos mais de uma hora nesse estado, o que me deu uma boa câimbra no momento que quis me levantar. Contudo, naquele momento, eu soube que meu treinamento havia acabado. Me ajoelhei, agradecendo pai e filho pelo que tinham feito comigo. Eu tinha muitos defeitos, mas ingratidão jamais seria um deles. Precisava exaltá-los e prometi recompensá-los um dia. Eles apenas sorriram, dizendo para pagar-lhes um ramen qualquer dia desses. E um dia eu o faria. Foi assim a história de como ganhei um amigo e como concluí o meu programa de treinamento.

Tatsuki Dragon 100/100 | HP 200/200 | CH 325/325

Considerações:

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Dragon

Pedido

Em seu pedido o link que direcionava para o seu treino não estava linkável, por favor, atente-se a isso da próxima vez de modo a facilitar o nosso serviço!

Treino de Controle de Chakra I

AVALIAÇÃO. Você costumar repetir a mesma palavra num mesmo parágrafos várias vezes, isso torna a leitura cansativa, então fica a dica para se lembrar de usar sinônimos. Fora isso, seu treino foi bem interessante, além de enorme (Pelo visto se empolgou, hein Dragon *risos*) Felizmente, o seu treino de hoje serviu para mostrar que houve uma evolução desde a última vez que avaliei um treino seu, fico feliz por isso. Como motivador, te darei um bônus para que continue melhorando, só não se acostume com essas regalias! :3

RESULTADO.
+2% em controle de Chakra
Bônus semana de controle de Chakra
+1% em Ninjutsu
Bônus da avaliadora.

Treino de Controle de Chakra II

AVALIAÇÃO. Ótima narrativa, continue assim.

RESULTADO.
+2% em controle de Chakra
Bônus semana de controle de Chakra

Treino de Controle de Chakra III

AVALIAÇÃO. Gosto de como aplicou as emoções do personagem sobre os riscos de escaladas e seus receios durante a narrativa, continue assim!

RESULTADO.
+2% em controle de Chakra
Bônus semana de controle de Chakra

Treino de Controle de Chakra IV

AVALIAÇÃO. Boa narrativa, Dragon! Farei uma pausa por agora, pois me encontro um cado cansada, porém, logo mais, avaliarei os seus outros treinos.

RESULTADO.
+2% em controle de Chakra
Bônus semana de controle de Chakra

ícone : Mensagens : 39 Data de inscrição : 17/03/2021

Dragon

Treino de Controle de Chakra V

AVALIAÇÃO. Curti a narrativa, parabéns Dragon!

RESULTADO.
+2% em controle de Chakra
Bônus semana de controle de Chakra

Treino de Controle de Chakra VI

AVALIAÇÃO. Ótima narrativa, continue assim.

RESULTADO.
+2% em controle de Chakra
Bônus semana de controle de Chakra
+1% em Ninjutsu
Bônus da avaliadora.

Treino de Controle de Chakra VII

RESULTADO.
+2% em controle de Chakra
Bônus semana de controle de Chakra

Treino de Controle de Chakra VIII

RESULTADO.
+2% em controle de Chakra
Bônus semana de controle de Chakra

Treino de Controle de Chakra IX
Acrescentado dia 29/03

DESCULPAS. Ultimamente tem sido bem difícil e eu acabei pulando seu ultimo treino. Mil perdões, Dragon. Continue melhorando suas narrativas, está no caminho certo
RESULTADO.
+2% em controle de Chakra
Bônus semana de controle de Chakra

ícone : Mensagens : 387 Data de inscrição : 15/03/2021

Respirei fundo, sentindo os músculos doloridos já de tanto saltar de um lado ao outro. O senhor Kai, dono do dojo, dava ordens para que eu não parasse e, embora eu odiasse levar seus sermões, dessa vez não pude evitar uma pausa. Sentei-me na bancada no canto da sala e observei os outros alunos correndo um atrás do outro em uma brincadeira de pega pega com kunais de borracha. A ponta da arma de brinquedo estava pintada em vermelho, de maneira a sujar a roupa de quem a atingisse. O objetivo da atividade era esquivar-se de todos os ninjas com saltos, rolamentos e o que quer que você pensasse naquele instante. Mesmo assim, eu não era tão bom nisso.

Eu tinha atingido um nível excelente em controle de chakra com meu treinamento e até tinha melhorado minha velocidade de execução dos selos de mão. Mas fazer tantas acrobacias ao mesmo tempo era dificultoso. Eu sempre gostara de brincadeiras assim, desde criança. Contudo, agora começava a ver uma utilidade bélica naquilo. Temi ficar obcecado demais com minha busca por poder e acabar esquecendo de viver. Respirei fundo, voltando-me para o proprietário do local que até então não havia parado de falar. Assenti com a cabeça depois que concluiu sua ladainha a respeito de como eu era mais lento do que a sua avó e voltei ao tatame, pronto para continuar.

Estiquei uma das pernas, realizando um salto e saindo do trajeto de duas crianças sedentas para pintar minha calça. Notei o encostar de uma das kunais na minha panturrilha e notei que precisava fazer de algum jeito diferente. Busquei então ser um pouco mais ligeiro em meus movimentos, retornando os membros inferiores para perto de mim o mais rápido possível, passando a usar os braços para compensar a redução no impulso. Tive de alternar entre saltos e rolamentos, pois vinham ataques de todas as direções. Era como enfrentar uma creche inteira. Eram cinco meninos que faziam uma pressão de uma dezena encima de mim, talvez devido a minha inexperiência.

Passei a estudar melhor sua movimentação, me adaptando a todos eles mais facilmente. Tinham cerca de nove a quatorze anos e, segundo as ordens do seu sensei, não poderiam vir para cima de mim em um número maior que dois de uma vez, o que sempre gerava uma briga sobre qual viria em seguida, me dando a oportunidade de correr alguns metros e retomar o fôlego. Além dos que ali estavam, haviam mais três substitutos que entravam quando o restante se cansava, o que me permitiu ficar praticamente quarenta minutos incluindo as pausas praticando os meus movimentos. Minha motivação não era ser um ginasta ou só passar um tempo com as crianças. Havia martelado na minha cabeça a dificuldade que tinha em lidar com Suyoshi e o quanto seria difícil nos próximos treinos lidar com ele e Yonkai simultaneamente.

Pior que isso, quando começasse a sair em missões ainda mais difíceis, precisava ser muito mais habilidoso em meus reflexos se não quisesse ficar como aqueles rostos tristes no hospital que eu havia visto em uma das missões passadas. Entre agachamentos e esquivas, busquei transformar o plástico daquelas armas em metal puro, como se cada golpe tivesse potencial de me debilitar. Não fiquei acanhado de pedir para fazer um intervalo de dois ou três minutos quando me vi sobrecarregado. Era tempo suficiente para que eu esvaziasse a mente e não perdesse o foco do meu objetivo naquela tarde. Mesmo assim, ao final do treinamento estava com tantas manchas quanto algueḿ que havia pego uma doença contagiosa. Respirei fundo, aceitando aquilo como o primeiro passo para conseguir aprimorar minhas habilidades e agradeci ao senhor Kai, prometendo que voltaria ali mais vezes e recebendo dele um caloroso “Não morra antes” como conselho.

Tatsuki Dragon HP 230/230 | CH 355/355

Considerações:

Re: [Treinos] Como treinar seu Dragon